Paranapiacaba

Paranapiacaba é um distrito do município de Santo André cortado por uma ferrovia em cidade alta e cidade baixa, ligadas entre si apenas por uma passarela. A parte alta é acessível por estrada asfaltada que sai de Ribeirão Pires e passa por Rio Grande da Serra, cujo tráfego de carros é restrito a moradores – é possível deixar o carro em um bolsão de estacionamento ou ir de ônibus que parte da Estação de trem de Rio Grande da Serra. Também é possível chegar na cidade baixa de carro fazendo um acesso à estrada de terra, na altura da capela da Boa Viagem, no alto de uma colina, à esquerda na SP 122.

Casa de manobras dos trens de Paranapiacaba. Foto: ViniRoger.
Casa de manobras dos trens de Paranapiacaba. Foto: ViniRoger.

Apesar da região ter se desenvolvido graças à estrada de ferro, desde 2002 não existe mais transporte regular de trem via CPTM. No entanto, aos domingos às 8:30 parte o Expresso Turístico da estação da Luz, com destino à vila e parada em Santo André, com retorno às 16:30. Passa pelo Brás (entrada pela rua Domingos Paiva, anterior à estação Roosevelt, que pertencia à Central do Brasil) e Hospedaria dos Imigrantes (estação reconstruída de onde parte maria fumaça turística), estações modernas (como a Tamanduateí, com integração com a linha verde do metrô, sendo que a antiga, de 1947, foi demolida em 2010), algumas construídas na década de 1970, a antiga parada Pirelli (hoje só restam as plataformas) e outras históricas de 1890 (Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, estação final da CPTM). Na sequência, também passa pela antiga estação Eletrocloro (só resta a passarela) e Campo Grande (de 1929, abandonada).

Parte alta da Vila de Paranapiacaba e passarela, vistas da parte baixa. Foto: ViniRoger.
Parte alta da Vila de Paranapiacaba e passarela, vistas da parte baixa – logo depois que a foto foi tirada, entrou um nevoeiro bem denso, estilo filme “O Nevoeiro”. Foto: ViniRoger.

A São Paulo Railway foi a primeira estrada de ferro construída em solo paulista entre 1862 e 1867. Contou com o Barão de Mauá entre os seus principais acionaistas. Em 1946, com o final da concessão governamental, passou a pertencer à União sob o nome de E. F. Santos-Jundiaí (EFSJ). Passou a pertencer à RFFSA nos anos 1970, e, em 1997, foi entregue à concessionária MRS, que hoje a controla. O tráfego de passageiros de longa distância terminou em 1997, permanecendo a utilização como trem metropolitano pela CPTM entre Jundiaí e Rio Grande da Serra.

Pátio de manobras dos trens e torre do relógio - em primeiro plano, uma rotunda, responsável por fazer o giro do trem. Foto: ViniRoger.
Pátio de manobras dos trens e torre do relógio – em primeiro plano, uma rotunda, responsável por fazer o giro do trem. Foto: ViniRoger.

A estação de Paranapiacaba foi aberta com o nome de Alto da Serra em 1867. Em 1907, o nome da vila foi trocado para Paranapiacaba, “lugar de onde se avista o mar” – o nome da estação, entretanto, permaneceu assim até 1945. Apesar do nome, é muito comum a ocorrência de densos nevoeiros que reduzem a visibilidade em poucos metros. Em janeiro de 1981, um incêndio destruiu o prédio da antiga estação; desde 1977, entretanto, uma nova estação, mais simples, já estava funcionando em local próximo. O relógio, salvo do fogo, foi consertado e colocado sobre uma nova torre ao lado do prédio novo.

Cemitério de Paranapiacaba - entrada, com os túmulos mais antigos. Foto: ViniRoger.
Cemitério de Paranapiacaba – entrada, com os túmulos mais antigos. Foto: ViniRoger.

Além da torre do relógio e pátio dos trens, a Vila de Paranapiacaba possui vários atrativos históricos. O antigo cemitério com a igreja ao lado pode ficar ainda mais macabro com um denso nevoeiro. As casas de madeira, boa parte construídas na época da fundação da vila, tornam o ambiente bem nostálgico. Veja o vídeo abaixo, que mostra a cidade em um dia de nevoeiro, fazendo lembrar Silent Hill – filme de terror lançado em 2006, baseado na série de jogos de mesmo nome, que conta a história de uma misteriosa doença de uma criança, uma mãe desesperada e uma cidade sinistra e deserta, envolvida em névoa, contaminada por segredos.

A antiga passarela metálica que une as duas partes da cidade e a plataforma ferroviária ao centro é passagem obrigatória, com um pequeno centro gastronômico em sua base na cidade baixa. O Museu Castelinho (antiga residência do engenheiro chefe da ferrovia) proporciona uma visita monitorada que conta muita história da região e uma vista panorâmica. Já o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba proporciona trilhas guiadas na mata atlântica – a trilha do Mirante proporciona uma vista do litoral em dias sem nevoeiro, enquanto que a trilha do Poço Formoso leva a bonitas cachoeiras.

Museu Castelinho. Foto: ViniRoger.
Museu Castelinho. Foto: ViniRoger.

Depois de Paranapiacaba, a estação ferroviária seguinte encontra-se no município de Cubatão, a Raiz da Serra (atualmente abandonada). Aberta em 1867 para ser a estação de partida da subida, continuou sendo utilizada por muito tempo, pois a “serra velha” era a que transportava passageiros, tanto na época dos cabos quanto depois, com a cremalheira substituindo os velhos cabos, construída em 1891. Depois, seguem as estações de Piassaguera (demolida em 1965, restando somente a plataforma), Areais (antigo posto telegráfico, já demolido), Cubatão (atual Secretaria de Cultura e Turismo, ainda conserva passarela, plataforma, prédio parcialmente original e catracas), Casqueiro (demolida), Alemoa (já em Santos, demolida) e Santos (veja mais no post sobre Santos).

A Trilha da Conserva fica acima da estrada de ferro Funicular (a original), incluindo alguns trechos dela. Não acessa os trilhos das pontes, apenas os túneis. São seis horas floresta adentro em cerca de 17 Km de trilha difícil, incluindo precipícios e quedas d’água. Algumas fotos da Trilha da Conserva podem ser vistas clicando no link e o caminho completo no site de trilhas compartilhadas Wikiloc.

O Museu Tecnológico e Ferroviário da ABPF está situado no antigo pátio ferroviário do Sistema Funicular da São Paulo Railway, abrangendo também máquinas fixas, oficinas, carros, vagões, locomotivas e objetos de uso ferroviário dos dois sistemas funiculares que operaram no trecho Alto da Serra (atual Paranapiacaba) e Raiz da Serra. O acesso ao Museu está exatamente sobre a passarela, na rampa que dava acesso à estação ferroviária. De lá partem os passeios de Maria-Fumaça, que percorre somente algumas centenas de metros antes do início da descida para o litoral – veja mais no post sobre passeios de trem no Brasil. Maiores informações sobre o funcionamento do Sistema Funicular e a Ferrovia podem ser vistos no site da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) – Regional São Paulo – que conserva o complexo ferroviário.

Um mapa da vila de Paranapiacaba e seus pontos de referência e turísticos pode ser visto no link.

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