Os canhões antigranizo são geradores de ondas de choque que afirmam perturbar a formação de pedras de granizo na atmosfera. Esses dispositivos frequentemente geram conflitos entre agricultores e vizinhos quando são usados, porque são disparados com um alto volume sonoro e repetidamente a cada 1 a 10 segundos enquanto uma tempestade se aproxima e até que ela tenha passado pela área. Ainda assim, não há evidências científicas de sua eficácia.
Historicamente, nas regiões vinícolas francesas, os sinos das igrejas eram tradicionalmente tocados diante de tempestades iminentes e posteriormente substituídos por foguetes ou canhões. Atualmente, algumas vinícolas gaúchas adquiriram o equipamento de uma empresa espanhola, fazendo uso dele. Em outubro de 2022, foi instalado no Complexo Ayrton Senna (onde fica a montadora Renault do Brasil) um canhão antigranizo, fabricado por um grupo espanhol.
Nos sistemas modernos, uma mistura de acetileno e oxigênio é inflamada na câmara inferior da máquina. À medida que a explosão resultante passa pelo pescoço e entra no cone, ela se desenvolve em uma onda de choque. Essa onda de choque então viaja pelas formações de nuvens acima, e a perturbação interromperia a fase de crescimento das pedras de granizo. Os fabricantes afirmam que o que de outra forma teria caído como pedras de granizo então cai como neve ou chuva, com um raio de área efetiva em cerca de 500 metros.
Não há evidências a favor da eficácia desses dispositivos. Uma revisão de 2006 por Jon Wieringa e Iwan Holleman na revista Meteorologische Zeitschrift (If cannons cannot fight hail, what else?) resumiu uma variedade de medidas científicas negativas e inconclusivas, afirmando que “o uso de canhões ou foguetes explosivos é um desperdício de dinheiro e esforço”.
Também há motivos para duvidar da eficácia dos canhões antigranizo do ponto de vista teórico. Por exemplo, o trovão é uma onda sonora muito mais poderosa e geralmente é encontrado nas mesmas tempestades que geram granizo, mas aparentemente não perturba o crescimento das pedras de granizo. Além disso, o trovão é gerado muito mais perto do granizo do que algo em superfície. Quanto maior a distância, mais a energia sonora é dissipada ao cobrir uma região maior conforme se propaga.
Charles Knight, um físico de nuvens do National Center for Atmospheric Research em Boulder, Colorado, disse em um artigo de jornal de 10 de julho de 2008 que “não encontro ninguém na comunidade científica que valide os canhões antigranizo, mas há crentes em todas as coisas. Seria muito difícil provar que eles não funcionam, já que o clima é imprevisível”.