Geoformas do Algarve

A porção leste do Algarve (sul de Portugal), conhecida como Sotavento, possui praias longas de areia fina e braços de rio correndo paralelos ao oceano. Já a porção oeste, conhecida como Barlavento, apresenta um litoral ricamente entrecortado por diversas formações geológicas.

Conhecidas em Portugal como arriba (do latim “ripa”) e como falésias (do francês “falaise”) no Brasil, elas são formações geológicas caracterizadas por vertentes íngremes ou abruptas, que se estendem ao longo de áreas costeiras ou em regiões montanhosas. Resultam da ação combinada de processos naturais, como erosão, intemperismo, eólica, pluvial e marinha, ao longo de milhares ou mesmo milhões de anos.

Praia da Marinha. Foto: ViniRoger
Praia da Marinha. Foto: ViniRoger

As falésias do Algarve foram talhadas naturalmente em rochas carbonatadas com idade entre 24 e 16 milhões de anos atrás. Estas rochas são muito vulneráveis ao contato com a água doce e facilmente esculpidas, dando origem ao que se conhece por paisagem cársica. O termo carso remete ao relevo produzido pelo trabalho de dissolução das águas superficiais e subterrâneas na rocha calcária. Em outubro de 1998, um grande desmoronamento ocorreu na Praia da Marinha resultando na formação de um novo leixão – isso pode ser observado na porção de rocha da foto acima.

Uma falésia é, por definição, uma formação em erosão, logo em permanente evolução, de que resulta o recuo generalizado do litoral. Esse processo natural implica na perda de território para o mar, a taxas que oscilam de dois milímetros a dois metros por ano. Essa evolução ocorre mediante uma sequência de desmoronamentos episódicos que se concentram no inverno algarvio, quando a ação dos principais agentes físicos envolvidos (ondulação e precipitação) atingem maior intensidade.

Os algares (ou furnas, como são mais conhecidas no Brasil) são falésias que apresentam cavidades ou fendas profundas em sua estrutura. Essas cavidades podem se formar devido à ação da água do mar, que cria túneis e cavernas através da erosão das rochas calcárias. Com o tempo, essas cavidades podem se expandir, formando verdadeiros labirintos subterrâneos. Algumas furnas, em período de agitação marinha, produzem um forte ruído resultante da compressão do ar formada pela força das ondas.

Algar de Benagil visto de uma das duas entradas pelo mar. Foto: ViniRoger
Algar de Benagil visto de uma das duas entradas pelo mar. Foto: ViniRoger

As grutas são cavidades naturais que se formam dentro das falésias, muitas vezes devido à ação da água subterrânea. Elas podem variar em tamanho, desde pequenas câmaras até extensos sistemas de cavernas. As grutas são importantes não apenas como formações geológicas, mas também como habitats para uma variedade de vida selvagem.

Gruta localizada em falésia entre Praia da Marinha e Algar do Benagil. Foto: ViniRoger
Gruta localizada em falésia entre Praia da Marinha e Algar do Benagil. Foto: ViniRoger

Os leixões são formações de falésias que se destacam por apresentar uma plataforma plana ou ligeiramente inclinada na sua base. Essas plataformas são resultado da erosão marinha, que desgasta a parte inferior das falésias, deixando para trás uma superfície plana. Os leixões são frequentemente encontrados em regiões costeiras de rochas sedimentares.

Os cones dendríticos são formas de falésias que se assemelham a cones ou pirâmides, com múltiplos picos e cristas afiadas. Essas formações são geralmente encontradas em áreas de relevo cárstico, onde a dissolução química das rochas calcárias cria padrões complexos de erosão. Os cones dendríticos são frequentemente associados a sistemas de cavernas subterrâneas.

As sapas são depressões ou ravinas formadas na base das falésias, muitas vezes devido à ação da água da chuva ou de cursos d’água que correm ao longo das vertentes. Essas depressões podem se estender por centenas de metros e são importantes para o processo de erosão das falésias, uma vez que facilitam o transporte dos sedimentos erodidos para longe da base das formações rochosas.

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