No começo de outubro/2024, um registro de nevoeiro em Santos/SP teve uma certa repercussão na internet, particularmente em uma postagem do site Metrópoles. Apesar de alguns dizerem coisas como “fim dos tempos” (nas palavras do comentário de um deputado federal nessa postagem) e atribuirem a fenômenos não relacionados, existe uma explicação científica para sua formação.
O vídeo foi gravado durante o começo da manhã, quando começa a brisa marítima. Durante o dia, o sol aquece a superfície terrestre mais rapidamente do que o mar. Esse aquecimento desigual cria uma diferença de pressão, com o ar mais frio e denso sobre o mar fluindo para o continente na forma de uma brisa marítima. Esse ar marítimo é geralmente mais úmido, e ao encontrar o ar mais quente da terra, pode ocorrer condensação, formando nevoeiro próximo à costa e sobre o mar. No entanto, se a temperatura sobre a terra estiver suficientemente alta, o ar pode ser quente o bastante para impedir que a umidade se condense, resultando em céu claro sobre a cidade.
As cidades, devido ao concreto, asfalto, edifícios e atividades humanas, aquecem mais rapidamente e retêm mais calor do que áreas naturais, criando o que é chamado de “ilha de calor urbano“. Esse aquecimento extra da cidade aumenta a temperatura do ar, dificultando a formação de nevoeiro sobre áreas urbanizadas. A cidade de Santos, por ter maior concentração de edificações e pavimentação, pode estar mais aquecida que a praia e o mar ao redor, inibindo a condensação de umidade e mantendo o céu claro.
Outro fator atuante foi a presença de uma camada de inversão térmica, que prende o ar úmido e frio próximo ao solo sobre o mar, mas que não se estende até o interior da cidade. É um fenômeno comum de acontecer no estado de São Paulo durante o inverno, cuja seca prolongada favoreceu o fenômeno durante o início da primavera também.
O nevoeiro nada mais é do que uma nuvem formada junto da superfície, basicamente formada de água em estado líquido (ou sólida, em lugares muito frios). Assim, esse conjunto de fatores — brisa marítima, ilha de calor urbano e inversão térmica — explica por que o nevoeiro estava concentrado sobre o mar e a praia, enquanto a cidade de Santos permanecia sem nuvens.