O Boeing 737 é um avião comercial a jato, bimotor, de fuselagem estreita (narrow-body) e corredor único. O primeiro voo de um 737 foi em 1967, sendo a aeronave de maior vendagem na história da aviação civil.
As séries 100 e 200 (mais alongada) eram identificáveis pelas naceles (suporte do motor na asa) tubulares de motor, integradas às asas, com projeções à frente do bordo de ataque e atrás do bordo de fuga. Os motores dos primeiros modelos (oficialmente denominados pela fábrica como “Originals”) eram os turbofans Pratt and Whitney JT8D.
Em 1984, passou a usar motores de maior diâmetro. A CFM International era uma joint venture entre a Snecma e a GE para a produção dessa família de motores, utilizado também nos A320. O CFM56 era um turbofan de alta derivação (bypass), ou seja, parte do ar que o fan sopra passa por dentro do motor e a outra parte por fora dele, mas por dentro de sua carenagem. Assim, esse ar jogado por fora não é queimado junto com o combustível, apenas passa pela carenagem do motor – isso resulta em um menor consumo de combustível e motores mais silenciosos.
Em 1993, a Boeing iniciou o programa do 737-X (depois conhecido como Next Generation), que englobam os modelos 600, 700, 800 e 900, e equivalem a um total reprojeto desta aeronave que já tinha 30 anos de idade.
Vasp
No Brasil, a Vasp foi a estreante do B-737, seguindo-se pela Varig e pela Cruzeiro. Fundada em novembro de 1933 por um grupo de empresários, inicialmente a Viação Aérea São Paulo faria duas rotas ligando cidades do interior de São Paulo e outra com destino a Uberaba. Pouco tempo depois, no que seria a primeira crise financeira da empresa, o governo paulista adquiriu 91,6% das ações da companhia.
Até a década de 1980, a estatal figurou entre as maiores empresas de transporte aéreo do país, mas o governo paulista decidiu privatizá-la. Nas mãos do empresário Wagner Canhedo, a Vasp chegou a ter rotas para o exterior. Mas a empresa não resistiu aos novos concorrentes que surgiram em meados dos anos 1990 e outros problemas administrativos. Deixou de operar em 2005 e teve sua falência decretada pela Justiça de SP em 2008.
O primeiro Boeing 737 do Brasil e da América Latina foi o 737-200 PP-SMA, que voou 35 anos na Vasp. Em 18 de Julho de 1969 em Congonhas, diversas pessoas assistiram o rasante de 4 Boeings 737-200, matriculados PP-SMA, SMB, SMC e SMD. Anos depois, devido sua defasagem após a chegada do Boeing 737-300 ao Brasil, o Boeing 737-200 ficou com o apelido de Brega, pois na época a Rede Globo exibia a novela Brega e Chique, enquanto o 737-300 ficou com o apelido de Chique. Após a suspensão de operações em 2004, a aeronave foi estacionada em uma área remota no Aeroporto de Confins. Em 2013, foi leiloado.
A VASP chegou a operar 8 Boeing 727-200, 40 modelos 737-200, 26 da série 300 e 3 da série 400. Ao final da operação, a frota final de 3 Airbus A300B2, 4 Boeing 737-300 e 21 Boeing 737-200 ficaram abandonadas em diversos aeroportos brasileiros, principalmente Congonhas, Guarulhos, Salvador e Brasília, penhoradas em diversos processos de execuções fiscais, a grande maioria já sucateada. A partir de 2012, foram desmanchados e/ou leiloados – os aeroportos onde estavam, compradores e valores dos aviões leiloados podem ser vistos no post Últimos Destinos da Vasp.
Dos aviões leiloados da Vasp, dois estão expostos em uma área de 13 mil metros quadrados do piloto Edinei Capistrano da Silva, em Araraquara. Filho de um ex-piloto da VASP, Comandante Capistrano nasceu em Corumbá/MS. Fez a parte teórica da formação em Campo Grande e as aulas práticas de voo em Volta Redonda/RJ. Começou a carreira como piloto de voos executivos, transportando fazendeiros e políticos no Centro-Oeste. No início dos anos 1980, fez parte do grupo de pilotos da TAM por 13 anos, desde quando a empresa ainda nem voava com jatos de grande porte. Nas últimas duas décadas, após deixar a TAM e até hoje, passou a atuar novamente como piloto executivo.
PP-SFI
Este Boeing 737-200 (envergadura e 28,25 m e comprimento de 30,53 m) foi fabricado em 1979 nos EUA, sendo entregue à companhia aérea Southwest Airlines. Em 1993, passa a voar com a pitura da companhia aérea japonesa Japan Transocean. Foi trazido ao Brasil em 1998 e integrado à frota da Vasp para uso em voos domésticos. Deixou de voar em 2005, quando a Vasp interrompeu suas operações. Em 2012, o avião foi comprado em leilão, sendo transferido do aeroporto de Congonhas até Araraquara.
O avião foi leiloado por R$ 140 mil para o comandante Capistrano em fevereiro de 2012. Acabou gastando ao menos R$ 520 mil com o negócio, dentre avião, desmontar, transportar, remontar a aeronave e preparação do terreno para receber a pesada estrutura. O processo entre a desmontagem no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, até a montagem na chácara levou cerca de três meses. Foram utilizadas algumas equipes para fazer todo o processo, e atualmente o mecânico Armando Mendonça é responsável pela manutenção do Boeing 737-200 na nova morada. Na mesma época, um B-737 MAX 8 novo (já que o 737-200 não é mais fabricado) estava com “preço de tabela” por volta de 100 milhões de dólares.
Esta aeronave também possui classe executiva, a única da VASP configurada com duas classes. Isso foi especificado nos últimos meses de operação da Vasp, quando negociava o Boeing com um operador na África. Por dívidas junto a Infraero, a aeronave foi impedida de decolar e acabou ficando em Congonhas até o leilão.
Na aeronave, praticamente tudo está preservado: banheiros, galley, carrinhos para servir refeições, capas dos apoios de cabeça dos assentos e até os cartões com instruções de segurança nos bolsões das poltronas. No mesmo aeroporto, as outras aeronaves da Vasp foram leiloadas aos pedaços, como sucata.
PP-SMW
Fabricado em 1971, este Boeing 737-200 foi de propriedade da Southwest Airlines, sendo repassado à Vasp em 1974. Foi utilizado como cargueiro, inclusive mantendo a pintura da Vaspex – subsidiária da empresa para serviços de despacho imediato de correspondências, documentos e objetos. No início de 2014, foi transportado por estrada do aeroporto de Guarulhos até Araraquara.
Já sem algumas partes do painel de comando e sem revestimento interno, o avião cargueiro foi aos poucos sendo convertido em restaurante. Parte do revestimento foi adquirido do interior de outra aeronave, que havia sido leiloada e transportada para Curitiba. O chão recebeu piso flutuante e foram instalados assentos utilizados em Boeings 767 – mais largas e confortáveis que as do 737. Foram também instaladas mesas, ar condicionado, sistema de som e uma máquina de refrigerantes. O radar, que estava na radome, foi guardado no porão do PP-SFI.
Airport Events
As aeronaves estão dentro do projeto Airport Events, que serão abertas para festas temáticas, e estão à disposição para servir de “mock-up” para produtoras e televisão interessadas em usá-las para novelas, filmes e comerciais.
- Localização: Latitude -21.7360906 Longitude -48.1893106 (Google Maps)
- Fontes: Folha de S. Paulo, AeroIN, Wikipedia (Vasp e Boeing 737), Aviões e Músicas, CNF ao vivo, TV Câmara
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