Ubatuba e Ilha Anchieta

Ubatuba é um município do litoral norte do estado de São Paulo o qual 83% de seu território está dentro do Parque Estadual da Serra do Mar. Seu acesso ocorre pela rodovia Rio-Santos (BR-101/SP-55) ou pela Rodovia Osvaldo Cruz (SP-125), que sai de Taubaté, no Vale do Paraíba, e que passa por São Luiz do Paraitinga.

História

No século XVI, Ubatuba fazia parte de uma região litorânea maior ocupada pelos índios tupinambás. Seu nome tem origem tupi: ubá significa canoa, enquanto u’ubá significa cana-do-rio, que é uma gramínea que era utilizada na confecção de flechas pelos índios; no entanto, como tyba indica “ajuntamento”, o nome da cidade pode significar tanto “ajuntamento de canas-do-rio” quanto “ajuntamento de canoas”.

A primeira possível referência ao local aparece na obra de Hans Staden, que mencionam o chefe supremo dos tupinambás: Cunhambebe. Nos relatos de José de Anchieta, é feita menção à aldeia de Iperoig, que pode significar “rio do tubarão” ou “rio das perobas”. Em 1563, José de Anchieta partiu com Manuel da Nóbrega de São Vicente para a aldeia de Iperoig com o objetivo de pacificar os índios, permanecendo refém durante vários meses em Iperoig. Manuel da Nóbrega voltou a São Vicente acompanhado de Cunhambebe para acertar o tratado de paz conhecido como Paz de Iperoig.

Em 1637, a Aldeia de Iperoig foi elevada à Vila Nova da Exaltação à Santa Cruz do Salvador de Ubatuba, subordinada à sessão norte da Capitania de Itanhaém. Ao longo do século XIX, Ubatuba foi uma cidade rica, graças à atividade portuária. Com a gradual perda de importância para suas concorrentes mais bem abastecidas (Santos e Rio de Janeiro), no final do século Ubatuba mergulhava em isolamento e decadência econômica.

Em 1933, foi inaugurada a rodovia ligando o planalto ao litoral, começando a expansão turística de casas de veraneio. Em 1976, a Via SP-125 foi denominada oficialmente como Rodovia Oswaldo Cruz, em homenagem ao médico sanitarista Oswaldo Cruz, nascido em São Luiz do Paraitinga, cidade que está na rota da Via SP-125. O trecho de serra é conhecido por ser bem inclinado e com muitas curvas bem acentuadas.

Passeios

O Parque Estadual da Serra do Mar tem três núcleos dentro de Ubatuba: Cunha-Indaiá, Santa Virgínia e Picinguaba. Além disso, a cidade possui uma sede do Projeto TAMAR, destinada à conservação das espécies de tartarugas-marinhas do litoral brasileiro.

A Igreja Matriz de Ubatuba Exaltação da Santa Cruz está localizada na praça central da cidade (com um coreto em frente) e tem o altar na forma de barco, em homenagem a São Pedro Pescador. Próximo, junto à foz do Rio Grande, está o Farol da Barra, o farol do Cruzeiro, além de uma feira de artesanato.

Praça da Baleia e Aquário ao fundo. Foto: ViniRoger

Seguindo ao sul pela praia, está uma das cabeceiras do aeroporto e a Praça Trópico de Capricórnio, com um monumento indicando o local de passagem dessa linha imaginária. Continuando, está o projeto TAMAR (entrando pela cidade, na rua do shopping), a praça da Baleia (com uma ossada verdadeira de uma baleia Jubarte que encalhou numa praia ali perto anos atras), o aquário (junto à foz do rio Tavares) e o píer do Itaguá.

Praia do Prumirim e lagoa à direita. Foto: ViniRoger

Ubatuba possui mais de 100 praias distribuídas pelo seu litoral, sendo as mais conhecidas: Maranduba, Itamambuca, Lázaro, Vermelha, Grande, Enseada, Perequê e Saco da Ribeira. A praia do Prumirim possui acesso por um condomínio e possui uma lagoa rasa de águas calmas, além de restaurantes. Próxima, está a cachoeira do Prumirim, com acesso fácil pela rodovia – as corredeiras já começam embaixo de uma ponte.

