Um gênero de cinema clássico e que serve de inspiração para grande parte dos filmes até hoje é o Western, “traduzido” para o português como “faroeste” (do inglês far west). Surgiu nos Estados Unidos e conta histórias que se passam nos tempos em que houve a expansão norte-americana para o oeste.
O período histórico retratado inicia-se anteriormente à Guerra Civil Americana até o virar do século XX. É intensa a ocupação de terras, criação de gado, luta contra os índios e a corrida do ouro. No primeiro censo, em 1790, o país tinha 2,3 milhões de quilômetros quadrados e 3,9 milhões de habitantes. Em cerca de um século, criaram uma das maiores nações do mundo, com uma área de 9,8 milhões de quilômetros quadrados. A Marcha para o Oeste significou, entretanto, para um outro povo, o seu fim. Os indígenas foram brutalmente exterminados e seus territórios, tomados.
As cidades são compostas, geralmente, de apenas uma avenida principal onde se destacam o saloon (local de jogatina, álcool e, eventualmente, prostituição), e a cadeia, onde reside o xerife. O cowboy seria originalmente o criador de gado, mas acabou por assumir um personagem que vagueia de cidade para cidade, possuindo apenas a roupa que traz no corpo, um revólver e um cavalo, geralmente o “mocinho” da história.
A figura do cowboy, combatendo injustiças promovidas por bandos de pistoleiros, faz lembrar a figura cristã de Jesus Cristo, onde um escolhido combate o mal e triunfa no final. Ocorrem conflitos, como duelos e tiroteios, que são o enfrentamento entre o bem e o mal, muitas vezes motivados pela vingança. A grande maioria dos filmes de ação seguem essa mesma história (por exemplo: Star Wars, Matrix, Independence Day, Duro de Matar, Rambo…).
O primeiro filme rodado em Hollywood, em 1910, foi um western: In Old California, de D.W. Griffith. Outro filme, The Squaw Man, de 1914, em que estreava Cecil B. DeMille, seria o primeiro longa-metragem realizado na “meca do cinema”. DeMille transpôs para o cinema, no mesmo ano, a obra pioneira, nos Estados Unidos, do western literário, The Virginian.
A idade dourada do western norte-americano tem como expoente máximo o trabalho de dois realizadores incontornáveis: John Ford, que foi o grande impulsionador da carreira de John Wayne, e Howard Hawks. Em 1946, Ford filmaria ainda My Darling Clementine (Paixão dos fortes, no Brasil), que você já deve ter ouvido o personagem de desenho Dom Pixote cantando “Oh querida, oh querida, oh querida Clementina …” John Wayne era altamente patriótico e um americano convicto, e representava um ideal americano de individualismo, imagem essa passada para todo o mundo.
Abertura do filme “O bom, o mau e o feio”, com a clássica música de Velho Oeste
Durante a década de 1960 e a de 1970, deu-se um certo revivalismo com obras realizadas principalmente em Itália, com os chamados western spaghetti. Veja um pouco mais dessa história no vídeo abaixo do canal EntrePlanos:
Nesses filmes, abusava-se de violência, ação e drama. Um grande expoente do gênero foi o cineasta italiano Sergio Leone. Realizou o filme “Por um punhado de dólares”, baseado no filme “Yojimbo” de Akira Kurosawa, uma comédia satírica exuberante e impetuosa sobre a violência. O filme, estrelado pelo ator Clint Eastwood, teve duas continuações, formando a trilogia dos dólares: “Por um punhado de dólares”, “Por uns dólares a mais” e “O bom, o mau e o feio” (traduzido também como “Três homens em conflito”).
No filme “Por um punhado de dólares“, um pistoleiro sem nome (Clint Eastwood) chega a dividida por duas gangues rivais, os Rojos, contrabandistas de bebidas, e os Baxters, de armas. Com apoio do velho Silvanito, ele se aproveita desta rivalidade para enriquecer, atuando para os dois grupos, ao mesmo tempo em que procura ajudar Marisol, forçada a ser amante de Ramón Rojo.
Já em “Por uns dólares a mais“, o pistoleiro sem nome é um caçador de recompensas que irá em busca de El Indio, um perigoso bandido, que também está sendo procurado pelo coronel Douglas Mortimer, outro caçador de recompensas. Essa constante do personagem principal não ter um nome torna o filme ainda mais duro e seco, “como eram as coisas no Velho Oeste”, o que pode ser visto no nome do terceiro filme da trilogia.
Duelo final de “Por uns dólares a mais”; “Try this… now we start!”
“O bom, o mau e o feio” conta a história de três pistoleiros competindo para descobrir um fortuna em ouro confederado enterrado em meio ao violento caos de tiroteios, enforcamentos, batalhas da Guerra Civil Americana e campos de prisioneiros. Leone confere uma dignidade artística rara ao gênero, completada pela música de Ennio Morricone (veja mais no post sobre Música dos filmes).
Duelo final do filme “O bom, o mau e o feio” (música de Ennio Morricone); “There are two kinds of people in the world: those with loaded guns, and those who dig. You dig.”
Em 1968, Sergio Leone dirige o filme “Era uma vez no oeste“. Morton, um barão ferroviário, contrata Frank para afugentar Brett McBain, dono de terras que iriam valorizar consideravelmente com a chegada da ferrovia, e seus filhos. Porém, o pistoleiro decide massacrar a família e depois planta evidências incriminando Cheyenne. Nesse meio-tempo, a prostituta Jill chega à cidade e revela que se casara com Brett McBain; portanto as terras ainda tinham dono. O homem com a gaita, Harmonica (interpretado por Charles Bronson), aparece junto com Cheyenne e ajuda a mulher a manter sua propriedade.
Filmou dois filmes como uma continuação em 1971 (“Era uma vez a revolução“, história do bandido mexicano Juan Miranda e o revolucionário irlandês Sean Mallory, que se encontram durante a turbulenta Revolução Mexicana) e em 1984 (“Era uma vez na América“, história de um grupo de amigos de ascendência judaica que crescem juntos cometendo pequenos crimes nas ruas do Lower East Side, em Nova Iorque), formando nova trilogia. O último filme, na verdade, é um filme de máfia muito bom, veja sua resenha clicando no link).
Duelo final do filme “Era uma vez no Oeste” – “Keep your lovin’ brother happy”
Os filmes de Sergio Leone são até hoje fonte de inspiração para outros cineastas como Quentin Tarantino, cujo filme Kill Bill é uma clara referência, e Robert Rodriguez, que se tornou famoso com o filme de baixo custo “El Mariachi”.
Clint Eastwood foi o nome usado por Marty McFly no filme “De volta para o Futuro III” (1990), que é uma paródia do gênero western. A cena em que o personagem usa uma placa de metal sob seu “poncho” como colete à prova de balas foi utilizada por Clint no filme “Por um punhado de dólares” – a mesma cena original é exibida no filme “De volta para o futuro II”, quando Biff assiste TV. Além da famosa atuação como um cara durão e anti-herói, também dirigiu filmes aclamados pela crítica, como “Gran Torino” e “Os Imperdoáveis”.
Eu gostei muito dessa explicação!!!
E me admira muito que uma ótima explicação não tenha nenhum comentário,porque isso significa que as pessoas estão perdendo a cultura,então estou aqui do outro lado desta tela para homenagiar a pessoa que fez este site.
Parabéns!!!
E não se preocupe porque as pessoas podem não estar falando bem de você mais Deus está muito feliz por este ótimo trabalho que você está fazendo.
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