A etimologia é o estudo da origem das palavras. Uma das formas de se pensar as palavras é compará-las a um ser vivo: nascem, se desenvolvem, têm um apogeu e muitas vezes morrem, caindo em desuso ou desaparecendo – às vezes juntamente com o idioma inteiro. Compreendendo a origem da palavra, fica mais fácil compreender seu significado.
Uma palavra pode ser dividia em partes, como o radical (estrutura básica da palavra, que contém o significado), o prefixo (vem no início da palavra) e o sufixo (no final da palavra). Na cultura ocidental, é muito comum que as palavras e suas partes tenham origem no idioma grego ou no latim, e sabendo o significado de alguns sufixos e prefixos, é possível inferir o significado de muitas palavras. Veja mais sobre estrutura e formação das palavras no post do link.
Por exemplo, a palavra Meteorologia vem do grego “meteoros”, que significa “o que está no ar, por cima de nós”, e do sufixo “logia”, formado do grego “lógos” que significa “estudo” – desse jeito, agora você não erra mais escrevendo “Metereologia”. Nos nome de equipamentos de medidas meteorológicas, é comum encontrar o sufixo grego “-metro” para equipamentos que realizam medições quantitativas, “-grafo” para medições que são registradas/gravadas e “-scópio” para observações qualitativas.
Voltando um pouco mais, a palavra meteoro vem do grego “metá”, que significa “além, mais adiante” e “aeirô”, “elevo, levanto no ar”. Assim, “meteoro” tem o significado básico de “qualquer fenômeno natural que se manifeste na atmosfera” – por sua vez, atmosfera vem do latim moderno “atmo” que significa “vapor/névoa”, e “sphera”, de “esfera/globo”. Ela também pode estar relacionada ao fenômeno luminoso de um fragmento de material que vagueia pelo espaço e entra na atmosfera, que brilha devido ao atrito com os gases que compõem a atmosfera e a combustão que acontece quando a concentração de oxigênio aumenta.
Outra palavra formada com o radical “meteoro” é meteorismo: nome dado à formação de gases nos intestinos.
A palavra nuvem tem origem no latim “nubes” (não é “nudes” :P). Como na antiga Roma já havia o costume de a noiva usar véus cobrindo o rosto durante a cerimônia de casamento, e estes eram de material translúcido como as nuvens, formou-se o verbo nubere: “contrair matrimônio, casar”. Dessa palavra, se formaram núpcias (casamento), núbil (apto para casar) e nubente (pessoa que está por casar).
De nubes, se formou também a palavra nubifrágio (junto com “frangere”, com uso “partir/quebrar/romper”), significando “aguaceiro/chuva forte”. É como se a própria nuvem tivesse se partido e derramado toda a sua carga de repente. Nubívago (junto com “vagare”, “vagar/deslocar-se sem destino”) significa “pessoa que vive nas nuvens”. Tem como sinônimo nefelibata, com origem do grego “nephele” (nuvem) e “batha” (o que anda).
Algo nebuloso é uma coisa que não se pode distinguir direito porque está meio oculto, e a origem dessa palavra também está relacionada com nuvem. Neblina vem de “nebula”, diminutivo de “nubes”, em alusão à sensação de se estar numa nuvem quando estamos em meio à neblina – e na verdade estamos mesmo, pois a neblina é uma nuvem do gênero stratus formada junto ao solo. Dentre os sinônimos de neblina, estão a palavra cerração (do Latim “serare”, “fechar, cerrar”, pois a visibilidade fica restrita) e nevoeiro (termo técnico do fenômeno, derivado de névoa, que também tem origem no latim nebula).
Neve tem origem no latim “nix”/”nivis”. Chuva vem direto do latim “pluvia”. Tempestade vem do Latim “tempestas”, que além de “mau tempo” significava “época/lapso de tempo” – uso esse que não é mais considerado.
