Evolução da pressurização e das janelas de aviões

Nos primeiros anos da aviação, quando os aviões utilizavam motores a pistão e voavam a baixa altitude, eles não eram pressurizados. Porém, com o advento dos motores a jato, os aviões começaram a voar cada vez mais alto. Isso trouxe um problema: os aviões estavam preparados para voar em altitudes elevadas, mas os seres humanos não. A densidade do ar nessas altitudes não é suficiente para permitir que as pessoas respirem normalmente. A solução para esse problema foi a pressurização das aeronaves, permitindo que os passageiros e tripulantes pudessem respirar sem a necessidade de cilindros de oxigênio, além de proporcionar conforto com temperaturas agradáveis, geralmente entre 22 e 24°C.

A pressurização de um avião é realizada através da sangria de ar dos motores da aeronave, que é tratado e condicionado antes de entrar na cabine de passageiros. Em alguns casos, como no Boeing 787, a pressurização pode ser feita também através de compressores, que desempenham a mesma função da sangria de ar dos motores.

No entanto, a resolução desse problema de voar em altitudes elevadas trouxe outra questão: a estrutura da aeronave precisava ser capaz de suportar essa pressão. Caso contrário, havia o risco de explosão durante o voo. Isso foi evidenciado com o primeiro avião a jato da história, o Havilland Comet, que sofreu vários acidentes devido à fadiga da fuselagem. Após investigações, descobriu-se que um dos fatores que contribuíam para essa fadiga eram as janelas com cantos vivos. Após essa descoberta, os engenheiros modificaram as janelas, arredondando seus cantos, e desde então não houve mais explosões de fuselagem em voo.

Orifício de equalização de pressão em uma janela de avião, com cristais de gelo formados devido à sublimação do vapor d'água interno da cabine. Fonte: Chris Waits
Orifício de equalização de pressão em uma janela de avião, com cristais de gelo formados devido à sublimação do vapor d’água interno da cabine. Fonte: Chris Waits

Uma janela de avião possui, no mínimo, três camadas: um painel externo resistente, um painel do meio onde está localizado o furinho e um painel interno de acrílico, que é puramente estético e não contribui para a pressurização ou segurança do voo. O furinho na janela permite equalizar as pressões entre os painéis e também remove a umidade do ar para evitar o embaçamento da janela.

Os modelos mais recentes de aviões, como o Boeing 787 Dreamliner e o Airbus A350, utilizam tecnologias avançadas para garantir a segurança e o conforto dos passageiros. O Dreamliner, por exemplo, possui um sistema de janelas com camadas de vidro e gel eletrocrômico, que escurece a janela conforme a necessidade, substituindo as persianas tradicionais. Além disso, a pressurização do 787 é mais forte e o ar mais úmido, proporcionando uma sensação mais agradável durante o voo.

Embora o furinho nas janelas esteja se tornando menos visível nos novos modelos de aviões, ele continua desempenhando um papel crucial na pressurização e no conforto dos passageiros, garantindo que a viagem ocorra como planejado.

Fonte: Aviões e Músicas – O FIM do FURINHO | EP. 1233

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