Você sabia que já foi desenvolvido um instrumento com o objetivo de medir a intensidade do azul do céu? A Samantha, do Meteorópole, publicou no portal Deviante o texto Cianômetro: Medindo o Azul do Céu, onde ela descreve sobre como é esse equipamento e uma aplicação dele.

O céu nunca tem exatamente o mesmo tom de azul. Um dos fatores que faz sua coloração variar são as condições meteorológicas, devido a partículas suspensas, umidade e concentração gasosa. Quanto maior a altitude, menor a concentração de gases na atmosfera e mais escuro tende a ficar o céu. Além disso, a posição do Sol no céu pode fazer surgir outras cores (como no nascer e pôr do Sol) e formam padrões com tons de azul diferentes, variando do quase branco (próximo do Sol) até o azul mais escuro (ponto “oposto” ao Sol) – veja mais sobre isso no post Polarização do céu.
O cianômetro é o instrumento criado para medir a intensidade do azul do céu. Sua invenção, no no século XVIII, é atribuída ao físico suíço Horace-Bénédict de Saussure e ao naturalista alemão Alexander von Humboldt, que, cada um à sua maneira, contribuíram para o avanço da ciência atmosférica. A ideia do cianômetro surgiu durante uma expedição ao Mont Blanc, o ponto mais alto dos Alpes. De Saussure observou que o céu ficava progressivamente mais escuro à medida que ganhava altitude.
O modelo desenvolvido por De Saussure em 1789 apresentava 53 seções dispostas em círculo, exibindo uma gradação de tons que iam do branco ao azul profundo, chegando ao preto. Para alcançar essa transição precisa, ele utilizou o pigmento azul da Prússia, combinando precisão científica e sensibilidade artística na elaboração do instrumento. Ao utilizar seu cianômetro, ele demonstrou que essa mudança na tonalidade estava relacionada à redução da densidade atmosférica e à diminuição de partículas suspensas, como gotículas de água, cristais de gelo e aerossóis.
Alexander von Humboldt também empregou o cianômetro em sua famosa expedição ao Monte Chimborazo, no Equador. Em sua representação conhecida como “Naturgemälde”, ele ilustra as transformações dos elementos naturais ao longo das altitudes e incorpora as mudanças de tonalidade do céu. Os ajustes nas cores do desenho foram feitas com base nas observações realizadas com o cianômetro. Veja mais sobre essa ilustração no post Naturgemälde: a visão de Humboldt, no Meteorópole.
Embora o cianômetro seja hoje uma peça histórica, sem aplicação operacional ou uso regular em estudos científicos modernos, ele permanece como um símbolo do espírito investigativo. Esse instrumento antigo nos recorda que a ciência começa com a curiosidade e com o desejo de compreender os mistérios do mundo ao nosso redor.