Cachoeira de nuvens

Na manhã desta segunda-feira (4 de setembro de 2023), os moradores de Belo Horizonte foram surpreendidos por um espesso nevoeiro que se formou devido à combinação de ar úmido com as elevações da Serra do Curral. Este fenômeno incomum foi observado por volta das 7h50 da manhã pelo fotógrafo e funcionário público Willian Fernandes, que estava na Praça do Papa (região Centro-Sul da cidade). Willian Fernandes capturou diversos vídeos das nuvens e os compartilhou em seu perfil no Instagram.

Nevoeiro apelidado como "cachoeira de nuvens" em BH. Fonte: perfil de Willian Fernandes no Instagram
Nevoeiro apelidado como “cachoeira de nuvens” em BH. Fonte: perfil de Willian Fernandes no Instagram

Nas redes sociais, os moradores da cidade apelidaram o nevoeiro de “cachoeira de nuvens” e até o descreveram como uma “nuvem prateleira”. No entanto, a explicação correta para esse fenômeno é que se trata de uma “nuvem orográfica”, como esclareceu a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ao UOL. O meteorologista Lizandro Gemiacki, também do Inmet, explicou que o nevoeiro desta segunda-feira se formou em uma região montanhosa devido ao relevo da Serra do Curral. À medida que a nuvem atravessava essa barreira montanhosa, ela se dissipava quando alcançava a superfície.

Gemiacki comparou o ar a uma esponja que pode reter vapor d’água, sendo essa capacidade diretamente relacionada à temperatura. Quando o ar é forçado a subir a montanha, sua temperatura diminui com a altitude, levando o ar a se resfriar. Esse resfriamento resulta em uma redução na capacidade do ar de reter vapor d’água, fazendo com que o vapor se condense e forme a nuvem. Quando a nuvem começa a descer, a temperatura aumenta, e a água evapora.

Por outro lado, é importante destacar que uma “nuvem prateleira” fica bem acima da superfície, estendendo-se verticalmente por quilômetros de altura. Geralmente, essas nuvens prateleiras são acompanhadas por ventos fortes, chuvas intensas e granizo, como explicou Anete.

Apesar do vídeo do UOL chamar o fenômeno de “névoa”, ele pode ser classificado como “nevoeiro” (nome técnico) ou “neblina” (nome popular). O nevoeiro é uma condição atmosférica na qual pequenas gotículas de água (ou partículas de gelo se estiver muito frio) ficam suspensas no ar, reduzindo significativamente a visibilidade na região afetada – menos de mil metros no caso do nevoeiro e mais de mil metros para a névoa.

Dentre as causas para a formação do nevoeiro, estão:

  • Umidade Relativa Elevada (aumento da quantidade de vapor d’água presente na atmosfera);
  • Resfriamento Noturno (vapor d’água presente no ar condensa em pequenas gotículas);
  • Topografia (o ar úmido pode ser forçado a subir ao longo das encostas da serra, resfriando-se à medida que ganha altitude e condensando-se).

É importante mencionar que a névoa geralmente se dissipa à medida que o sol aquece a atmosfera e a temperatura do ar aumenta, fazendo com que as gotículas de água evaporem. Portanto, esse fenômeno é geralmente temporário e mais comum durante as primeiras horas da manhã ou à noite, quando as temperaturas são mais baixas.

O perfil Belo Horizonte City também publicou um time lapse mostrando o fenômeno de formação e dissipação da nuvem sobre a serra. O movimento mais rápido acentua a impressão de que a nuvem escorre pelo relevo como uma cachoeira.

Importante apontar também que os termos “nuvem orográfica” e “nuvem prateleira” são utilizados para descrever o processo de formação das nuvens, e não representam uma classificação oficial de tipo (gênero) de nuvem, conforme estabelecido pela Organização Meteorológica Mundial. Nuvens dos gêneros Stratus e Cumulus podem se formar em associação com quedas d’água, recebendo o termo “cataracta” como complemento ao nome. Para mais informações sobre os diferentes tipos de nuvens, veja o post Atlas de Nuvens.

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