A meteorologia, ciência que estuda a atmosfera e os fenômenos climáticos, tem uma história rica e fascinante. Diversos museus ao redor do mundo se dedicam a preservar e apresentar essa história, destacando equipamentos, avanços científicos e a importância da previsão do tempo. Existem instituições de diferentes áreas do conhecimento que possuem painéis, objetos e até seções relacionadas à Meteorologia. Alguns exemplos disso são os museus de ciências e os de aviação, com diferentes atrações:
- Museum of Life and Science – Science on a Sphere (dados meteorológicos em tempo real plotados com luz sobre uma esfera), Tornado Vortex (vórtice de ar ou um tornado de pequena escala se formando), Cloud Bowl (segure uma nuvem com as mãos em uma tijela)
- Perot Museum of Nature Science
- Museu Galileu
- Putnam Museum
- Museo Aeronáutico de Málaga
O Whipple Museum of the History of Science faz parte do Departamento de História e Filosofia da Ciência da Universidade de Cambridge. Fundado em 1944, o museu foi estabelecido graças à doação do cientista e colecionador Robert Whipple, que doou sua coleção pessoal de instrumentos científicos históricos que datam desde o período medieval até o século XX. Isso inclui telescópios, microscópios, instrumentos matemáticos, modelos anatômicos, globos, e muito mais.
A coleção Whipple inclui excelentes exemplos de instrumentos que medem a pressão do ar (barômetros), temperatura (termômetros), taxas de evaporação (atmômetros), vento (anemômetros) e umidade (higrômetros). O Museu também possui uma coleção de cartas e mapas que representam padrões climáticos e fenômenos meteorológicos. Embora muitos dos instrumentos utilizados para estudar o tempo e a atmosfera tenham sido inventados no século XVII ou antes, foi durante os séculos XVIII e XIX que ocorreram desenvolvimentos significativos na investigação meteorológica.
No final do século XVIII, a previsão do tempo ainda era baseada em sinais naturais, como o comportamento dos animais e a aparência do céu, exemplificada pela expressão “Céu vermelho à noite, alegria do pastor. Céu vermelho de manhã, aviso do pastor.” No século XIX, a meteorologia começou a se desenvolver com base em fenômenos mensuráveis, como o vento, a intensidade do Sol e a aparência das nuvens.
A Tabela do Tempo de Herschel, criada em 1815, relacionava a posição do Sol e as fases da Lua com o clima terrestre, apesar de não ter sido desenvolvida por William Herschel ou seu filho John, e William a repudiou publicamente. Contudo, a influência da Lua no clima era amplamente estudada na época. William Herschel apoiava teorias lunares que ligavam a influência gravitacional da Lua a mudanças na eletricidade atmosférica.
John Herschel continuou o trabalho do pai, integrando teorias lunares à física terrestre e estudando o clima como um fenômeno global. Influenciado por Charles Lyell, John investigou a circulação de ar quente e frio, os ventos alísios e a deflexão do ar pela rotação da Terra. Ele comparou essas condições atmosféricas com os cinturões de Saturno e Júpiter.
A partir do final do século XIX e início do século XX, a previsão do tempo tornou-se mais científica, com o uso de instrumentos específicos. Firmas como Negretti e Zambra produziram dispositivos portáteis, como dials que, combinados com leituras de barômetros e anemômetros, previam mudanças de tempo. Outro exemplo é o “Daily Weather Guide” de D. & K. Bartlett, que usava um dial central para previsões baseadas no tipo de nuvem e direção do vento.
Museus específicos sobre Meteorologia
Alguns museus são voltados especificamente para as ciências atmosféricas podem ser encontrados em diferentes lugares do mundo. Alguns exemplos são os museus que ficam em Hiroshima (Japão), Seul (Coreia do Sul) e Oklahoma (EUA). O Brasil tem o Museu de Meteorologia em São Paulo/SP – mais informações no post Meteorologia no Parque Cientec.
O Museu de Meteorologia de Ebayama, na Cidade de Hiroshima, é dedicado a fenômenos meteorológicos e ciência, oferecendo aos visitantes a oportunidade de observar monitoramento meteorológico e experimentar simulações de chuvas torrenciais e tempestades. O prédio foi construído como Estação Meteorológica de Hiroshima em 1934 e começou a operar em 1º de janeiro de 1935. Devido ao crescimento urbano e interferências nas medições meteorológicas, a estação foi realocada para o Monte Eba. Em 1939, a estação foi nacionalizada e renomeada Estação Meteorológica de Hiroshima do Observatório Meteorológico Central. Em 1987, foi transferida para um complexo governamental em Hacchobori.
Durante a guerra, informações meteorológicas tornaram-se segredo militar. Em 6 de agosto de 1945, a bomba atômica danificou severamente o edifício da estação meteorológica. Apesar dos danos, a observação meteorológica continuou sem interrupção, refletindo o espírito dos observadores científicos. O diário de serviço da estação descreve os eventos após o bombardeio, incluindo ferimentos na equipe e a continuação das observações meteorológicas. Em 17 de setembro de 1945, um mês após o bombardeio, um tufão atingiu Hiroshima. A estação emitiu avisos meteorológicos, mas devido à infraestrutura de comunicação danificada, a informação não pôde ser eficazmente disseminada ao público.
O prédio do Museu Nacional de Meteorologia da Coreia do Sul foi originalmente construído em 1932 como Observatório Meteorológico Gyeongseong com uma extensão em 1939, mas o museu em si foi inaugurado somente em 2020. Possui grandes relíquias com valor meteorológico, como o ‘Pluviômetro Gongju Chungcheong Gamyeong’, um tesouro nacional que simboliza a cultura científica meteorológica da Coreia desde o período dos Três Reinos até o presente – veja mais nesse panfleto. Um outro panfleto em inglês detalha um pouco melhor as atrações.
Os cientistas e líderes comunitários que fundaram o National Weather Museum and Science Center queriam estabelecer um museu que abrigasse instrumentos meteorológicos históricos e exibições interativas, mas que também servisse como um local para aprender sobre o clima e a ciência. O objetivo era preservar a história e destacar o futuro da observação, previsão e pesquisa meteorológica. Localizado em Norman (Oklahoma, EUA), visitantes deixaram fotos em sua descrição no Google Maps. Uma planejada expansão do museu está prevista e divulgada no vídeo a seguir: