Torrent

Um dos mais populares sistemas de compartilhamento de arquivos pela internet é o BitTorrent. O torrente (como é mais conhecido) é um protocolo de rede criado e implementado em 2001. Ele permite ao usuário realizar downloads de arquivos, em geral indexados em websites.

Como funciona?

É diferente do download comum, que depende do tráfego no servidor, e do P2P (peer-to-peer), que é menos eficiente e mais suscetível a spywares. O BitTorrent é muito seguro, multiplataforma, gratuito e permite parar o download e continuar de onde parou.

Baixar por torrent consiste em coletar pedaços (geralmente 256Kb) de um mesmo arquivo, que está no computador de usuários que compartilham esse conteúdo ou que estejam fazendo download do mesmo documento. Ou seja, em vez de pegar o arquivo de um só servidor (e sobrecarregá-lo), ele pega de vários servidores ao mesmo tempo, para depois reconstruir o arquivo no seu computador. Isso é excelente para arquivos muito pesados, otimizando o tempo de download.

Enxurrada (ou torrent em inglês) em Brotas/SP. Foto: ViniRoger
Enxurrada (ou torrent em inglês) em Brotas/SP. Foto: ViniRoger

Enquanto o arquivo é baixado e após de ser reconstruído, ele (ou os seus pedaços) é compartilhado com outros computadores que busquem o mesmo arquivo.

Para compartilhar um arquivo usando o BitTorrent, um utilizador cria um arquivo .torrent, um pequeno “apontador” que contém o nome e o tamanho do arquivo, o hash (matrícula de cada bloco do arquivo, que assegura aos utilizadores que o arquivo é o que o nome diz ser) e o endereço do servidor tracker. Esse endereço mantém um log de quais os utilizadores que estão descarregando o arquivo e onde o arquivo e seus pedaços estão.

Depois do download começar, se o tracker sair do ar ainda é possível continuar o download, mas perde-se a informação de quais os utilizadores que estão online e quais os blocos que estão disponíveis. Para cada fonte disponível, o cliente lista quais blocos do arquivo que estão disponíveis, para depois pedir o bloco menos disponível na rede que ele ainda não possui (não precisa ser na ordem sequencial do arquivo). Essa priorização dos blocos mais raros entre os utilizadores da rede faz com que todos tenham blocos para partilhar. Assim que um cliente termina de descarregar um bloco, ele é automaticamente “hasheado” para garantir a integridade e segurança do mesmo, para em seguida procurar um cliente qualquer para fazer o upload daquele bloco.

Resumindo: no protocolo BitTorrent, o seu computador é direcionado por um computador central (tracker, ou rastreador) para outras máquinas no mundo inteiro que tenham partes do arquivo desejado (peers, ou nó) ou ele completo (seeds, ou semeador). Portanto, depois que baixar o arquivo, continue deixando o programa ligado para “semear”, ou seja, continuar ajudando para compartilhar o arquivo para outras máquinas – quem só compartilha enquanto baixa é chamado de leecher (sanguessuga) e tem menos prioridade na rede.

Como usar?

Para baixar arquivos usando o protocolo BitTorrent, é preciso primeiro ter um cliente, que é um programa responsável por abrir arquivos no formato .torrent e por se conectar a outros computadores na rede – por exemplo, o Transmission para Linux e o utorrent para Windows.

Então agora é só procurar por magnet links (links em forma de ímã que levam diretamente a torrents) ou por arquivos no formato .torrent na web – eles podem ser encontrados em sites como o The Pirate Bay ou Kickass Torrents. Atenção: clique com o botão direito antes para ver se aponta para o arquivo certo. Ao abri-lo, utilize o programa instalado no passo anterior para iniciar a conexão com a rede e começar a obter o arquivo pedaço por pedaço.

Geralmente, quanto mais “seeds” tiver o torrent (ou seja, quanto mais pessoas estiverem baixando um mesmo arquivo), mais rápido será o download. O download via torrent começa lento e depois acelera porque ele inicia o processo com pacotes mais raros, pois, assim, eles são “duplicados”.

Filmes e séries

Um fato é que o BitTorrent é bastante utilizado para distribuição de filmes, músicas, jogos e softwares pirateados. Como é só um protocolo de compartilhamento de arquivos, não tem nada de ilegal. Um paralelo seria condenar o protocolo TCP/IP (largamente utilizado na internet) porque nela trafega conteúdo proibido. Trocar arquivos pode; o que é fora da lei é compartilhar conteúdo com direitos autorais sem autorização.

Todo o conteúdo está sempre armazenado nos computadores dos usuários. Os trackers de BitTorrent não tomam partido sobre o que está sendo compartilhado, muito menos armazenam arquivos. A sua função é apenas a de possibilitar a comunicação entre os peers.

