Dicas de estudo

Esse post apresenta algumas dicas de estudo que costumo praticar, além de um relato da experiência de um professor da USP sobre seu aprendizado no Japão (com uma cultura conhecida mundialmente pela disciplina e valorização da inteligência).

Lembra do jogo Genius? Ele gerava uma combinação de cores acendendo em uma determinada ordem e você deveria repetir a sequência. A informação é guardada no cérebro nda mesma forma: através de uma combinação de impulsos elétricos entre neurônios. Da mesma forma que um caminho feito em um campo gramado, quanto mais vezes trilhar por esse caminho, mais forte ele ficará (e quanto mais estudar, mais fixado estará o conhecimento).
Lembra do jogo Genius? Ele gerava uma combinação de cores acendendo em uma determinada ordem e você deveria repetir a sequência. A informação é guardada no cérebro da mesma forma: através de uma combinação de impulsos elétricos entre neurônios. Da mesma forma que um caminho feito em um campo gramado, quanto mais vezes trilhar por esse caminho, mais marcado ele ficará (e quanto mais estudar, mais fixado estará o conhecimento).

Exercite seu cérebro pensando e resolvendo problemas: O que acontece se você não fizer exercícios físicos? O corpo humano entende que não precisa de muita massa muscular, e você fica fraquinho. O cérebro é a mesma coisa: se não exercitar, ou seja, PENSAR, ele atrofia, e quanto mais forte, mais coisas ele será capaz de fazer! Essa é uma analogia válida considerando-se que a memória funciona através de uma combinação de estímulos elétricos entre os neurônios (tipo aquele jogo, Genius, que tinha que repetir uma combinação de luzes): quanto mais vezes o cérebro fizer aquela combinação, melhor ficará guardada a informação (como em uma praça onde várias pessoas fazem sempre o mesmo caminho, a grama morre pelo pisoteio e abre-se uma trilha). Veja mais sobre como são formadas as memórias no vídeo abaixo:

Envolver mais áreas do cérebro também ajuda, por exemplo, ler em voz alta e conversar sobre o assunto. Como analogia, imagine um papel que só uma pessoa saiba onde está. Se ela esquecer, já era. Mas se um número maior de pessoas souberem desse papel, é mais difícil que ele se perca para sempre. O mesmo acontece para o conhecimento adquirido usando mais partes do cérebro, ficando mais fácil para passar o conteúdo para memória de longo prazo e retomá-lo depois.

Sabe-se que a emoção ajuda a gravar melhor a informação. Por isso os cursinhos abusam de músicas e piadinhas. Só não pode ficar apaixonado, que isso é contra o aprendizado.

Seja uma pessoa crítica: interprete o enunciado da questão, entenda o que estão perguntando e colete os dados para resolver o problema. Quem aceita verdades não pensa por conta própria e vira uma massa de manobra servindo a propósitos de outras pessoas. Além disso, aceitar algo sem criticar é o mesmo que decorar, e quando alguém decora algo, muitas vezes esquece depois se não usar todo dia.

Seja pró-ativo: você sai do lugar se não se mexer? Tenha mais iniciativa para ler e pensar. “Uma caminhada de mil léguas sempre começa pelo primeiro passo”. Ao estudar, nunca chute uma resposta (isso pode valer na hora da prova, mas não se engane ao estudar). Tente chegar em uma resposta com o seu conhecimento. Se não der, pesquise nos livros, internet, colegas e professores. Entender é diferente de aprender: para fixar o conhecimento e descobrir se realmente aprendeu, tente explicar para alguém o conteúdo.

O vídeo a seguir apresenta Pierluigi Piazzi, radialista, professor de Física e cofundador da Editora Aleph, falando sobre a diferença entre ser aluno e ser estudante:

Geralmente, da primeira vez que o conteúdo é apresentado (seja lendo antes da aula ou durante a aula), não surgem muitos questionamentos. Já na segunda vez que o assunto é visto, começam a surgir dúvidas. Por isso é bom se preparar para a aula, porque então as dúvidas surgirão durante a aula, quando tem alguém para respondê-las, e não sozinho tentando fazer os exercícios.

Aprenda com os erros: você aprende a cozinhar se não colocar a mão na massa? Talvez você tente e saia tudo errado nas primeiras vezes, mas se aprender com os erros, vai fazer melhor e mais rápido. Caso erre, entenda o porquê da resposta ser essa, se convença daquilo que te disseram estar certo. E se a questão estiver difícil, deixe para resolver depois, e faça as mais fáceis primeiro.

Aula dada, aula estudada: o cérebro trabalha com vários tipos de memória. A memória de trabalho retém a informação por poucos minutos ou segundos. Caso a informação não seja utilizada mais vezes, ela pode ser perdida para sempre. Caso seja utilizada, a informação passa para a memória de longo prazo, que é o aprendizado e as lembranças. Assim, não deixe para estudar na véspera da prova, pois você esquecerá a maioria da matéria e será bem mais difícil recuperar. Além disso, acumula um monte de coisas para estudar, e o cérebro não vai reter todas essa informação de uma vez só. Estudar várias horas seguidas é bem menos proveitos para o aprendizado (absorve-se mais conteúdo na primeira meia hora de estudo). Para completar, você poderá ficar nervoso de ver um monte de coisas para estudar e absorver menos ainda da matéria. O melhor é estudar logo depois da aula, no mesmo dia.

