Um dos bairros do distrito do Bom Retiro (região central de São Paulo), recebeu esse nome devido a uma pequena capela erguida em homenagem à Nossa Senhora da Luz. No século 19, era um bairro formado por chácaras e sítios que eram usados como retiros de fim de semana pela população. As estações da São Paulo Railway e da Estrada de Ferro Sorocabana e o Jardim da Luz (único parque público da cidade à época) faziam parte de belos e elegantes pontos de chegada e partida de viajantes, muitos fazendeiros de café que tinham suas majestosas residências na capital.
Principalmente dessa época vieram várias atrações turísticas da região, tão próximas que podem ser vistas todas em um mesmo dia. Com a decadência da estrada de ferro na organização econômica, os mais ricos tomaram outros rumos. Foi inaugurada a Rodoviária – historicamente, rodoviárias já contribuem para a degradação da região. Depois, com a desativação, houve uma estrutura ociosa de hotéis e bares. Cortiços e prostituição começaram a proliferar com intensidade nas grandes construções, incluindo usuários que se concentram para consumo de drogas na chamada Cracolândia. Sobreviveu o comércio diurno, com destaque para o ramo eletro-eletrônico.
Veja as principais atrações turísticas da região – algumas não existem mais, no entanto possuem grande importância histórica.
Rodoviária antiga e futuro Complexo Cultural Luz
Até 1960, os ônibus não tinham lugar certo para embarque e desembarque: tudo era realizado em diferentes ruas do centro. A primeira Estação Rodoviária de São Paulo foi construída na gestão de Adhemar de Barros, em frente à Praça Júlio Prestes, na Luz. Desde a sua inauguração, em 1961, surgiram os primeiros protestos contra a rodoviária que foi criticada por trazer criminalidade, poluição e trânsito para a região. Foi destaivado em 1982, permanecendo fechado por anos até se tornar o shopping popular Fashion Center Luz, fechado em 2009. As placas multicoloridas de acrílico da cobertura do edifício foram derrubadas e darão lugar a um complexo cultural. Veja muitas fotos do Terminal Rodoviário da Luz clicando no link.
Para aliviar o trânsito da região, em outubro de 1977 a CMTC transferiu diversos pontos de ônibus que ficavam na Praça Júlio Prestes para o Terminal Princesa Isabel, a duas quadras da estação. Em 1977, começa a descentralização de terminais com a inauguração do Terminal Jabaquara. Em 1982, foi inaugurado o Terminal Tietê. Cinco anos depois, foi criado o Terminal Rodoviário Bresser para “desafogar” o Tietê – ficou em operação por 14 anos, até ser desativado em 2001. O Terminal Barra Funda, ainda em operação, foi inaugurado em 1998 também com o mesmo propósito de aliviar a carga na rodoviária do Tietê.
Jardim da Luz
Originalmente um horto botânico, foi transformado em jardim público e aberto em 1825. Durante grande parte do século XX o Jardim passou um grave período de degradação, sendo revitalizada no final do século. O local possui coretos e espelhos d’água com chafariz – o maior deles em formato de cruz de malta, rodeado por esculturas que representam as quatro estações do ano. Com o restauro em 1999, foram redescobertos uma gruta com cascata e aquário subterrâneo. Também foram instalados equipamentos de ginástica, playground, pista de cooper, paraciclos e sanitários. Também possui um mirante, ponto de bonde, árvores enormes e uma exposição permanente de esculturas, além do museu Casa do Administrador.
Havia exposição de animais como o lobo-guará em jaulas, entre outros, o que o fez ser também o primeiro zoológico da cidade, ativo até 1930, quando os animais foram transferidos para o Parque da Água Branca. Existiu também uma torre circular onde funcionou a Estação Meteorológica da Comissão Geographica e Geológica de 1888 a 1894, posteriormente transferida para o edifício da Escola Normal da Praça da República – atualmente só existem ruínas da fundação, próximo de uma das entradas.
Estação da Luz
A primitiva estação da Luz foi inaugurada num prédio acanhado em 1867. Por volta de 1890, a São Paulo Railway decidiu aumentar a estação, aberta ao público em 1901. Foram construídas as estruturas trazidas da Inglaterra que copiam o Big Ben e a abadia de Westminter. Atualmente integra a rede de transportes sobre trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (linhas Rubi e Coral), com transferência gratuita para a Estação Luz do Metrô (linhas azul e amarela). Mais fotos antigas da estação podem ser encontradas no site Estações Ferroviárias.
Da estação da Luz, parte o Expresso Turístico aos finais de semana, com destino a Paranapiacaba, Jundiaí e Mogi das Cruzes – veja mais detalhes no post Passeios de trem no Brasil.
Museu da Língua Portuguesa
Museu interativo sobre a língua portuguesa, ocupa três andares da Estação da Luz, com 4.333 metros quadrados. Inaugurado em 2006, possui auditório, a “Grande Galeria” (espaço que lembra uma estação de trem e um grande túnel, com um telão de 106 metros de comprimento onde são projetados onze filmes tratando de temas como cotidiano, dança, festas, carnavais, futebol, música, relações humanas, culinária, etc), o Mapa dos Falares (grande tela interativa que mostra os falares do Brasil), beco das palavras (onde os visitantes se divertem movimentando imagens que contém fragmentos de palavras com o objetivo formar palavras completas), praça da Língua, entre outras atrações.
