Ilusões de óptica

De tempos em tempos, alguma ilusão de óptica acaba ficando muito comentada – como a de saber qual era a cor do vestido (clique no link para descobrir). A ilusão de óptica é um truque que “engana” o sistema visual humano, fazendo-nos ver qualquer coisa que não está presente ou de modo errado. Algumas são de carácter fisiológico (quando surgem naturalmente), outras de carácter cognitivo (quando se cria com artifícios visuais), conforme veremos nos exemplos a seguir.

Cobras rotativas (Akiyoshi Kitaoka, 2012): a sensação de movimento se dá mais por minúsculos e rápidos movimentos dos olhos do que pela visão periférica, que geralmente é tida como a responsável por este tipo de ilusão (o Pernalonga não está na obra original do psicólogo rs)
Cobras rotativas (Akiyoshi Kitaoka, 2012): a sensação de movimento se dá mais por minúsculos e rápidos movimentos dos olhos do que pela visão periférica, que geralmente é tida como a responsável por este tipo de ilusão (o Pernalonga não está na obra original do psicólogo :P)

A interpretação do que vemos no mundo exterior é uma tarefa muito complexa. Já se descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o processamento da visão (umas parecem corresponder ao movimento, outras à cor, outras à profundidade, etc). O nosso sistema visual e o nosso cérebro tornam as coisas mais simples do que aquilo que elas são na realidade. E é essa simplificação, que nos permite uma apreensão mais rápida (ainda que imperfeita) da realidade exterior, que dá origem às ilusões de óptica.

Veja o vídeo acima. Concentre-se no centro da roda girando por 15 segundos e depois olhe para as costas da sua mão. Você vai ver a mão se mexendo sozinha, seguindo o movimento que era executado pela roda girando.

Ilusão de Ponzo (1911): as linhas tem o mesmo tamanho, mas parecem ter tamanho diferente por causa da ilusão de profundidade causada pelas linhas aparentemente paralelas. Pela mesma razão que a Lua parece maior quando está próxima do horizonte. (http://www.apolo11.com/lua_sol_horizonte.php)
Ilusão de Ponzo (1911): as linhas tem o mesmo tamanho, mas parecem ter tamanho diferente.

Veja essa imagem de um trilho de trem. O sistema visual (olhos mais o cérebro) conhece a perspectiva, nos dando a ilusão de profundidade (parece que o trilho está se afastando na parte de cima da imagem). Na figura a seguir, vemos a linha que está em baixo como sendo mais curta do que a outra, mas elas tem o mesmo tamanho. Isso acontece porque o sistema visual usa o ângulo entre as duas retas laterais para estimar o ângulo do nosso olhar relativamente ao solo. E isso faz com que pensemos que a linha de baixo está mais próxima (e, portanto, maior). Pela mesma razão que a Lua parece maior quando está próxima do horizonte. Ao vermos um filme 3D, temos a ilusão de profundidade aumentada (veja sobre como funciona o a tecnologia 3D no site Tecmundo).

Ilusão do tabuleiro de damas.
Ilusão do tabuleiro de damas.

Observe os quadrados A e B da imagem a seguir. Note que vemos o quadrado A como sendo mais escuro do que o quadrado B. No entanto, como se vê pela figura da direita, em que simplesmente se adicionou duas barras com a mesma cor de A, ambos têm exatamente a mesma cor. O sistema visual usa apenas a informação sobre as transições mais abruptas para construir a imagem de refletância, e nos parece que os quadrados A e B possuem diferentes intensidades de cinza.

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Observe essa bandeira do Brasil com as cores invertidas por uns 10 segundos e depois olhe para uma superfície branca para ver as cores complementares aparecerem corretamente.

Cores complementares podem ser definidas como tons que, quando somados, resultam no cinza médio, que é uma cor neutra. Quando colocadas lado a lado, ressaltam uma a outra (veja mais no site “Um pouco sobre cor“). Existem alguns efeitos fisiológicos que comprovam o contraste complementar, como a pós-imagem. Ela ocorre quando se olha para uma figura por algum tempo e as células do olho ficam saturadas (até mesmo incapacitadas de perceber outras cores). Para que o olho volte ao seu equílibrio, o cérebro projeta a cor complementar àquela que satura o olho, para anular seus efeitos e alcançar o cinza.

Descubra o que está errado na placa e tente ler os textos ao lado.
Descubra o que está errado na placa e tente ler os textos ao lado.

O cérebro tem a capacidade de o cérebro assimilar uma mensagem sem perceber um erro aparente, falta ou excesso de informação. Ao olharmos a placa, inconscientemente já assimilamos a mensagem só que não lemos palavra por palavra. O mesmo ocorre em um texto bagunçado ou mesmo ler uma palavra que seja o nome de uma cor, mas ela estiver pintada de uma outra cor.

Criada em 1915 pelo cartunista W. E. Hill, esta figura mostra duas imagens que podem ser vistas: uma garota, posicionada de perfil olhando para longe, ou o rosto de uma senhora idosa que olha para o chão.
Criada em 1915 pelo cartunista W. E. Hill, esta figura mostra duas imagens que podem ser vistas: uma garota, posicionada de perfil olhando para longe, ou o rosto de uma senhora idosa que olha para o chão.

Maurits Cornelis Escher foi um artista gráfico holandês conhecido pelas suas obras que tendem a representar construções impossíveis, assim como a utilização de conceitos como profundidade, perspectiva e ilusão de movimento. Veja a galeria de obras do artista no The Official M. C. Escher Website.

Waterfall (litografia de M. C. Escher, 1961): a água da base parece correr para cima pelo aqueduto para cair na cachoeira, mas a orientação dos tijolos dá a entender o contrário. Tem a estrutura do triângulo de Penrose, figura impossível de ser construída.
Waterfall (litografia de M. C. Escher, 1961): a água da base parece correr para cima pelo aqueduto para cair na cachoeira, mas a orientação dos tijolos dá a entender o contrário. Tem a estrutura do triângulo de Penrose, figura impossível de ser construída.

Existem pinturas que, de acordo com o ângulo observado, parecem ter profundidade. O alemão Edgar Müller, o inglês Julian Beever, o sueco Erik Johansson e outros realizam várias obras pintadas na própria rua. O vídeo a seguir ilustra bem esse exemplo de ilusão de óptica.

O próximo vídeo mostra várias ilusões, inclusive utilizando refração da luz (seta muda de direção ao se observar através de um copo com água), a formação de uma imagem real devido a um dois espelhos parabólicos (tente pegar o sapo) e o ponto cego. O ponto cego é uma pequena área da retina que não contém receptores de luz, e durante o processamento da imagem, o cérebro preenche esse ponto com informações sobre imagens ao redor e com informações registradas pelo outro olho (no vídeo, se você olhar para o ponto somente com um dos olhos, a imagem da pessoa ao lado, que seria formada no ponto cego, não aparece). Tem mais coisas interessante no canal que fez esse conjunto de vídeos, o Crazy Russian Hacker.

E falando em ilusão, já estamos entrando na área da mágica, como por exemplo parecer levitar em público. Veja como fazer a Levitação de Balducci clicando aqui (e um exemplo dela nesse vídeo de David Blaine).

Veja também como funcionam as ilusões de profundidade, como em um cinema 3D clicando nesse link. Sugestão de site: Blog de Ilusões de Óptica.

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