Depoimento de um aprovado na ANAC

A realização do exame teórico da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) é um passo importante na formação de um profissional da área. Com foco na área de comissário de voo, o post sobre Prova da ANAC explica mais de sua regulamentação, que inclui o curso obrigatório e exames médicos além da inscrição e realização da prova teórica. O atual post consta com um depoimento do aluno Wallace Oliveira, que foi recentemente aprovado no exame da ANAC com 77 acertos de 80 questões.

Mesmo morando em Taubaté/SP, Wallace fez o curso de comissário em São José dos Campo/SP. Segundo o estudante, sua turma estava tirando notas muito baixas nos simulados da escola, mas depois que descobriram e compartilharam o site Monolito Nimbus entre os alunos para estudarem, as notas de todos começaram a melhorar. Ele usou as questões disponíveis para estudar, fazendo todas as 400 questões dos 4 blocos: ESS (Emergência, segurança e sobrevivência), RPA (Regulamentação da aviação civil e da profissão do aeronauta), PSS (Medicina aeroespacial e primeiros socorros) e CGA (Conhecimentos gerais de aeronaves). No exame, são 20 questões de cada bloco.

Para seus estudos, Wallace usou da seguinte estratégia: primeiro estudar bem todo o conteúdo para depois fazer as questões. Dessa forma, ele aprende o conteúdo e pode responder criticamente às questões, e não decorá-las. “Realmente eu preciso aprender o conteúdo; se eu fizer só as questões e decorá-las, eu posso até conseguir passar na escola mas para fazer a prova da ANAC depois, eu não vou conseguir passar”, comentou. Mesmo porque decorar centenas de questões incorre em um risco muito grande de esquecimento e de não conseguir resolver questões mesmo com pequenas diferenças. Ao errar alguma questão, ele revisava todo o conteúdo relacionado até descobrir seu erro e, asism, a resposta correta. Então, ele refazia as questões para conseguir assimilar todo o conteúdo.

Graças a esse espírito crítico, Wallace contribui muito ao fazer comentários nas páginas de questões deste site. Com seus comentários e o relato a seguir, acreditamos que possa ajudar os estudantes de aviação para avançarem em suas carreiras.

Relato sobre a prova da ANAC

Realizei a prova na cidade de São José dos Campos em um estabelecimento homologado pela ANAC. Agendei a prova no dia 01/11/22. Quando acessei o site havia várias datas e horários disponíveis. Escolhi a data do dia 23/11/22 para que tivesse tempo para estudar e me preparar um pouco mais.

Ao chegar no local de realização da prova foi bem tranquilo. Estava ansioso, pois tinha errado o caminho e cheguei 5 minutos atrasado (como o aviso pedia pra chegar meia hora antes, achei que poderia me prejudicar de alguma forma). Ao entrar na recepção, a atendente pediu um documento com foto e o número do CPF, e já pediu para eu assinar uma lista com uma foto minha. Na sala de espera, havia mais três alunos para realizar a prova. Esperamos cerca de meia hora. A prova estava agendada para às 15h. Fomos chamados para uma sala onde havia computadores e a fiscal, responsável pela aplicação da prova e que iniciou algumas instruções: tempo de prova, como finalizar a prova, como funciona o sistema, o que podia e não podia usar também. Antes de iniciar a prova, passamos por um detector de metais. Após todas essas formalidades, iniciamos a prova e a fiscal ficou na sala conosco.

A tela da prova me surpreendeu porque eu havia comprado um pacote de simulados em um outro site e me disseram que a tela era muito semelhante. Porém, no dia da prova vi que era totalmente diferente. Contém a contagem regressiva de 2 horas. No topo da página, vinha a questão e as opções A, B, C ou D. Na parte inferior havia o título dos 4 blocos e a numeração de 1 a 20. Conforme o aluno queira, ele(a) poderá avançar, deixar questões para depois ou responder fora de ordem. Ao concluir a questão, o número ficava verde. Demorava uns cinco segundos para processar e avançar de uma questão para outra. No final, o aluno clica em um botão específico para finalizar a prova. O botão pergunta mais de uma vez se você tem certeza e, após alguns segundos, aparece na tela o que chamam de resultado ‘preliminar’. Basicamente, uma janela apresentando a quantidade de erros e acertos em cada bloco. Exemplo: bloco 1 – 18 acertos = 90%. E nesta mesma janela, pode-se visualizar o número da questão (por bloco) e se acertar a questão aparece “S” (sim). Se errou “N” (não). O sistema não informa o gabarito da prova.

