Chuvas de meteoros e aurora boreal

O verão de 2024 no hemisfério norte tem sido palco de uma série de belos eventos astronômicos, alguns já previstos e outros agradáveis surpresas. Foram duas chuvas de meteoros (ou de estrelas, como se diz em Portugal), nas constelações de Aquário e de Perseu, e outra aurora boreal de grandes proporções, quase como a Super Aurora boreal de maio.

Estrela cadente durante chuva de meteoros Perseidas e aurora boreal Harrogate, North Yorkshire (Reino Unido). Foto: Andy Hawkes
Estrela cadente durante chuva de meteoros Perseidas e aurora boreal Harrogate, North Yorkshire (Reino Unido). Foto: Andy Hawkes

Delta Aquáridas

As Delta Aquáridas, embora não sejam as estrelas cadentes mais famosas ou brilhantes, são uma opção interessante para os entusiastas da astronomia. Neste, as condições de observação foram ideais especialmente na noite de 31 de julho, quando o fenômeno atingiu seu pico. Com cerca de 25 meteoros por hora previstos, esta chuva de estrelas foi melhor apreciada no hemisfério sul, onde o radiante, localizado na constelação de Aquário, estaria mais alto no céu, mas durante a madrugada era bem visível no hemisfério norte. A proximidade com a fase de quarto minguante da Lua facilitou a observação, tornando as Delta Aquáridas mais visíveis.

Região do céu para se observar as Delta Aquáridas (São Barnabé, Portugal: 37.35761,-8.16461)
Região do céu para se observar as Delta Aquáridas (São Barnabé, Portugal: 37.35761,-8.16461)

O espetáculo pode ser apreciado até o final de agosto, e o melhor local para observar as estrelas cadentes é onde o céu estiver mais escuro e livre de poluição luminosa. Deve-se evitar obstáculos visuais, como edifícios altos e árvores, e direcionar o olhar para as áreas mais escuras do céu, na direção oposta à Lua, caso ela esteja presente. A chuva de meteoros, originada do cometa 96p-Machholz, oferece uma oportunidade única de testemunhar o deslumbrante clarão que ocorre quando fragmentos do cometa entram na atmosfera terrestre, criando linhas brilhantes e efêmeras no céu.

Perseidas

As Perseidas oferecem um dos espetáculos celestes mais aguardados do ano, com até 100 meteoros por hora durante o seu pico, que ocorreu entre 11 e 12 de agosto. As Perseidas ocorrem quando a Terra passa pela nuvem de detritos do cometa 109P/Swift-Tuttle, que ao entrarem na atmosfera terrestre, geram trilhas luminosas no céu noturno. Ainda era possível observar as Perseidas até 24 de agosto, especialmente em noites de céu limpo e em locais escuros com boa visibilidade.

Região do céu para se observar as Perseidas (Gambelas, Portugal: 37.048007,-7.969296)
Região do céu para se observar as Perseidas (Gambelas, Portugal: 37.048007,-7.969296)

Aurora

Além do espetáculo das Perseidas, uma forte tempestade geomagnética neste ano resultou em auroras boreais visíveis em latitudes mais baixas do que o habitual, como Norfolk, no Reino Unido, e Nova Iorque, nos Estados Unidos. Essas “luzes do norte” são criadas pela interação entre o vento solar e o campo magnético da Terra, proporcionando um show de luzes coloridas.

O processo de sua formação começou por ejeções de massa coronal (CME), que são explosões de partículas solares que perturbam o campo magnético da Terra. Alertas de nível Kp8 foram emitidos pelo Met Office. O “Kp index” é uma medida que vai de 0 a 9, usada para avaliar a intensidade das tempestades geomagnéticas, que são distúrbios no campo magnético da Terra causados por interações com o vento solar. Um Kp8 indica uma tempestade geomagnética muito forte, capaz de gerar auroras boreais em latitudes muito mais baixas do que o habitual, podendo ser visíveis em regiões onde normalmente não ocorrem. Esse nível de tempestade também pode causar perturbações em satélites, comunicações por rádio, e redes elétricas.

No dia 12 de agosto, a Terra foi atingida por uma severa tempestade solar. Esse tipo de evento está se tornando mais frequente, pois o Sol se aproxima do pico de seu ciclo de 11 anos. Isso já resultou em maio nas tempestades geomagnéticas mais intensas dos últimos 20 anos, com auroras visíveis em latitudes muito mais baixas do que o normal em várias partes do mundo.

Fontes

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