Foco: tenha um objetivo e não distrair (por exemplo, conversar durante a aula ou ficar conversando durante os estudos). Quando se tem um objetivo e perseverança, os obstáculos ficam menores. Deixe de lado outros problemas da vida. Uma cena do cinema para pensar sobre isso: no filme Cães de Aluguel (do diretor Quentin Tarantino), um grupo de assaltantes planejam um assalto liderados por um chefão do crime, o qual lembra a conversa um grupo de assaltantes presos sobre o porquê de terem falhado. A conclusão deles é que ficaram contando muitas piadas durante o planejamento do assalto e por isso não foram bem sucedidos.

Organização com seus horários: desenvolva um hábito de estudar, tenha separando uma parte do dia para isso, sem deixar acumular.

Vida equilibrada: durma bem (profundamente e durante um tempo suficiente para repor as energias e o cérebro fixar o conhecimento adquirido, gravando-o como memória de longo prazo), alimente-se bem e saudavelmente (comer a cada 3 horas, como frutas, iogurtes…), faça exercícios físicos (exercícios oxigenam o cérebro, dê uma pausa a cada 1 hora de estudo e ande um pouco).

Aprendizagem nos países “mais adiantados”

Segue o relato do professor do Instituto Oceanográfico da USP, Dr. Frederico Brandini, sobre sua experiência em realizar a pós graduação imerso na cultura japonesa e uma comparação dela com a forma como ocorre o aprendizado no Brasil – a entrevista completa pode ser vista no podcast Dragões de Garagem #56 Entrevista com Frederico Brandini (esse trecho começa depois de uns 10 minutos de áudio). A transcrição foi feita adaptando o texto à linguagem escrita de modo que a leitura fique mais fluida.

O meu tutor usava o esquema japonês do discípulo do Samurai: faça você sozinho. “Por quê você tá me perguntando? Tá aqui o manual, vai lá, leia e aprenda, depois você vem”. Hoje eu vejo que ele tinha razão. (…) A avaliação no Japão é flexível por outras razões: para o japonês, é muito mais importante a atividade prática. (…)

Como é o esquema de aulas na Noruega? Ela [uma aluna da Noruega] disse “nem precisa ir pra aula, se você não quiser. No primeiro dia, o professor diz toda a matéria e você recebe uma apostila extremamente grossa. Eles jogam a responsabilidade sobre o aluno. O professor diz “eu vou estar aqui tais dias, e tais horários para tirar suas dúvidas DAQUILO QUE VOCÊ LEU”. Todo mundo que vai para a aula já sabe do que se trata, porque só quando você sabe do que se trata você não dorme. Quando você vai pra aula sem a mínima noção do que vai ser a aula, você pode estar ou não interessado, mas se você sabe o assunto, você participa muito mais, você avalia muito mais o que o professor está falando.

É a mesma coisa: se você não viu um jogo de futebol ou um determinado filme e vai para uma meisnha de bar conversar com os seus amigos, e eles começam a conversar sobre esse jogo ou esse filme, você fica mudo, porque não sabe o que tá rolando. Na sala de aula, o processo deveria ser semelhante. Você tem que ler o assunto antes. É o modelo europeu, o modelo americano, é o modelo dos países adiantados. As pessoas leem e chegam na sala de aula para discutirem o que leram, e não para receber de forma unidirecional aquela avalanche de informações que você só aguenta ouvir durante 10, 20 minutos, com aqueles power points com setinhas coloridas… É insuportável ficar em uma sala de aula vendo uma pessoa falar durante 2, 3 horas sem saber do que se trata.

Teve um método que eu fiz que eu dava aula e no final dava duas questões sobra a aula que eu acabei de dar. Era uma forma do aluno botar no papel tudo o que ele tinha ouvido falar. Mas os alunos também tem uma certa postura: se eu chegar em uma sala de primeiro ano [da faculdade] e disser “nós temos duas formas de ensinar aqui e vocês vão decidir qual vocês querem. Eu posso pedir para vocês lerem determinados capítulos para a aula seguinte e a gente vem e fica discutindo ou vocês vem aqui e eu dou uma aula power point.” Pode ter certeza, 80% a 90% vão escolher a segunda. Porque é mais cômodo, é a zona do conforto. Ninguém quer levar lição de casa.

Tem aquele poeta gaúcho, o Mario Quintana, que diz que “o verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler e não lê”. E eu vejo um certo grau de analfabetismo quando os alunos fazem as provas, e de fazer conexão de ideias. É uma dificuldade muito grande devido à falta de leitura. Então eu dava as provas dessa forma pra ver se facilitava, nesse processo de descrever e analisar [aprendia], em vez daquelas provas que são verdadeiras caixinhas de surpresa que o aluno não tem a mínima ideia do que vai cair, fica aquele stress danado.

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