Cachoeira do Prumirim. Foto: ViniRoger

Continuando pelo sul da Praia de Itaguá, após Praia Grande e Toninhas, está a praia da Enseada, de onde partem barcos para a Ilha Anchieta. Existem passeios que partem próximos ao horário do almoço, passando pela praia das Sete Fontes (permanência de 2 horas com almoço pago a parte) e Ilha Anchieta (outras 2 horas), em barcos para 100 pessoas ou mais. Outra opção (uns 50 reais a mais) é a de pagar somente pelo transporte através de uma lancha rápida para a ida (em qualquer horário) e combinar um horário para a volta. Além do transporte, o visitante deverá pagar a entrada do Parque, o que pode ser feito em dinheiro diretamente ao monitor que recepciona os visitantes.

Ilha Anchieta

Inicialmente habitada por índios e colonos portugueses, a economia baseava-se na pesca e agricultura. Aos poucos o povoado da ilha foi se desenvolvendo, ganhando uma pequena igreja, vendo crescerem pequenos negócios e até um cemitério foi construído. Em 1885, a Ilha passou a ser denominada Freguesia do Senhor Bom Jesus da Ilha dos Porcos. A Ilha dos Porcos somente passaria a ser denominada Ilha Anchieta em 1934, como parte das homenagens ao quarto centenário do nascimento do Padre José de Anchieta.

Ruínas do antigo presídio vistas a partir do pátio interno: administração (acima). Fotos: ViniRoger

O presídio da Ilha Anchieta começou a ser construído em 1902, quando foram desapropriadas cerca de 412 famílias de colonos e caiçaras que habitavam o local. Seis anos depois, foi inaugurada a “Colônia Correcional do Porto das Palmas”, com projeto arquitetônico de Ramos de Azevedo. Em 1914, a Colônia Penal foi extinta, sendo os detentos transferidos para Taubaté.

Em 1926, dois mil imigrantes búlgaros, gagaúzos e bessarabianos foram escoltados da hospedaria dos imigrantes (em São Paulo) após se rebelarem contra o trabalho em regime escravo em fazendas paulistas – muitos morreram envenenados pelo consumo de mandioca brava. Em 1928, o presídio volta a funcionar, desta vez sendo destinado principalmente a presos políticos. No ano de 1942, com aproximadamente 273 detentos, a Colônia Penal passa a ser denominada como Instituto Correcional da Ilha Anchieta, passando a receber como residentes também soldados e suas famílias.

Em 20 de junho de 1952, esse presídio protagonizou uma das piores rebeliões da história do sistema carcerário, só superada pelo massacre do Carandiru, quase quarenta anos depois. O episódio, que ficou conhecido como a “fuga da Alcatraz brasileira”, deixou mortos 108 presos e dez funcionários. A rebelião foi um dos principais motivos para que o presídio fosse desativado em 1955 e se criassem outros estabelecimentos prisionais, como a Casa de Custódia de Taubaté.

Desde 1977, os prédios estão em ruínas e protegidos dentro Parque Estadual da Ilha Anchieta. A maior parte da fauna foi introduzida em 1983 pelo Zoológico de São Paulo, como capivaras, macacos-prego, saguis, quatis, gambás, lagartos, tatus e cutias. Na sede do parque, estão disponíveis muitas informações e painéis fotográficos, monitores de turismo para trilhas ecológicas e culturais, e uma pequena capela restaurada.

Praia das Palmas – Ilha Anchieta. Foto: ViniRoger

O parque possui sete praias. O píer de desembarque separa as praias do Presídio e do Sapateiro, que são praias de tombo (descida íngreme em direção ao mar), inapropriadas para recreação. Da praia do Sapateiro, parte uma trilha de 750 metros (ida) para a praia das Palmas, essa sim propícia para o banho de mar. Da praia do Presídio, parte uma trilha de 500 metros (ida) para a praia do Engenho, que possui uma formação rochosa que forma um aquário natural.

Piscina natural da Praia do Engenho – Ilha Anchieta. Foto: ViniRoger

A Trilha do Saco Grande começa na praia do presídio percorrendo uma área direcionada a estudos e pesquisas e segue em direção a um antigo Quartel onde foram mortos soldados e civis na rebelião de 1952, terminando em costão rochoso com um mirante das ilhas da região e do mar aberto. Já a Trilha da Praia do Sul é um caminho utilizado antigamente pelos pescadores e moradores da região, que possui um mirante com vista para toda a enseada das Palmas e uma praia no final.

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