Esse título faz referência a criações artísticas, e não animais de verdade. Os strandbeesten (animais de praia em holandês) na verdade são enormes estruturas montadas a partir de materiais cotidianos, como tubos plásticos. Suas patas se movem pela força do vento, permitindo-os caminhar.
O artista responsável é Theo Jansen, um engenheiro holandês fascinado por esculturas cinéticas, ou seja, esculturas que se movimentam. O seu principal projeto ao longo da carreira é a construção dos animais de areia, que se movimentam autonomamente pelas praias.
Os “animais” são feitos de cano de PVC, braçadeiras, anéis de borracha, garrafas plásticas recicladas e outros itens semelhantes. Todos os seus modelos são baseados em um sistema de triângulos e elos de conexão que convertem a rotação de um eixo em um movimento de passo de seis ou mais pernas, permitindo viajar sobre a areia com muito mais eficiência do que se viajasse sobre rodas. O site do projeto tem algumas explicações e imagens de “fósseis” (partes importantes que ajudam a entender os mecanismos de funcionamento), mas o vídeo a seguir mostra um pouco mais de como funciona esse movimento:
Eles funcionam como pistões, formando “esqueletos” e, ao mesmo tempo, “músculos”. Existem leques acima, que canalizam o vento para preenchimento das garrafas, que funcionam como “estômago”. Quando estão cheias, elas impulsionam o movimento dos “músculos”.
Utilizando mecanismos binários da computação, Jansen foi aprimorando suas invenções. Quando um modelo mais recente de strandbeest se aproxima da água e suga o líquido em vez do ar, o “animal” percebe a dificuldade e se locomove para a direção contrária. Em momentos de forte ventania, um mecanismo é disparado e uma viga de madeira é fincada na praia para que a invenção do holandês não caia.
“Ao desenvolver esta evolução, espero tornar-me mais sábio na compreensão da natureza existente ao me deparar com os problemas do verdadeiro Criador.”
Theo Jansen
Os strandbeesten evoluíram desde a sua criação em 1990 e foram divididos em 12 períodos de evolução. Suas propriedades determinam esse período. Em sua homepage (strandbeest.com), existe um cladograma exibindo sua evolução. Ele divide suas diferentes gerações em períodos de tempo como eras geológicas. No período inicial, os tubos estavam todos juntos colados. Ele chama isso de Gluton Period (1990-91). A primeira criação de tubo e fita, Animaris Vulgaris, não conseguia ficar de pé, apenas deitar de costas e mover as pernas. No período seguinte, a Chorda Epoch (1991-93), começou a ligar os tubos com tiras de nylon, uma grande melhoria na fita, e construiu o Animaris Currens Vulgaris, o primeiro animal que podia ficar de pé e andar.
O canal Strandbeest do Vimeo contém vários vídeos, veja um compilado a seguir:
Dentre suas últimas criações (2020-2021), estão animais que podem voar. Mas em 1979, ele já havia criado um disco voador de quatro metros, que estava cheio de hélio e que produzia luz e som. Quando o lançou nos céus, causou algum pânico nas pessoas, que reportaram ver um objeto de 30 metros de comprimento e que tinha um brilhante halo ao seu redor.
Além de intervenções em espaços abertos, também são realizadas exposições temporárias em espaços fechados. Por exemplo, a exposição Earthscape, no Japão, foi feita uma colaboração com o paisagista japonês Eiki Danzuka. Nela, captura-se o entorno natural das florestas de Oita e a paisagem holandesa de praia, permitindo que o visitante experimente inteiramente a evolução dos Strandbeesten.
No canal Manual do Mundo, tem um tutorial de como fazer um mini-robô usando o Mecanismo de Theo Jansen.
Fontes