Na rua Vergueiro, no bairro paulistano da Vila Mariana, existia um belo casarão na esquina com a rua Carlos Petit. Ocupado pelo restaurante Livorno durante décadas, foi demolido no final de 2005 pela especulação imobiliária para dar espaço a um prédio residencial de 28 andares. (Lembrou do Dr. Abobrinha, do Castelo Rá Tim Bum, que queria derrubar o castelo para construir um prédio de 100 andares?)
A rua Vergueiro possui mais de 9 km, começando no bairro da Liberdade (centro), cortando a Vila Mariana e terminando no Sacomã, na zona sul. Sua origem remonta à Estrada do Vergueiro, que unia a baixada Santista ao planalto. Essa designação veio depois da reforma que a então Estrada da Maioridade recebeu entre 1862 e 1864 sob o comando do Comendador José Pereira de Campos Vergueiro, filho do Senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro. Outro dos restauradores foi Arthur Rudge da Silva Ramos, que acabou nomeando parte do trecho do “caminho de mar” (nome que a rodovia receberia em 1913) e um bairro de São Bernardo do Campo.
Vila Mariana é o atual nome do bairro, atribuído pelo coronel da guarda nacional Carlos Eduardo de Paula Petit, a partir da fusão dos nomes de sua esposa Maria e da mãe de sua esposa, Anna. Carlos Petit também foi eleito vereador e atuou como juiz de paz, dando nome à rua onde se localizava o casarão, esquina com rua Vergueiro.
A família de Carlos Petit foi proprietária do Casarão (ou Castelinho do Livorno, como era popularmente conhecido): um enorme e maciço palácio em estilo florentino, do início do século XX. O estilo florentino surgiu na cidade de Florença, na primeira fase do Renascimento italiano, e buscava inspiração na Antiguidade clássica. Dentre suas características, estão a grande preocupação arquitetônica com a fachada frontal, apresentava apenas uma quantidade de ornamentos que pudesse ser assinalada na visão do conjunto e a cor encontra-se a serviço da forma, no conjunto, não somente nos detalhes.
O restaurante Livorno foi fundado em 1965 na avenida Ibirapuera. Abriu uma filial no casarão que era da família Petit, assim como em outros endereços. Nas laterais do prédio, construíram dois anexos seguindo um estilo mais moderno: o da direita funcionava o restaurante (com serviço a la Carte, Buffet e pedidos para viagem), enquanto que o da esquerda (foto acima) era alugado para eventos. Atualmente possui lojas somente em alguns shopping centers.
Em frente o lugar que estava o prédio, ainda encontra-se o reservatório da Sabesp com bomba d’água, construído no início dos anos 1920. Existia um parque infantil e grandes tubos de concreto abandonados que também serviam de brinquedo. Na década de 1990, foi ampliado com a construção de um anexo (retangular) ao lado da antiga construção (redonda), mantendo-se o estilo e a fonte com cara de leão. Como esse anexo ocupou o espaço do antigo parquinho, foi construída uma nova área de lazer no topo dos reservatórios. Veja algumas fotos no Foursquare.
No entorno da quadra com o reservatório, ainda existem casas térreas e ruas de paralelepípedo, dando um ar mais “interiorano”. Na rua Conceição Veloso (paralela à Carlos Petit), está o Veloso Bar, com suas famosas coxinhas.
Fontes
- Skyscrapercity – o caso Livorno
- Botecologia – Os mais importantes prédios desaparecidos da cidade de São Paulo
- Arquitetura renascentista – Características Gerais da Arquitetura Renascentista
- Quando a cidade era mais gentil – Up ou down?
- Jornal S. Paulo Zona Sul – Caixa d’água na Vila Mariana pode se tornar patrimônio histórico
- Reservatório da Sabesp – detalhes técnicos