Estação Júlio Prestes
Inaugurada em 10 de julho de 1872 pela Estrada de Ferro Sorocabana e denominava-se Estação São Paulo – teve seu nome alterado em homenagem ao ex-presidente do Estado de São Paulo, Júlio Prestes, em 1951. Sua função era transportar sacos de grãos de café do Sudoeste e Oeste Paulista e Norte do Paraná para a capital. A antiga estação ficava ao lado da Estação da Luz, o que facilitava o bandeamento do café para a São Paulo Railway, a única ferrovia que fazia o trajeto da capital ao porto de Santos.
O prédio atual foi inaugurado em 1938. Atualmente, a estação em si está restrita às plataformas de embarque/desembarque e bilheterias (em madeira, como antigamente) no fundo do prédio. É o início da linha Diamante da CPTM, que segue parte do trajeto da antiga Sorocabana até a região de Itapevi. Veja algumas fotos antigas da estação clicando no link.
Sala São Paulo
Na década de 1990, o governo de São Paulo, atendendo a um pedido do regente da Orquestra Sinfonica de Sao Paulo John Neschling, decidiu restaurar a estação de maneira que o local onde antigamente localizava-se o jardim fosse convertido em uma sala de concertos, a Sala São Paulo. Com capacidade para aproximadamente 1500 pessoas, possui forro com placas móveis para ajustar melhor a acústica conforme o tipo de música tocada.
Pode ser conhecida em suas apresentações de música erudita ou através de visita monitorada. Para essa visita, deve-se estar atento aos dias em que essa atividade não será realizada e agendar através de telefone e e-mail. Apesar do site dizer que não precisa agendar, precisa sim! Mande e-mail – você receberá uma confirmação do agendamento – e ligue um dia antes para confirmar. Consulte a programação no site da Sala São Paulo. Caso utilize o estacionamento, realize o pagamento logo que chegar (geralmente é preço único), pois na saída das apresentações tem muita gente tentando pagar ao mesmo tempo e forma-se fila.
Estação Pinacoteca
O projeto do prédio é do escritório do arquiteto Ramos de Azevedo. Inaugurado em 1914, pertenceu à administração da Estrada de Ferro Sorocabana. Durante o período da ditadura militar, deu lugar ao Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), a polícia política do governo paulista. O então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva ficou preso 31 dias lá durante uma greve em 1980. Hoje abriga o Memorial da Resistência de São Paulo, com celas abertas à visitação. Atualmente, é administrado e mantido pela Pinacoteca do Estado.
Pinacoteca
Em 1900 foi aí inaugurada a sede do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, prédio projetado por Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi que atualmente abriga a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Após a reforma na década de 1990, abriga um dos maiores e mais representativos acervos de arte brasileira, com quase oito mil peças abrangendo majoritariamente a história da pintura brasileira dos séculos XIX e XX. Possui paredes com tijolos aparentes, pátios laterais interligados com passarelas metálicas e claraboia com claridade regulada por véus transparentes, evitando que os quadros recebam iluminação direta das janelas.
Na avenida Tiradentes, havia o Monumento a Ramos de Azevedo. Inaugurado em 1934, permaneceu lá até 1973, ano em que, devido às obras do metrô, foi movido para a Cidade Universitária.
Museu de Arte Sacra
Localiza-se na ala esquerda do Mosteiro da Luz (recolhimento de religiosas fundado em 1774 por iniciativa de Frei Galvão). Mantido por um acordo entre o Governo do Estado e a Arquidiocese de São Paulo, o museu foi fundado em 1970. Abriga um dos mais importantes acervos de arte sacra do Brasil, com peças provenientes de antigas igrejas de todo o país. Próxima, está a Paróquia São Cristóvão, de 1940.
Antigo Presídio Tiradentes
Abrigou presos políticos na Era Vargas e no Regime Militar. Inaugurado em 1852, foi desativado em 1972, pouco antes que as obras do metrô abalassem sua estrutura e fosse demolido. Foi criado como Casa de Correção e em 1938 passou a ser a Casa de Detenção de São Paulo. Dentre os presos famosos que por lá passaram está Monteiro Lobato, durante o Estado Novo e Dilma Rousseff, no regime militar. Ao ser demolido, foi conservado o seu portal, que foi tombado em 1985 pelo governo do estado devido a seu interesse histórico “pelo valor simbólico que representa na luta contra o arbítrio e a violência institucionalizadas em nosso país em passado recente.” Em seu lugar foi construído um prédio que incorpora o Teatro Franco Zampari, da TV Cultura, e uma agência do Banco do Brasil.
Quartel da Luz
Projetado por Ramos de Azevedo e inaugurado em 1892, o quartel sobreviveu aos disparos de canhões durante a revolução de 1924, o maior conflito bélico ocorrido em São Paulo, e se tornou símbolo da resistência paulistana. Hoje, o edifício abriga a ROTA, Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, força de elite da Polícia Militar paulista, além da cavalaria da PM. Lá funciona o Museu de Polícia Militar, que abriga história das forças militares de diversos países.
Ao lado do quartel da Luz, uma chaminé no meio da rua, que pertencia à primeira usina elétrica da cidade. Construída entre 1888 e 1892, foi demolida em 1985 para a duplicação da Rua João Teodoro. No bairro, ainda é famoso o comércio voltado às noivas na Rua São Caetano e a imigração judaica e coreana do bairro do Bom Retiro. Próximo à estação Tiradentes, existe ainda o
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