Trovão vem do latim “turbare”, que significa “confundir/perturbar”. Já relâmpago vem do latim “re-“+”lampadare” (pelo verbo grego “lampein”, “brilhar”, que origina a palavra lâmpada) como um brilho “re-brilhado”. A palavra raio vem do latim “radium”, que significa “linha/traço/risca” e se referia ao caminho que a descarga elétrica percorre no ar.
Furacão veio do Espanhol huracán, derivado de uma palavra do Taino, hurakán, o nome dado a esse fenômeno da Natureza na região. Tufão vem do Grego Typhon, um mitológico gigante de vento, provavelmente derivado de typhein, “fumegar”. Mas há outras interpretações possíveis, como o Cantonês tai-fung, “grande vento”. Ciclone é uma palavra moderna, que foi feita a partir do Grego kyklon, “o que se move ao redor, que gira”, de kyklos, “círculo”. Sobre tornado, muitos dizem que você veio do Espanhol tornar, “virar”, mas parece que na verdade o que há em sua fonte é tronar, “trovoar”, do Latim tronare, de igual sentido.
Éolo, na mitologia grega, era o guardião dos ventos. Na Odisseia, de Homero, Éolo era senhor das ilhas Eólias, querido dos deuses imortais e guardião dos ventos. Daí vem o adjetivo eólico, frequentemente associada à geração de energia elétrica.
Ar vem do Latim aer, “ar”, do Grego aer, relacionado com aenai, “soprar, respirar”. Daí que vem a palavra aragem, que é um vento brando e intermitente. Brisa, originalmente do Espanhol briza, “vento frio do nordeste”, mais tarde se aplicando a “vento fresco vindo do mar” e depois a “vento suave”.
A palavra vento deriva do Latim ventus, “vento”, de uma base Indo-Europeia we-, “soprar”. Sopro, por sua vez, tem origem no Latim sufflare, formado por sub, “sob”, mais flare, “fazer deslocar o ar, assoprar”. Com relação à base “we-“, a palavra “weder” do inglês antigo, por sua vez de origem germânica, é a origem do termo “weather“; relacionado também com holandês “weer” e alemão “Wetter”, provavelmente também com o substantivo “wind“.
Interessante notar que o idioma inglês tem “weather” uma palavra específica para o tempo meteorológico, ou seja, as condições atmosféricas em um curto período de tempo. É diferente de “clima”, que representa as características médias da atmosfera para um longo período de tempo. A palavra tempo ainda pode gerar confusão com relação ao tempo cronológico. Como seria bom se existisse em português uma palavra para tempo no sentido meteorológico!
Falando em tempo, podemos falar sobre a palavra temporal. Etimologicamente, a palavra temporal se originou a partir do latim temporalis, que significa “referente ao tempo”. Por este motivo, o termo temporal está intrinsecamente relacionado com o tempo, ou seja, ao que tem uma durabilidade e que não é considerado imortal, mas sim temporário. Como substantivo, ela pode significar uma grande tempestade, caracterizada por ventos fortes, relâmpagos, raios e chuva. Como adjetivo, temporal é utilizado no sentido de “ser transitório” ou “algo que passa com o tempo”.
Voltando a falar de termos em inglês, especificamente previsão de tempo, temos “estimation”, “prediction” e “forecasting“. A palavra “estimation” está relacionada à construção de modelos, ou seja, encontrar o parâmetro mais apropriado que melhor descreve a distribuição multivariada de dados históricos. Já a palavra “prediction” aproveita o modelo já construído para calcular os valores fora da amostra, ou seja, é um processo de cálculo do valor de outra variável aleatória cuja distribuição está relacionada com o verdadeiro estado da natureza. Por fim, “forecasting” é uma previsão baseada em tempo, sendo assim mais apropriado ao lidar com dados de séries temporais. (Fonte: Vidhi Chugh, Estimation, Prediction and Forecasting)
Esses e outros termos têm sua origem explicada em dicionários etimológicos (como o etymonline) e no site Origem da palavra: Coisas que estão no ar e Sopro.
nephele é uma palavra exótica