Ferrorama

A Manufatura de Brinquedos Estrela S.A. é uma tradicional fábrica de brinquedos brasileira fundada em 1937 na cidade de São Paulo, possuindo mais de 400 produtos em sua linha. Ela que produziu o Ferrorama: uma miniatura de ferrovia em escala 1:64 (escala S) com locomotivas e vagões movidos a pilhas, sendo um grande sucesso de vendas nos anos 1980.

(Um parênteses sobre teoria em ferrovias) O transporte ferroviário é realizado sobre trilhos, podendo ou não ter uma via eletrificada em anexo. O trem é o conjunto formado pela locomotiva (movida a vapor, diesel ou eletricidade) e pelos vagões ligados entre si. A bitola é a distância entre os trilhos do trem – no caso da escala S, é de 22,43 mm. O sinaleiro antigo (presente no Ferrorama) é usado antes de pontos que podem exigir uma parada. Para conhecer mais definições sobre trens, veja no início do post Passeios de trem no Brasil.

Sinaleiro (sinal semafórico) britânico (tipo de quadrante inferior) com sinal de parada. Fontes: Museu Ferroviário de São João del Rei e Wikipedia
Sinaleiro (sinal semafórico) britânico (tipo de quadrante inferior) com sinal de parada. Fontes: Museu Ferroviário de São João del Rei e Wikipedia

O Ferrorama original era fabricado pela Japonesa Tomy, inspirada na Locomotiva Real (conhecida como D-51). Sob o nome de Super Rail Black, possuía uma frota grande de locomotivas vagões e trilhos, porém vieram poucas peças para o Brasil através da concessão direitos de fabricação para a Estrela. Também exportou para os EUA sua versão americanizada (Switch-a-Rail), que possuía quatro modelos de circuito. A empresa espanhola Geyper também lançou três modelos de circuito sob o nome de Geyper Tren Automático, com 2 cores de locomotiva diferente, nos mesmos moldes de licenciamento da Estrela.

No Brasil, o Ferrorama foi produzido em três gerações. A primeira geração foi produzida entre 1979 e 1984, em seis versões:

  • XP-100: composto de uma locomotiva, um tender (vagão onde o carvão é transportado) e um vagão de carga. Sua pista era oval e continha um comando de alavancas para retorno (presente em todos os modelos da série), dois postes e um sinaleiro sem escada;
  • XP-200: versão com mais trilhos e um desvio curto. Contava também com um comando de marcha ré, vagão tanque e um sinaleiro com escada (no lugar do sem escada);
  • XP-300: parecido com o XP-200, porém com mais trilhos formando um círculo, além de cinco postes, um comando manual de marcha a ré e dois sinaleiros (com escada e sem escada);
  • XP-400: possuía a mesma estrutura dos anteriores (sistema oval), mas com uma rampa em um circuito complementar e uma cancela. Tem quatro sinaleiros (dois com escada e dois sem escada), trazendo como inovação o vagão para passageiros;
  • XP-500: circuito diferenciado e mudança do modelo da locomotiva, agora a ED75;
  • XP-600: circuito parecido com o XP-500 mas um pouco menor que o anterior, e a locomotiva tinha faróis.
Caixa, esquema e foto dos Ferroramas da primeira geração. Fonte: Naquele tempo
Caixa, esquema e foto dos Ferroramas da primeira geração. Fonte: Naquele tempo

Em 1984, foi lançada a segunda geração – veja o comercial da época no link. Foram cinco novas versões:

  • XP-1100: circuito semelhante ao XP-100, locomotiva com faróis e sons de trens reais;
  • XP-1200: circuito semelhante ao XP-200, locomotiva com faróis e sons de trens reais;
  • XP-1300: circuito semelhante ao XP-300, locomotiva com faróis e sons de trens reais;
  • XP-1400: circuito novo com formato de oito, com ramal “serpenteado”, desvio curto, locomotiva com faróis e sons de trens reais;
  • XP-1500: circuito semelhante ao XP-500, locomotiva sem faróis e sons.
Caixa, esquema e foto dos Ferroramas da segunda geração. Fonte: Naquele tempo
Caixa, esquema e foto dos Ferroramas da segunda geração. Fonte: Naquele tempo

A terceira geração foi lançada em 1987, chamada SL, em quatro modelos:

  • SL-2000: circuito igual ao da versão XP-200, porém com um trens de passageiros no lugar do cargueiro, além de inovações nas cores e modelos de trens;
  • SL-3000: circuito foi inteiramente redesenhado, com um desvio um longo a direita e outro um duplo a esquerda, e o trem era o mesmo do XP-300 e XP-1300, porém com outras cores;
  • SL-4000: circuito semelhante ao XP-1400, com uma pista ao estilo sistema em 8, uma ponte mais longa e dois trilhos passando embaixo (no XP-1400 passa apenas um) e dois desvios (um longo a direita e um duplo a esquerda). Contava com uma locomotiva elétrica no lugar da locomotiva a vapor, e um vagão com contêineres, no lugar do vagão de passageiros;
  • SL-5000: circuito oval duplo intercalado. Possui dois trens, sendo um de passageiros e um cargueiro. Além da rampa, possui a ponte (a mesma do XP-500, XP-600 e XP-1500) na cor cinza, desvios duplos, desvio longo à esquerda, cruzamento em “x”, desengate, para-choque, desengate e comando de alavanca. Veja mais sobre esse modelo no post Ferrorama SL-5000 montado com maquete, com vídeos mostrando seu funcionamento.
Caixa, esquema e foto dos Ferroramas da terceira geração. Fonte: Naquele tempo
Caixa, esquema e foto dos Ferroramas da terceira geração. Fonte: Naquele tempo

Foram mais de 2 milhões de unidades vendidas no mundo, até ter a sua fabricação descontinuada em 1989. Na década de 1990, a série passou por uma renovação, e os modelos SL-4000 e SL-5000 ganharam uma estação eletrônica, que reproduzia um som de trem de verdade (apito, sinos, sons de trem etc) quando o trem passava sobre ela. Em 1997 foi lançado uma edição especial do modelo SL-5000, com vários cenários do circo do empresário Beto Carreiro.

Ferrorama no século 21

Mesmo quase 20 anos depois, ainda havia muitas comunidades na internet pedindo a volta do trenzinho. Em 2007, houve um modelo comercializado com o nome Ferrorama, porém tinha controle remoto e os trilhos eram um pouco maiores que os tradicionais. A Estrela prometeu relançar o Ferrorama se os fãs do trenzinho cumprissem a tarefa de percorrer os 20 quilômetros finais do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

A comunidade do Orkut “Volta Ferrorama”, com mais de 3 mil entusiastas, liderou a tarefa, usando 120 metros de trilhos doados pelos fãs em uma construção que durou três dias – com chuva. O desafio foi cumprido, e o novo Ferrorama foi lançado. Foram realizadas 1230 pré-reservas no site da Estrela antes mesmo de anunciarem a data de relançamento. Foram relançadas duas versões:

  • XP-100: no segundo semestre de 2010
  • XP-300: em 2015, acompanhada por cinco postes, dois sinaleiros, um conjunto de desengate dos vagões e um comando de alavanca.
XP-100 e XP-300 relançados. Fonte: divulgação
XP-100 e XP-300 relançados. Fonte: divulgação

O novo tem controle remoto – na versão antiga, o trem era controlado pelas alavancas e pelos desvios nos trilhos. Veja o comercial do novo Ferrorama no link. Para quem quiser ver mais vídeos, dos modelos clássicos, existe essa playlist do canal do Gabriel Ramos.

Fontes

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