Geralmente o nome do arquivo torrent traz mais informação do que simplesmente o nome de um filme. Dentre os significados dos acrônimos e abreviações, estão uma identificação do grupo que começou espalhando o vídeo (última parte do nome), além de outras mais úteis que indicam a resolução de vídeo e codificação de áudio conforme a fonte de onde foram gravados (ou “ripados”):

  • WebRip: arquivo gerado de uma transmissão de streaming (AMZN para Amazon, NF para Netflix, etc)
  • BRRip ou BDRip: arquivo vem de um disco Blu-Ray (qualidade 10/10)
  • DVDRip ou DVDSCR: arquivo vem de um DVD (qualidade 9,5/10)
  • HDTVRip: arquivo vem de uma TV de alta definição (qualidade 9,5/10)
  • TVRip: arquivo vem de uma TV comum (qualidade 9/10)
  • TC: TeleCine, vídeo convertido do rolo analógico para o digital (qualidade 8/10)
  • PPVRip: Pay-Per-View vídeos gravados em quarto de hotel (qualidade 8/10)
  • R5: indica a região onde foi gravado o vídeo (geralmente da Rússia, região 5, em qualidade DVDSRC) – se “R5” é seguido por “LiNE”, o áudio vem de outra fonte, sendo geralmente inglês (qualidade 7-8/10)
  • VHSSCR ou VHSRip: vídeo vem de VHS (qualidade 6/10) – o padrão NTSC tem um frame mais elevado do que o PAL (29fps comparado a 25fps), mas o PAL tem um definião de melhor qualidade; no Brasil usa-se a variação PAL-M
  • SCR: SCREENER, uma fita VHS prévia, enviada para locadoras e vários outros lugares, para uso promocional (qualidade 6/10)
  • TS: TeleSync, vídeo gravado de uma câmera fixa com uma entrada extra de áudio e/ou em um cinema vazio (qualidade 5/10)
  • CAM: gravado de uma câmera normal, geralmente com áudio ambiente do cinema junto (qualidade 4/10)
  • WP: WORKPRINT, cópia do filme que ainda não foi finalizado – pode conter cenas e músicas a mais ou a menos

“Codec” (abreviação de COder/DECoder ou codificador/decodificador) é o equipamento ou programa que converte os sinais analógicos de som, voz e vídeo em sinais digitais e vice-versa. São exemplos de codecs: DivX/XviD (baseados no formato de compressão MPEG-4) e MP3/AC3 (Audio Coding 3).

  • AC3: boa qualidade (qualidade 10/10)
  • MP3: áudio MP3 (qualidade 7/10)
  • LD: Line Dubbed, áudio de fonte externa conectada à câmera (qualidade 4-6/10)
  • MD: Microphone Dubbed, áudio do microfone da própria câmera (qualidade 3-5/10)

Geralmente, os vídeos vem nesses formatos:

  • AVI (Audio Video Interleave) – criado pela Microsoft
  • MPEG (Motion Picture Expert Group) – padrões MPEG1 (usado nos VCDs), MPEG2 (usado em DVDs e SVCDS), MPEG4 (ou MP4) e vários padrões de áudio (como o MP3 e o AAC, Advanced Audio Coding); arquivos contendo vídeo MPEG-1 ou MPEG-2 podem usar tanto .mpg quanto .mpeg na extensão
  • MKV (Matroska Media Container) – na verdade, é um container que pode conter arquivos multimídia ou conteúdo relacionados, como legendas
  • OGM (Ogg Media File) – outro formato container, com suporte a capítulos, múltiplas trilhas para subtítulos, suporte a múltiplas trilhas de vários formatos (MP3, AC3, Vorbis, WAV) e a audio do Vorbis

E com as seguintes resoluções:

  • 1080p: 1920×1080 pixel
  • 720p: 1280×720 pixel
  • WS: widescreen video, 16:9
  • FS: full screen video, 4:3

No caso de séries, também é comum a seguinte nomenclatura aparecer no nome: s03e01, por exemplo, onde 03 é a temporada (ou season) e 01 é o episódio (ou episode).

De modo geral, é mais fácil encontrar mais semeadores de um arquivo com áudio original. As legendas (ou subtitles) podem ser baixadas de sites como o Opensubtitles ou o Legendas.tv. Outra opção é o Easy Subtitles, no qual basta arrastar o arquivo e, pelo nome deel, o site encontra a respectiva legenda (deixando-a no mesmo nome do arquivo). Arquivos do tipo “.srt” possuem linhas com os tempos de início e término do texto que deve aparecer no filme e o texto das falas, com fonte, cor e tamanho definidos pelo programa que reproduz o vídeo. Esse tempo deve estar sincronizado com o início do arquivo. Arquivos identificados com “pt-br” no nome são de legendas em português do Brasil.

O BitTorrent também é utilizado para fins legais. Produtores independentes de vídeo podem utilizar o serviço para distribuir um filme de sua autoria; usuários comuns podem distribuir vídeos e fotos produzidos por si mesmos para vários usuários; empresas de software podem economizar recursos de servidor compartilhamento seus produtos por este meio. Um exemplo desse último caso são o Ubuntu e o Debian, que possuem cópias via BitTorrent de seus sistemas operacionais para download gratuito de qualquer parte do mundo.

Fontes

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