Um fluido é uma substância que se deforma continuamente quando submetida a uma tensão de cisalhamento, e em um automóvel existem de vários tipos: óleo lubrificante, líquido de arrefecimento, limpador de vidro, combustível, gases do sistema de exaustão e até o próprio ar, que é respirado pelos ocupantes e também participa da queima do combustível. Muitos vem acompanhados de filtros, para reter impurezas e partículas sólidas. Veja um pouco do funcionamento e dos cuidados que deve ter com cada sistema.
O óleo lubrificante tem várias funções: reduzir o atrito e limitar o desgaste das peças em movimento no motor, resfriar o motor, proteger contra corrosão, facilitar o movimento das peças, otimizar o consumo de combustível, etc. A troca do óleo permite eliminar as impurezas que se acumulam durante o funcionamento do motor. Os filtros atuam no sentido de remover as impurezas, por isso também devem ser substituídos na troca de óleo.
A verificação do nível do óleo do motor deve ser feito com o carro parado há mais de cinco minutos (para que não aconteça um erro de leitura). Não é válido observar a qualidade do óleo pela sua cor. Também é normal aparecer um óleo mais escuro no fundo do cárter, onde a ponta da vareta de verificação de nível atinge.
Existem várias classificações para facilitar a escolha do lubrificante correto para veículos automotivos, sendo as principais SAE e API. A SAE classifica os óleos lubrificantes pela sua viscosidade – quanto maior este número, mais viscoso – e são divididos em três categorias: de verão, de inverno (com W depois do número) e multiviscosos (com W entre os dois números). Por exemplo, um óleo multigrau SAE 20W40 se comporta a baixa temperatura como um óleo 20W reduzindo o desgaste na partida do motor ainda frio e em alta temperatura se comporta como um óleo SAE 40. Já a classificação API baseia-se em níveis de desempenho dos óleos lubrificantes utilizando duas letras: a primeira indica o tipo de combustível do motor e a segunda o tipo de serviço. Deve-se verificar no manual do carro o tipo do óleo adequado.
O óleo especificado pelo fabricante já tem todos os aditivos necessários para o bom funcionamento do motor. A limpeza interna com aditivos só é recomendada quando houver algum tipo de contaminação ou quando o motorista se esqueceu de fazer as trocas de óleo no prazo certo. Quem colocou combustível adulterado ou roda em estradas de terra precisa se preocupar em fazer a descontaminação do motor.
O cárter, é onde fica depositado o óleo do motor, cuja bomba de óleo suga-o para cima com a função de lubrificar – é uma peça acoplada ao motor por parafusos, separado por uma junta (junta de cárter), para possíveis manutenções. O bujão, é um parafuso que serve como tampa que fica no cárter para escoar o óleo, nas trocas.
Nível do óleo da caixa do câmbio (trocar a cada 50 mil km)
Seu nível deve ser checado a cada revisão. De modo geral, a troca é aconselhada a cada 50 mil quilômetros (ou até mais, se for câmbio manual). Veja nesse link como verificar o nível do óleo do câmbio (sua troca é bem parecida com a do óleo do motor).
Nível do líquido de freio (trocar a cada 40 mil km ou 2 anos)
O fluido de freio é um líquido incompressível canalizado pelo cilindro de comando, que permite transmitir às quatro rodas o esforço exercido sobre o pedal do freio. Geralmente há um aviso no painel que indica quando seu nível está muito baixo. Caso ele esteja baixo, pode ser fruto de um vazamento ou um indício de que a pastilha precisa ser trocada – conforme a pastilha se desgasta, o óleo de freio tem que aproximá-lo do disco, fazendo o nível diminuir um pouquinho. O óleo absorve umidade quando está muito usado, podendo ocasionar perda de eficácia e “enfraquecimento” deles em caso de frenagem intensa/prolongada. O fluido de freio geralmente é classificado com “DOT” (1 a 5, sendo geralmente o 4 – amarelo ou vermelho). Veja mais nesse link como verificar o fluido de freio.
Quando o freio é acionado, as pastilhas de freio pressionam o disco para reduzir a rotação do disco e da roda até a parada do carro. Devido à redução de velocidade se dar por atrito, a pastilha se desgasta a cada utilização. Deve-se ficar atento a um barulho nos pneus dianteiros ao frear. As pastilhas possuem um indicador de desgaste que esbarra no disco de freio e produz um ruído metálico. Se escutar um barulho desse tipo algumas vezes seguidas, provavelmente as pastilhas de freio já estão desgastadas – principalmente quando o carro já andou mais de 30.000 km com elas. Caso as pastilhas não sejam trocadas, o disco também será danificado.
Nível do líquido de arrefecimento (sempre completar quando o nível baixar)
O motor emite muito calor quando está em funcionamento, sendo necessário regular sua temperatura através do líquido de arrefecimento. Esse líquido circula no motor, aquece e segue para um trocador térmico, o radiador, onde esse calor é liberado. Um ventilador elétrico completa a refrigeração, tornado a troca de calor mais eficiente.
O aditivo serve para manter a temperatura do líquido de arrefecimento (água, por exemplo) a 90°C – se passar de 100°C, a água evaporaria e isso levaria à fundição do motor. Além de oferecer a proteção anticorrosiva das peças metálicas que entram em contato com a água destilada (água de torneira contém sais que podem levar à corrosão), ele prolonga a vida útil de itens como sensores térmicos, válvulas termostáticas e sensores de temperatura.