As questões da Prova da ANAC são parecidas com as disponíveis no site Monolito Nimbus; porém, notei que elas foram atualizadas e reformuladas. Deram uma renovada. Eu senti que eles revisaram as questões e, também, as opções de respostas que poderiam resultar em um aluno pedir recurso devido a má formulação da questão. Eu realizei muitos simulados durante as 2 semanas finais antes da prova. Todo dia eu fazia pelo menos 1 simulado e estudava e revisava as questões que eu tinha errado. São muitas questões, é difícil prever. Às vezes você tá esperando cair uma questão sobre algo que você sabe que é extremamente importante e não cai; ou uma questão que você viu em vários simulados. Outras vezes cai aquela questão que você fala “essa foi presente de Deus” (eu inventei essa expressão para questões super fáceis, aquela que todo mundo lembra). Exemplo: Qual o significado do sinal terra “Y”? É óbvio que a resposta é ‘sim ou afirmativo’. O site Monolito Nimbus ajudou muito devido ao seu formato: responder, automaticamente obter a resposta correta e prosseguir para próxima questão. Esse formato me ajudou muito a relembrar o conteúdo de todos os blocos porque você fica um tempo sem estudar quando o curso finaliza. Não dá pra marcar a prova de imediato. A coordenação da minha escola, por exemplo, só liberou os nossos nomes na ANAC após TODOS os alunos concluírem as provas de recuperação, ou seja, todos tiveram que esperar. Não sei se todas escolas fazem assim.

Sobre as questões, a seleção é aleatória para todos. O que cai pra mim não caiu para meus três colegas que estavam na sala junto comigo.

No primeiro bloco, eu estava organizado assim: as primeiras perguntas eram só sobre Combate ao Fogo. Acredito que foram umas 10 questões. Basicamente perguntava sobre os métodos de extinção físico que estudamos: abafamento, isolamento e resfriamento. Lembro que a questão que mais me chamou a atenção em sobrevivência foi aquela que se refere a “moluscos presos a cascos de navios ou objetos metálicos que não devem ser comidos”. Tinha também uma pergunta que a resposta era não comer alimento “cabeludo, amargo e leitoso”.

No segundo bloco, eu achei que teria muitas perguntas sobre RPA devido a grande importância que é a lei do aeronauta e pela quantidade de perguntas que caíram no simulado que fiz. Porém, foi bem diversificado com perguntas sobre SAC, CBA, Segurança de Voo e uma questão sobre Direito do Trabalho. Caíram questões sobre a convenção de Varsóvia e Chicago. Caiu uma questão sobre o Anexo Técnico número 1. No RPA, eu lembro que as perguntas eram sobre as horas de voos e os tipos de motores (jato: 80 mês, 800 por ano). A questão que errei e na hora me deu um branco inexplicável é “em qual convenção ficou consagrada a teoria da Soberania?”. A resposta correta é Chicago. Na hora me deu um esquecimento e me confundi; respondi Varsóvia. Errei!!! Depois em casa abri a apostila e caí direto na página que falava da convenção de Chicago e a frase grifada “teoria de soberania do Etado”. Das 20 questões, esta foi a única que eu errei! (kkkkk dá um desespero, néh!) Eu sabia que havia estudado isso… mas na hora por algum motivo deu ruim.

O bloco 3 foi o que eu mais errei! As perguntas foram atualizadas e estão um pouco mais difíceis. Toda minha turma do curso considera o bloco 3 mais fácil. Porém, as perguntas que caíram na prova da escola de aviação estavam com um nível mais fácil. Por exemplo, situações de Primeiro Socorros que as opções de respostas eram óbvias: qual estava errada e qual estava certa. Na prova, havia perguntas sobre sistema respiratório: “assinale a opção que contém somente órgãos que fazem parte do sistema respiratório”. Parece fácil, mas com tantas opções, se você não estudou, você se confunde. Havia perguntas sobre as doenças contagiosas e os disbarismos.

