A previsão do tempo sempre foi uma informação de grande interesse público, o que cresceu com a disseminação dos meios de comunicação em massa. Antes, as informações tinham que viajar dos centros de coleta de dados e previsão para os jornais e rádios, seja por carta ou telégrafo, para que fossem divulgadas. Com a televisão, as condições meteorológicas e previsão do tempo foram ganhando cada vez mais espaço nos telejornais e outros programas.
Antes da televisão
Serviços meteorológicos nacionais enviavam relatórios diários e alertas meteorológicos importantes por correio para instituições governamentais, empresas e fazendeiros. No início do século XX, informações meteorológicas eram frequentemente enviadas por telégrafo para jornais e estações de rádio de diferentes regiões, permitindo que previsões locais fossem feitas com base em dados recebidos de centros meteorológicos.
Em áreas rurais ou em pequenas comunidades, previsões do tempo e alertas meteorológicos importantes eram anunciados publicamente em praças ou através de alto-falantes em locais estratégicos. Informações meteorológicas eram fornecidas em estações de trem e portos para ajudar no planejamento de viagens e atividades relacionadas ao transporte.
Com meios de comunicação em massa impressos, como jornais e revistas, a divulgação dessas informações ganhou popularidade. Jornais diários geralmente tinham uma seção dedicada à meteorologia, onde publicavam previsões do tempo para o dia seguinte ou para os próximos dias. Essas previsões incluíam informações sobre temperaturas, precipitação, e condições gerais como sol, nuvens ou tempestades. Alguns até publicavam mapas meteorológicos que mostravam frentes frias, áreas de alta e baixa pressão, e outras características importantes para ajudar os leitores a entender as previsões. Algumas publicações tinham colunas ou artigos escritos por meteorologistas, explicando fenômenos climáticos e dando previsões mais detalhadas.
As estações de rádio transmitiam boletins meteorológicos regulares, geralmente várias vezes ao dia. Estes boletins eram curtos, informando sobre as condições atuais e previsões para os próximos dias. As previsões do tempo eram uma parte regular dos programas de notícias no rádio. Os locutores liam os relatórios meteorológicos fornecidos por institutos de meteorologia. Em algumas ocasiões, meteorologistas eram convidados a participar de programas ao vivo para discutir o tempo e responder perguntas dos ouvintes.
Previsão do tempo na TV Tupi
A primeira apresentação de previsão do tempo na televisão brasileira ocorreu no dia 20 de dezembro de 1951 – ano de sua inauguração pelo jornalista Assis Chateaubriand. Este marco histórico foi realizado pela TV Tupi, a primeira emissora de televisão do Brasil. A previsão do tempo foi apresentada pela meteorologista Aura Herzog, trazendo informações climáticas ao público brasileiro pela primeira vez através da televisão.
A primeira previsão do tempo na televisão brasileira, apresentada pela meteorologista Aura Herzog na TV Tupi, não era um quadro fixo inicialmente, mas sim uma apresentação esporádica. Este primeiro boletim meteorológico foi um evento especial, e não uma inserção regular na programação. O formato inicial era bastante simples, consistindo em uma apresentação direta das condições climáticas, com mapas meteorológicos básicos e a meteorologista explicando as previsões.
TV Cultura
A Fundação Padre Anchieta, uma organização sem fins lucrativos, foi criada em 1967 com o objetivo de gerir a emissora e promover conteúdos de qualidade educativa, cultural e informativa. Seus integrantes são, em sua maioria, profissionais e acadêmicos renomados das áreas de comunicação, educação, artes e ciências, comprometidos com a missão de oferecer uma programação que enriqueça o conhecimento e o desenvolvimento cultural da sociedade. A TV Cultura foi fundada em 1969, em São Paulo, e se destaca por seu compromisso com a produção de programas educativos, infantis, documentários e jornalísticos, tornando-se uma referência em televisão pública de qualidade no Brasil.
O primeiro programa a ser exibido pela Cultura foi o documentário Planeta Terra, no dia 16 de junho, às 19h30, que trazia como tema terremotos, vulcões e fenômenos que ocorrem nas profundezas do planeta. Em seguida, às 19h55, foi levado ao ar um boletim meteorológico chamado “A Moça do Tempo”.
Apresentado inicialmente por Áurea Maria e depois por Albina Mosqueiro [de acordo com material da TV Cultura, mas outras fontes dizem o contrário], com apoio da CNAE (Comissão Nacional de Atividades Espaciais), o boletim dava a previsão do tempo em toda capital paulista. A Cultura foi pioneira na apresentação de boletins meteorológicos, trazendo regularidade e consistência a essa parte da programação televisiva e perpetuando essa expressão na televisão brasileira.