Faça a verificação de nível com o motor frio. Como todo o sistema é selado, se o nível estiver abaixo do mínimo, provavelmente é porque está tendo um vazamento. Complete com água destilada (se possível, misturada com o aditivo na proporção indicada pela fabricante) e leve o veículo para uma oficina.
Nível do líquido do limpador de vidro e seu funcionamento
O nível pode ser completado abrindo-se o capô e colocando água no respectivo compartimento com um pouco de detergente. Procure também manter a direção do esguicho regulada, para limpar o vidro e não os motoqueiros ou o capô do carro.
Quando o limpador começa a deixar uma película de água após sua passagem pelo vidro molhado, essa água vai refletir a luz vinda e piorar a visibilidade. Muitas vezes elas ficam até trepidando quando passam. Passe um pano úmido e verifique se a palheta não está enrugada – caso comece a ficar ressecada, está chegando a hora de trocá-las. Veja no site de um fabricante de palhetas os modelos e outras dicas – a troca ocorre geralmente a cada ano.
Uma dica: dá para recuperar uma palheta ressecada e prolongar sua vida útil. Basta passar um pouco daquele líquido utilizado nos pneus (limpa pneus ou pretinho) que evita seu ressecamento
Filtro de ar (trocar a cada 20 mil km)
Tem a função de eliminar ao máximo as partículas presentes no ar aspirado pelo motor para que a mistura ar/combustível produzida seja de ótima qualidade. A simples limpeza não é suficiente, pois as impurezas permanecem sobre o papel e reduzem a quantidade de ar que entra no cilindro. Além disso, a limpeza pode danificar o elemento filtrante e gerar problemas de vazamento com repercussões nas peças do motor.
Filtro de combustível (trocar a cada 20 mil km)
Tem como objetivo reter as impurezas contidas no combustível, evitando deterioração da bomba de alimentação. O filtro de combustível consegue segurar 98% das impurezas, mas exceções podem ocorrer quando se abastece o tanque com gasolina adulterada com solvente de borracha ou com etanol misturado com álcool anidro, produtos que podem interferir no funcionamento do motor. Assim, não é necessário limpar os bicos injetores antes dos 30 mil km.
Filtro do habitáculo (trocar a cada 20 mil km)
É um dos componentes do circuito de climatização do interior de carro, que visa eliminar partículas suspensas no ar. Uma higienização simples também pode ser feita ao espirrar um spray próprio para isso na entrada de ar do carro (geralmente próximo ao chão e ao banco dos passageiros) e colocando para circular o ar interno durante alguns minutos.
Caso o carro possua ar condicionado, providencie o controle da correia do compressor e da carga caso esteja resfriando pouco – dica: a refrigeração do ar interno através da circulação do ar é mais eficiente do que pegar o ar a uma temperatura maior do lado externo, resfriar e mandar para dentro do carro. Caso utilize pouco o ar condicionado (inverno, por exemplo), coloque-o em funcionamento de 5 a 10 minutos ao menos uma vez por mês.
No caso do sistema de ar quente, ele funciona através da passagem de água aquecida pelo motor para passar por um dissipador de calor atrás do painel após abrir uma válvula. O sistema deve ser acionado pelo menos uma vez por mês durante 10 minutos para evitar problemas – isso pode ser feito quando o ar condicionado está muito forte e você quer diminuir um pouco o frio.
Em dias úmidos ou frios, é comum os vidros ficarem embaçados devido à condensação de vapor d’água sobre a superfície fria. Uma solução é jogar ar quente sobre o vidro, aumentando sua temperatura e evaporando a água líquida, e/ou secar o ar através do ar condicionado.
Nível do líquido da direção hidráulica (trocar a cada 50 mil km)
A direção hidráulica é um sistema que permite ao motorista girar o volante sem fazer muito esforço. O sistema hidráulico de um veículo consiste de vários itens, dentre eles um fluido que transmite e amplia a força aplicada pelo motorista. Caso haja vazamento do fluido, a direção fica mais pesada e os componentes do sistema de direção podem sofrer danos.
O fluido hidráulico geralmente pode ser encontrado em um tanque cilíndrico perto de uma extremidade da correia de direção. Se o tanque for de plástico translúcido, é possível enxergar o nível de fluido dentro do tanque. Caso contrário, pode-se verificar o nível do fluido com uma vara, que geralmente vem fixada à tampa.
Por não passar por uma degradação mais agressiva, o óleo da direção hidráulica, que normalmente é um produto de boa qualidade, não precisa ser substituído. No entanto, alguns fabricantes instruem para sua troca a cada 50 mil km. O óleo antigo tem que ser drenado e acrescentado o novo, seguido de movimentação completa do volante. Essa operação repetida algumas vezes para haver troca completa do fluido em todo o sistema de direção.
A tendência é que os carros adotem cada vez mais a direção elétrica, que não utiliza óleo e não possui itens como mangueira ou bomba. O condutor aplica um torque ao volante no sentido de girá-lo e um sensor óptico especial armazena a finalidade do condutor em realizar uma curva, a velocidade angular de giro do volante o ângulo, o sentido de giro e comunica-se com a central eletrônica do sistema. O motor elétrico comanda o modo de assistência máxima, fazendo com que exista pressão e fluxo hidráulicos necessários para o funcionamento equilibrado do sistema.
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