O bloco 4 é o que eu tive mais dificuldade em aprender e me trouxe muita insegurança devido aos cálculos. A maioria das perguntas na minha prova foram Navegação e Meteorologia. Em navegação, caiu uma de Fuso horário, uma de conversão de quilômetros para milhas náuticas e uma de co-latitude. Em Meteorologia, caiu sobre as camadas da atmosfera (lembro que a resposta era “troposfera e tropopausa”), as fases da trovoada (cumulus, maturidade e dissipação), uma questão sobre nevoeiro, uma sobre turbulência e outra sobre gelo (qual o tipo mais perigoso). De CGA, foram poucas e foram as fáceis – por exemplo “o avião com 2 planos de asas é?”. Lembro que caiu sobre as superfícies de comando, empenagem e lembro, também, que tinha uma sobre teoria de voo.

Concluindo

Para quem ler esse texto e tem interesse em fazer o curso eu digo: é muito importante ter ciência de que este curso REPROVA! Sim! Eu achava que no final todos obteriam o certificado de conclusão como em qualquer outro curso. Mas, não!! Tenho vários colegas que não conseguiram. Eles reprovaram e terão que fazer o curso novamente! Eu não imaginei que isso fosse acontecer. Por isso é muito importante estudar durante o curso! Só assim você fará uma boa prova da ANAC e vai ter a sensação “nossa, era só isso??” Mas para chegar a esta sensação é preciso ter uma rotina de estudos e manter todas as provas do curso com boas notas (de preferência acima de 70%). E não estudem apenas por simulados. Muita gente acha que esta maneira de estudar ajuda. É uma ilusão. Você pode até conseguir nota em algumas provas como alguns colegas de minha turma. Porém, você não obterá capacidade para prestar a prova da ANAC.

Você realmente precisa manter os estudos em dia, conhecer realmente os conteúdos, assimilá-los pouco a pouco. Foi assim que eu fiz. Eu só comecei a estudar simulados quando finalizei o curso e obtive média satisfatória em todas as provas. Sim! Fiquei de recuperação por 2 vezes. Obtive média abaixo de 70% nas provas do curso. Ninguém quer ficar de recuperação. Hoje eu digo que valeu a pena ficar de recuperação. As matérias que fiquei de recuperação foram as que mais estudei e me ajudaram a reforçar mais ainda o meu conhecimento e, assim, obtive melhores notas nas provas quando fiz pela segunda vez.

Tenho muito orgulho e satisfação em ter chegado ao final desta etapa e conseguir concluir o curso. Muita dedicação foi envolvida. Eu moro na cidade de Taubaté/SP e, como queria fazer o curso presencial, tinha que ir para São José dos Campos para assistir às aulas. Foram quase 6 meses de curso e muito estudo. Quando você chega ao final de tudo, você fica com essa sensação “nossa, era isso??”, “achei a prova fácil”.

Os termos “80 questões”, “banca da ANAC”, “quatro blocos”, “atingir pelo menos 70% em cada bloco” assustam aquele que está começando o curso ou que tem interesse em começar. A quantidade de matéria é assustadora também. Foram vários fins de semana inteiro estudando o tempo todo e buscando várias formas de conseguir assimilar o conteúdo. Lendo e relendo artigos de lei que jamais havia visto. No começo é muito difícil porque você vai estudar assuntos que você nunca viu na sua vida e pra você assimilar tudo é difícil.

Com muita dedicação, determinação, força de vontade e simplesmente pensar: é difícil e enfrentar a dificuldade é a melhor maneira para você vencer suas dificuldades. Eu tenho muita dificuldade em aprender em sala de aula. Eu ficava muito disperso. Tudo que aprendi foi buscando sozinho e estudando sozinho. Claro que sem desmerecer o trabalho dos professores que são excelentes profissionais.

Se você quer fazer o curso vá em frente! Não olhe para trás e tenha consciência de que você tem que renunciar a alguns prazeres como fim de semana, passeios e até mesmo ficar na rede social fazendo nada. Vá em frente e DEDIQUE-SE!