Depois de tantas notícias ruins em 2020, muitos viram com apreensão o começo de julho com notícias falando sobre um ciclone que parece ser pior que um normal, o ciclone bomba. Em áreas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, foram previstos e registrados vento moderado a forte (40 a 80 km/h) e rajadas muito intensas (50 a 140 km/h), com consequentes quedas de árvores, postes, destelhamentos e falta de luz, além de acentuada queda da temperatura, sensação térmica baixa (devido ao ar frio, úmido e vento) e chuva intensas. A Marinha emitiu um comunicado para alertar mar agitado e ondas de até 7 metros na região Sul.
Um ciclone é um centro de baixa pressão atmosférica, ou seja, o ar relativamente quente e leve sobe e favorece a formação de nuvens e precipitação. Por isso, tempo chuvoso e nublado, chuva e vento forte estão normalmente associados a ciclones. Quando um ciclone é formado fora da região tropical, é conhecido como ciclone extratropical. Quando ocorre a formação de um ciclone tropical (em águas mais quentes), podem ganhar denominações como furacão (no Oceano Atlântico), tufão (no Oceano Pacífico), tempestade tropical, depressão tropical ou simplesmente ciclone (no Oceano Índico).
É comum ocorrer a formação de ciclones na região sul da América do Sul e avançarem ao longo da costa do Brasil, associados a frentes frias. A diferença é que esse ciclone teve um crescimento muito mais rápido que o habitual, e por isso recebeu o nome de “ciclone bomba” ou “bomba meteorológica”. A mudança na pressão necessária para classificar algo com esse nome depende da latitude. Por exemplo, a 60° de latitude, ocorre ciclogênese explosiva se a pressão central diminuir em 24 mbar (hPa) ou mais em 24 horas.
Entre esta terça e a quarta-feira, o modelo alemão Icon da MetSul previu uma queda de 1001 hPa para 976 hPa na pressão do centro do ciclone, ou seja, 25 hPa de queda em 24h. Quanto mais adentro do continente estiver o ciclone, maiores serão os desastres. Como esse começou a se formar no sul do Paraguai e seguiu para sudeste, uma linha de instabilidade associada ao ciclone acabou atingindo boa parte dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina com força, provocando grandes estragos.
As quatro regiões mais ativas em que a ciclogênese explosiva extratropical ocorre no mundo são o Noroeste do Pacífico, o Atlântico Norte (onde recebe o nome de Nor’Easter), o Sudoeste do Pacífico e o Atlântico Sul. Ciclones com aprofundamento explosivo ao sul de 50° S geralmente mostram movimento na direção do equador. Ao longo do ano, 26 ciclones em média no Hemisfério Sul se desenvolvem de forma explosiva, mas costumam se formar mais ao sul ou mesmo próximo à Antártida.
Como se proteger?
A formação de um ciclone é um fenômeno meteorológico que consegue ser bem previsto com alguns dias de antecedência, sendo que quanto mais perto do dia de ocorrência, maior a previsão em sua intensidade e localização. Os órgãos de defesa civil estaduais e locais possuem acesso a órgãos públicos e empresas de meteorologia que fazem previsões de tempo, de modo a antecipar e planejar possíveis atuações. De acesso dessas informações, emitem alertas em redes sociais, páginas de internet, SMS, etc, para avisar a população. Os jornalistas da mídia também coletam essas informações para montar as pautas das notícias.
A região Sul do Brasil é fortemente impactada pelo avanço de frentes frias no outono e inverno, assim como sistemas convectivos de mesoescala em períodos mais quentes. Assim, pancadas de chuva e ventos fortes são comuns de acontecer, mas as vezes, de maneira mais intensa. Assim, além de acompanhar as previsões de tempo para sua região, é importante também tomar alguns cuidados, como:
- Mantenha a manutenção do telhado em dia, conferindo se o madeiramento está firme, se as telhas estão bem presas e se as calhas estão desobstruídas;
- Durante as tempestades fique em casa e afastado de cercas, alambrados, linha telefônicas ou elétricas e estruturas metálicas, no caso de raios;
- Não permaneça dentro d’água nem em pequenas embarcações durante as tempestades;
- Se você estiver viajando, permaneça dentro do automóvel (ele oferecem uma excelente proteção contra raios);
- Se estiver em ambiente fechado, feche bem janelas, basculantes e portas de armários, evitando canalizações de ventos;
- Desligue os aparelhos elétricos, principalmente quando ocorrer descargas elétricas, e feche o registro do gás de cozinha, evitando agravamentos no caso de queda de árvore;
- Evite ficar próximo a encostas e lugares altos sem proteção;
- Quando estiver transitando pelas avenidas, evite passar sob cabos elétricos, outdoors, andaimes, escadas, estruturas que não transmitem segurança, escadas, dentre outros;
- Não se abrigue debaixo de árvores ou em frágeis coberturas metálicas;
- Não se arrisque em atravessar à pé ou com veículos em ruas e pontes alagadas ou com enxurradas;
- Em caso de alagamento é recomendado evitar contato com as águas, pois além da contaminação que pode causar graves doenças, há também o risco de choque elétrico.
Fontes
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