Como era a internet nos anos 1990 e 2000? A lentíssima e instável conexão discada dominava. A velocidade da internet era entre 28,8 e 33 kbps (um modem de 56k era um luxo). Para cobrar um pulso só, as pessoas se conectavam de madrugada e aos finais de semana (sábado só depois do meio dia)! Para se conectar, ficava mais fácil usando um discador: programa gratuito de conexão à internet ilimitada do provedor. A conexão pelo discador era feita por ligação local na grande maioria das cidades brasileiras. Os melhores discadores eram da Telefônica, iG e iBest (lembra do prêmio iBest?), mas isso já mais pro final da década.
Para baixar arquivos “com tapa olho”, tinha que usar o Napster, o eMule ou o Kazaa. Para conversar, tinha o mirc, depois veio o ICQ, o MSN. Os navegadores mais populares eram o Netscape e o Internet Explorer.
Não existia Google, e as buscas eram feitas pelo AltaVista, Cadê?, etc. Muitos dos sites pessoais eram hospedados no Geocities, serviço do portal Starmedia criado em 1994, comprado pelo Yahoo! em 1999 e extinto 10 anos depois. Para acessar, era uma URL enorme, já que a ideia era agrupar os assuntos em “cidades” e “vizinhança”, cujo nome indicava o assunto (por exemplo, “CapeCanaveral” eram assuntos de ciências, “Area51” de ficção cientícia, “SiliconValley” sobre informática, etc). Como os links ficavam imensos, existiam os redirecionadores, como o popular cjb.net. Também tinha o hPg (Home Page Grátis), adquirido e desativado pelo iG – cheguei a ter um site lá, o NumisFil.hpg.com.br sobre Numismática e Filatelia.
Os webmasters tinham mais trabalho sem editores gráficos: geralmente as páginas eram criadas no bloco de notas e depois no Microsoft Front Page. “Tables” e “frames” para organizar os textos geraram o movimento “tableless” anos depois, para transformar o Layout mais coerente com as estruturas do site.
O visual era tosco, simples, minimalista e sem transparência. Aquele fundo com uma imagem que nem cabia na tela toda e era repetida inúmeras vezes lado a lado. As GIFs animadas de “bem vindo” em vários idiomas, contadores de visitantes, livro com páginas virando dos guestbooks e cartinhas voando para entrar na caixa de correio estavam por todo lado – e não esqueça daquele homenzinho na placa de construção, pra dizer que o site estava “em construção”.
Parecia que todo mundo usava fonte Times New Roman e formatação só com o HTML (CSS? O que é isso?). Para destacar mais, era usado aquelas letrinhas que ficavam andando de um latro pro outro, igual letreiro de senhas nas filas de banco. Títulos mais elaborados só gravando como figura (muitas vezes naquela resolução bem baixa para não demorar uma hora para baixar).
Mas um dos pontos altos eram aqueles arquivos “.mid” que tocavam junto com a página – e ainda escondiam o botão para não ter como parar o som. O MIDI é uma norma técnica que permite a comunicação entre instrumentos musicais e o computador, sendo muito utilizado para gravar versões de músicas unicamente com teclado. No link em destaque mais acima (página “Bem vindo aos anos 90!”) tem um exemplo.
Um museu online foi criado por três holandeses: The Big Internet Museum. Entre as atrações estão a ARPAnet, que deu origem à rede, o email, IRC e ICQ (os vovôs do MSN, Gtalk e Skype), o spam e até mesmo os emoticons. O museu tem alas especializadas, uma delas contando a história de memes e fenômenos virais, como Chuck Norris e a animação de banana dançante que virou um hit no início de 2000.
Existiam (e ainda existem) plataformas online para facilitar a publicação de conteúdos rápido: blogs (para quem gosta de ler) e flogs(para quem gosta de ver a foto e um texto pequeno embaixo). Talvez lembre do FotoAki (brasileiro) ou do Fotolog. O domínio Fotolog.com também oferecia ao usuário dois tipos de conta, a Conta Normal e a Conta Gold. A primeira era gratuita, porém, com algumas limitações, como restringir o usuário a uma postagem por dia e apenas 20 comentários por foto.
Existe um banco de dados organizado pela Archive.org que guarda várias páginas antigas da internet desde 1996, a Internet Archive Wayback Machine. Você insere o URL e pode ver como as páginas eram em diferentes momentos que foram gravadas, algumas com arquivo desde 1996!
Veja também essas 53 imagens que só quem cresceu na frente do computador vai lembrar clicando no link.
muito bom!! estou usando para uma revista, e recomendo!!
Que bom que gostou. Qual revista?
Graças ao seu último comentário sobre o arquive eu consegui achar meu site dos velhos tempos. Eu tinha perdido todo o código e achava que nunca mais iria ver o que eu tinha feito. Massa! 🙂
Muito legal! Se quiser, compartilhe o link dele aqui também. Tentei resgatar um site que eu tinha feito no final dos anos 1990, mas o archive of web não voltou tanto assim rsrs