Observando várias fotos de paisagens, é possível notar algumas com um tom mais dramático (com grandes e escuras nuvens de tempestade), mais sereno (com nuvens claras e finas) ou trazendo diferentes emoções devido às cores e à textura das nuvens. As nuvens inspiram nossa imaginação e apelam ao nosso senso de beleza e contemplação da natureza, além de afetar a iluminação dos objetos fotografados.
Para fotografia de paisagens, deve-se atentar à época do ano, condições climáticas da região e previsão do tempo (para ver se concordará com o clima ou não). Por exemplo, em São Paulo, é comum a formação de nuvens de tempestade nos fins de tarde de verão, enquanto que o inverno pode contar com dias completamente nublados seguidos de vários dias quase sem nuvens.
Configurações de câmera
As fotos costumam acompanhar algumas informações sobre as condições da câmera para obter a imagem (constam das “propriedades” do arquivo e costumam ser divulgadas por fotógrafos junto das imagens). Elas nos dão dicas de como configurar a sua câmera para novas fotos. As principais informações são:
- Fabricante e modelo da câmera e dos conjuntos de lentes
- Distância focal – define a relação de grandeza de um motivo e o campo de visão de uma lente (quanto maior o valor, maior o “zoom” e menor o campo de visão, ou seja, menor a profundidade de campo), geralmente definida em milímetros (mm) ou em graus (°); quanto maior a profundidade de campo, mais extenso será o espaço em que se pode fotografar os objetos com nitidez (por exemplo, lentes 10-18 mm possuem esse intervalo de distância focal)
- Abertura do diafragma – indica o tamanho do orifício por onde a imagem passa para alcançar o sensor através do número f, que é a razão entre o diâmetro da objetiva e sua distância focal (quanto maior o valor, menor a abertura e maior a profundidade de campo); por exemplo, f/2.8 tem maior abertura do que f/22
- ISO – determina a sensibilidade à luz do sensor que captura a imagem (quanto maior o valor, mais luz o sensor irá captar; porém, a imagem pode apresentar “ruído”, ou seja, perda da qualidade da imagem)
- Velocidade do obturador – indica o tempo que o sensor utiliza para capturar a imagem (por exemplo, “4/1” indica que o sensor captura a imagem por 4 segundos e “1/200”, por 0,005 segundos)
- Valor de exposição (EV) – resultado das combinações possíveis entre a velocidade de obturação e abertura de diafragma que levam a uma mesma exposição (cada aumento resulta em uma exposição em dobro)
Em câmeras digitais, como não existem cristais de prata para reagir à luz e gerar o ISO, nem obturador ou diafragma físicos, os recursos de sensibilidade, abertura e tempo de exposição são trabalhados digitalmente via software.
Como as nuvens geralmente estão distantes, não há problema com profundidade de campo. Nesse caso, use a maior abertura possível, para evitar tremer com velocidade baixa.
Ao fotografar nuvens, a configuração principal para trabalhar é a velocidade do obturador. Basicamente, se você quiser manter a forma das nuvens como as vê, precisará usar uma velocidade de obturador rápida para congelar seus movimentos. Você pode começar com essa configuração:
- Abertura: f/11
- ISO: 200
- Velocidade do obturador: 1/200 segundos
Se você preferir um visual borrado e sonhador para as nuvens, será necessário aumentar a velocidade do obturador. Essa situação exige um tripé ou algum outro apoio para a câmera de modo a evitar que as fotos saiam tremidas. Aumente a velocidade para alguns segundos.
Caso faça leitura de um fotômetro, o ideal é medir a luz no branco da nuvem e aumentar a exposição em entre 1 e dois pontos. Ou seja, se a exposição deu 1/250 com f/16, utilize f/8 ou f/11.
Filtro polarizador
Os polarizadores oferecem muitos benefícios, incluindo a redução do brilho da água e a minimização da névoa atmosférica, que faz com que objetos distantes na paisagem pareçam mais nítidos e limpos. No que diz respeito à fotografia de nuvens, eles potencializam o contraste no céu, tornando a atmosfera um azul mais profundo e as nuvens um branco mais brilhante.
O filtro polarizador funciona permitindo que a luz não polarizada (luz natural) passe somente em uma direção específica, ou seja, polarizada. O resultado pode ser ajustada pelo fotógrafo girando-se o filtro para mudar seu ângulo. Conforme a posição do Sol, existem regiões do céu onde o azul é naturalmente mais profundo, o que pode deixar a diferença ainda mais evidente – veja mais no post sobre Polarização do céu.
É diferente de um filtro de densidade média regular ou de óculos escuros, pois esses reduzem a transmissão da luz como um todo. Também é diferente de filtro de densidade neutra graduada, que não tem polarização e é mais escuro na parte superior e mais claro na parte inferior. Este pode ser útil para fotografar durante o nascer e o pôr do sol, quando o céu está muito claro e a paisagem, muito escura.
Composição
Em casos particulares, pode ser interessante fechar o quadro em somente uma nuvem e nada mais. No entanto, mesmo as tempestades mais espetaculares geralmente precisam de algum contexto. Por isso, é bom sempre incluir o primeiro plano ou parte da paisagem junto ao solo nas fotografias de nuvens, sem necessariamente seguir a regra dos terços. Ele ajuda a fundamentar a imagem e dá aos visualizadores uma melhor compreensão do tamanho e da escala das nuvens na foto.
Pós-processamento
Nos softwares de tratamento de imagens, você fazer alguns ajustes para melhorar os realces e sombras, acertar o equilíbrio de branco, adicionar alguma saturação de cor ou aumentar a nitidez da imagem. Mudar para preto e branco permite destacar as nuvens na foto, evidenciar formas, trazer um ar mais clássico e mais forte devido ao mais forte contraste entre luz e sombra. Essas alterações podem ser feitas na própria aquisição da imagem, mas o indicado é fazer esse tipo de tratamento depois.
Inspire-se
Algumas fantásticas fotos de nuvens estão no concurso fotográfico do Gizmodo US, que contém depoimentos dos fotógrafos sobre como as fotografaram.
O fotógrafo alemão Sebastian Opitz montou uma série de fotos intitulada “Cloud City” mostrando as nuvens formadas abaixo do 85° andar de um prédio em Dubai. Por lá, chove principalmente entre dezembro e março na forma de chuvas curtas, em média apenas cinco dias por ano. Assim, a formação de nuvens baixas o suficiente para permearem os altos edifícios da região é um evento relativamente raro.
O artista holandês Berndnaut Smilde cria nuvens em locais onde a natureza nunca poderia fazê-lo, como no interior de igrejas, museus, galerias e vales. O projeto, chamado “Nimbus”, explora os efeitos visuais das nuvens. Para isso, ele precisa de um espaço frio e úmido sem circulação de ar para borrifar um volume de ar com água e partículas sólidas para formar as gotículas da nuvem.
Geralmente os noivos preferem o casamento em um dia ensolarado. Mas se ocorresse a formação de um nevoeiro bem no dia da cerimônia? Foi o que acontece nesse casamento nas nuvens na Vila Relicário, em Ouro Preto/MG. Um clima de fantasia e sonho envolveu o local, trazendo um sentimento épico para o evento.
Por fim, aqui vão algumas dicas de Como Fotografar Raios e Relâmpagos.
Fontes
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