O cometa C/2023 A3 Tsuchinshan-ATLAS esteve visível entre setembro e outubro de 2024, oferecendo um espetáculo celeste para os observadores. Durante esse período, ele pôde ser visto a olho nu em diversas partes do mundo, com destaque para as regiões do Hemisfério Norte. À medida que se aproximava do Sol, o cometa apresentou uma cauda brilhante, especialmente perceptível em locais com pouca poluição luminosa, atraindo a atenção de astrônomos e entusiastas do céu noturno.
Cometas são pequenos corpos do Sistema Solar compostos por gelo, poeira e rochas. Quando um cometa se aproxima do Sol, seu núcleo sólido, feito de gelo e rochas, começa a aquecer, criando uma atmosfera ao seu redor, chamada de coma. O vento solar empurra a matéria da coma, formando a cauda característica, que pode se estender por milhões de quilômetros. Assim, o cometa se divide em três partes principais: o núcleo, a coma e a cauda. O núcleo é o corpo sólido e central; a coma é a nuvem gasosa que envolve o núcleo; e a cauda é formada pelos gases e partículas liberadas, sempre apontando na direção oposta ao Sol devido ao vento solar.
A imagem a seguir mostra uma representação do céu em uma de suas aparições. Nela, uma cruz indica a posição do comenta no dia, a linha é sua trajetória nos próximos dias, com a posição média em cada ponto. Do lado esquerdo, o ponto amarelo indica a posição de Vênus (1 palmo de distância com o braço esticado em direção ao céu). Nos dias após sua passagem por trás do sol, ele era visível próximo ao horário do pôr do sol, enquanto que alguns dias antes ele era vísivel um pouco antes do nascer do sol. Por estar próximo ao sol, somente quando estavam próximo ao horizonte que o cometa era visível – fora isso ou estava abaixo do horizonte ou a atmosfera terrestre, espalhando a luz solar, impedia sua visão.
O nome C/2023 A3 Tsuchinshan-ATLAS tem significado que explica muito sobre o fenômeno e sua história. O “C” indica que se trata de um cometa não periódico, ou seja, sua órbita é tão longa que ele pode não retornar ao Sistema Solar interno. O “2023 A3” refere-se à sua descoberta no início de janeiro de 2023, sendo o terceiro objeto descoberto na primeira quinzena de janeiro. “Tsuchinshan” refere-se ao Observatório de Purple Mountain, na China, um dos primeiros locais a avistar o cometa, e “ATLAS” ao sistema de pesquisa astronômica que também participou da descoberta.
Note que o cometa já era visível a partir da Terra com o auxílio de instrumentos. No entanto, somente com sua aproximção com relação à Terra e ao Sol é que começou a ficar mais visível. Além de sua maior proximidade, o efeito do Sol sobre a formação da cauda e consequente iluminação o tornaram visível a olho nu em setembro e outubro (principalmente), com valores médios de magitude 2 e -4, respectivamente.
A magnitude é uma escala utilizada em astronomia para medir o brilho dos astros, sendo que quanto menor o valor numérico da magnitude, mais brilhante é o objeto. A olho nu, em condições ideais (céu escuro e sem poluição luminosa), o ser humano consegue enxergar objetos até a magnitude 6. Estrelas e planetas mais brilhantes, como Vênus, possuem magnitudes negativas, indicando grande brilho. Com o auxílio de uma pequena luneta ou binóculo, é possível observar objetos com magnitude entre 8 e 10, o que permite enxergar estrelas mais tênues e alguns objetos do céu profundo, como nebulosas e aglomerados estelares.
O cometa C/2023 A3 se formou na Nuvem de Oort, uma região distante e gelada nos confins do Sistema Solar, onde cometas de longo período têm origem. Devido à sua trajetória extremamente elíptica, é improvável que o cometa volte a passar perto da Terra. Estima-se que, se ele sobreviver à sua aproximação ao Sol, possa levar dezenas de milhares de anos para retornar, ou talvez nunca mais volte, sendo lançado para fora do Sistema Solar.
Fontes