TV Globo
A Rede Globo de Televisão foi fundada pelo jornalista Roberto Marinho, tendo sua primeira transmissão no dia 26 de abril de 1965. O Jornal Nacional, seu programa de jornalismos do horário nobre, é exibido desde 1 de setembro de 1969. Nos primeiros anos, a previsão do tempo era geralmente apresentada pelos próprios âncoras do telejornal ou por meteorologistas convidados. Não havia, inicialmente, um apresentador específico dedicado exclusivamente ao quadro do tempo.
Nos primeiros anos, o boletim do Jornal Nacional anunciava “tempo bom” para afirmar que faria sol e “mau tempo” para dizer que choveria. Até que alguns telespectadores reclamaram e deram um exemplo: no Nordeste castigado pela seca, sol não representava tempo bom, mas o contrário. A partir de então, passou-se a usar as expressões “dia ensolarado” e “dia chuvoso”.
Apenas em 1991, a previsão do tempo se tornou um quadro fixo, com cenário próprio, exibido durante o telejornal e não mais ao seu término. A estreia foi no dia 8 de julho, com a jornalista Sandra Annenberg. Naquela edição, Cid Moreira anunciou: “Terça-feira de tempo bom em quase todo o país. A previsão da meteorologia com fotos do satélite Meteosat, recebidas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, indica também temperaturas altas na maioria dos estados”.
Sandra Annenberg aparecia em pé ao lado de um grande mapa do Brasil, exibido graças ao “chroma-key”. Ela passava parte dos trinta segundos da apresentação de costas para o telespectador, já que a ideia era indicar para a pessoa olhar na direção do mapa. Essa característica mudou ao longo do tempo. A apresentadora também tinha que ficar na frente da região oeste do mapa, cobrindo o Acre e parte ocidental da Amazônia, o que foi corrigdido ao longo dos anos com mudança de posicionamento do apresentador e disposição do mapa.
O mapa desde então passou a ser elaborado e desenvolvido pela equipe do departamento de Arte do Jornalismo em São Paulo. Sandra gravava o quadro diante do fundo verde e, depois de pronto, era enviado ao Rio de Janeiro, onde seria incorporado como VT no telejornal. A apuração da previsão ficava por conta dos meteorologistas Carlos Magno (da Climatempo) e Ana Lucia Frony – eles recebiam boletins e informações, assimilavam e interpretavam o dado para que se tornasse notícia.
Em 1996, quando Bonner e Lillian Witte Fibe assumiram a bancada e houve a reformulação no modo de fazer do Jornal Nacional, Carlos Magno foi convidado para apresentar o Mapa Tempo. Depois do meteorologista, jornalistas vieram, entre eles, Fabiana Scaranzi, Patrícia Poeta, Mariana Godoy, Fabrício Bataglini, Evaristo Costa, Lúcio Sturm, Rosana Jatobá e Maria Júlia (Maju) Coutinho.
TV de Portugal
A RTP (Rádio e Televisão de Portugal) é a empresa pública de radiodifusão de Portugal, responsável por operar diversos canais de televisão e estações de rádio no país. Fundada em 1935 como Emissora Nacional, a RTP passou por várias transformações ao longo das décadas, evoluindo para se adaptar às mudanças tecnológicas e às novas exigências do público.
O primeiro boletim meteorológico surgiu na RTP em 1961. O programa tinha três minutos, era apresentado apenas por homens, que utilizavam quadros desenhados a giz para mostrar as flutuações climatéricas (como se diz em Portugal). Os boletins foram sofrendo pequenas mudanças que passaram, por exemplo, por substituir os quadros a giz por painéis e símbolos magnéticos ou desenhos em folhas de papel. Levou algum tempo até surgirem os quadros eletrônicos.
As mudanças sentiram-se também nos apresentadores. No princípio os boletins eram apresentados apenas por homens, e só nos anos 1980 surgiram os primeiros rostos femininos. Não faltou muito para que a apresentação dos boletins fosse feita em exclusivo pelas “meninas do tempo”. Depois de um regresso, durante algum tempo, de apresentadores masculinos e femininos, “o tempo” surge agora, diariamente, sem a presença física de apresentadores.
Conclusão
Com o tempo, a previsão do tempo evoluiu e se tornou um quadro fixo na programação de diversas emissoras de televisão. Nas décadas seguintes, o formato das previsões do tempo se sofisticou, incorporando gráficos mais detalhados, animações, e tecnologia avançada para simular padrões climáticos.
Atualmente, a previsão do tempo é uma parte essencial dos telejornais e programas de notícias, com meteorologistas e apresentadores especializados que explicam as condições climáticas e previsões de forma clara e acessível ao público. Mas também existem algumas previsões do tempo engraçadas, que podem ser vistas no link.
Fontes
- Wikipedia – Rede Tupi, TV Cultura, TV Globo
- Casa da Dublagem – Áurea Maria
- Almanaque TV Cultura 50 anos
- Memória Globo – Apresentadores do Tempo
- RTP Ensina – A Meteorologia na RTP