O Japão historicamente enfrenta um problema de falta de espaço para o crescimento populacional. O professor da Universidade de Waseda, Toshio Ojima, é um arquiteto e engenheiro que focou parte da sua vida em trabalho sobre ambientes urbanos, focando e sustentabilidade em construções amigáveis ao meio ambiente. Em sua participação na Eco 92, ele propôs a criação da maior mega estrutura já pensada por um ser humano e que, diferente de várias outras já pensadas, ela seria possível de construir (desde que tendo os recursos). Ela ficou conhecida como Torre de Babel de Tóquio.
A construção proposta por ele era tão grande que ultrapassaria em 1200 metros o Monte Everest (a maior montanha da Terra, com 8849 metros). A torre teria cerca de 10 mil metros de altura (aviões comerciais voam até a 11 km de altura) sendo a maior coisa já construída por seres humanos no planeta. Ela teria cerca de 1969 andares e poderia abrigar cerca de 30 milhões de pessoas (praticamente duas vezes a cidade de São Paulo).
A sua arquitetura em forma de cones teria a base com cerca de 110 km² para conseguir segurar toda a estrutura e se manter de pé mesmo com rajadas de vento, tempestades ou até mesmo ciclones. Nessa altura, a temperatura cai drasticamente para cerca de -50°C e a pressão é muito menor do que no nível do mar. Para evitar problemas, Ojima separou a torre em seis partes:
- Geo-território – abaixo da superfície, contaria com estacionamentos, geradores de energia e parte da infraestrutura que mantém tudo de pé;
- Território humano – entre a superfície e 1000 metros, seria formado de residências, parte do comércio e serviços essenciais como centros médicos;
- Território das nuvens – de mil até 3.500 metros, estariam comércios maiores, algumas indústrias e hotéis (para efeito de comparação, La Paz está a 3600 metros de altitude). Nuvens podem se formar em outras altitudes, inclusive próximas da superfície, e isso pode ser visto nesse vídeo da formação de nuvens sobre Dubai;
- Território do céu – de 3.500 até 6 mil metros, seria a parte administrativa da estrutura, universidades e alguns centros de pesquisa;
- Último Território – de 6.000 até 9 mil metros, voltada a pesquisas e indústrias mais complexas que não poderiam ficar no território mais baixo;
- Território do espaço – acima de 9 mil metros, focaria em um centro de pesquisas espaciais, além de ter painéis solares que alimentariam boa parte da energia usada pelos habitantes da estrutura.
Todo esse projeto demoraria entre 100 e 150 anos para ser construído e custaria mais de 25 trilhões de dólares em valores atuais – para efeito de comparação, hoje o PIB do Japão está em um pouco menos do que um trilhão de dólares. Na verdade, a torre serve mais como prova de conceito, chamando atenção para a expansão de cidades verticalmente. Argumenta-se que assim seriam minimizados os impactos ambientais, organizando as pessoas para aproveitar melhor o espaço disponível.
Mas o que seria melhor: adensamento populacional e verticalização ou muitas casas e prédios baixos, com baixa densidade populacional? A resposta a essa pergunta depende de vários fatores, incluindo preferências pessoais, questões culturais/socioeconômicas, objetivos urbanísticos, disponibilidade de recursos e contexto local. Ambas as abordagens têm vantagens e desvantagens, conforme você pode ver a seguir.
1. Altos edifícios bem próximos (alta densidade populacional)
- Uso eficiente do espaço: A construção de arranha-céus permite acomodar uma grande quantidade de pessoas em uma área relativamente pequena, o que pode ser benéfico em cidades densamente povoadas.
- Redução da expansão urbana: Concentrar a população em uma área menor pode ajudar a evitar a expansão urbana descontrolada e a preservar áreas naturais e agrícolas nos arredores.
- Infraestrutura compartilhada: Comunidades densas podem compartilhar infraestruturas, como sistemas de transporte público, redes de energia e serviços públicos, reduzindo os custos e impactos ambientais.
- Vida urbana vibrante: A alta densidade populacional pode criar uma atmosfera animada, com mais oportunidades para comércio, cultura, entretenimento e interações sociais.
2. Grande área com baixa densidade populacional
- Qualidade de vida e espaço verde: Espaços abertos e baixa densidade podem proporcionar uma sensação de tranquilidade, com mais acesso a áreas verdes e natureza. Isso pode beneficiar a saúde e o bem-estar dos residentes.
- Menor congestionamento: Uma menor concentração de pessoas pode resultar em menos tráfego e congestionamento nas ruas, além de uma sensação de maior privacidade.
- Menores impactos ambientais: Áreas com baixa densidade populacional geralmente têm menos pressão sobre os recursos naturais e podem ter um menor impacto ambiental em comparação com áreas urbanas densas.
- Custos imobiliários mais baixos: Em geral, terrenos em áreas menos densamente povoadas tendem a ser mais acessíveis, o que pode afetar os preços das moradias.
Muitas cidades adotam uma combinação de ambas as abordagens, com diferentes áreas apresentando diferentes níveis de densidade populacional. O planejamento urbano adequado é essencial para garantir a sustentabilidade, a qualidade de vida e o atendimento às necessidades da população, independentemente da abordagem escolhida.
Pensei numa coisa bem simples: como cerca de 30 milhões de pessoas nessa Torre, se organizariam para, por exemplo, tomar sol diariamente?