Fumaça durante queima de fogos em Copacabana

A queima de fogos de artifício durante o Réveillon do Rio de Janeiro é uma das mais famosas e tradicionais do mundo. No entanto, na passagem de 2024 para 2025, somente os primeiros 5 minutos foram realmente visíveis pois o restante dos 12 minutos da queima foi visualmente tomado pela fumaça. Parte da explicação está numa combinação de fatores meteorológicos: nebulosidade, ventos fracos e a típica umidade alta desta época do ano no local.

Fumaça atrapalhou a visão dos fogos de Copacabana. Foto: Arquivo pessoal/Dona Azelina via g1
Fumaça atrapalhou a visão dos fogos de Copacabana. Foto: Arquivo pessoal/Dona Azelina via g1

Foram lançadas 15 toneladas no show pirotécnico, num total de 35 mil fogos de artifício. Nas balsas posicionadas no mar, foram instalados tubos metálicos que abrigam as bombas pirotécnicas. Essas bombas são projetadas para explodir em três diferentes altitudes: entre 50 e 60 metros, 120 e 150 metros, e 180 a 210 metros. Essa estratégia visa minimizar o acúmulo de fumaça. A sequência das detonações foi cuidadosamente planejada e simulada utilizando o avançado software Finale 3D.

Embora a previsão inicial apontasse para chuvas durante a tarde, o que se observou foi um dia ensolarado, com praias lotadas e a persistência de nebulosidade que não se dissipou. À noite, a umidade relativa do ar atingiu níveis muito elevados, entre 92% e 93%, desde a superfície até cerca de mil metros de altitude. Essa alta umidade, associada à ausência de ventos, criou um ambiente propício para que a fumaça dos fogos permanecesse concentrada e formasse uma névoa densa, reduzindo a visibilidade.

A falta de vento teve um papel crucial. Em condições normais, o vento auxilia na dispersão da fumaça, permitindo que partículas sejam diluídas e carregadas para longe. No entanto, na noite do evento, a calmaria atmosférica impediu essa movimentação, deixando a fumaça suspensa no ar por mais tempo. Além disso, a camada atmosférica estava saturada de umidade desde o solo até mil metros de altitude, funcionando como um “tampão” que dificultou ainda mais a dispersão vertical.

Outro aspecto importante foi o contexto meteorológico anterior. Um corredor de umidade intensificado por uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) havia provocado aumento de nebulosidade e chuvas nos dias que antecederam o réveillon. Embora a ZCAS tenha se dissipado na terça-feira, a nebulosidade persistiu, agravando as condições para o acúmulo de fumaça.

A umidade tende a se condensar sobre as partículas de fumaça, o que aumenta a reflexão de luz e diminui a visão através da parcela de ar. Se a atmosfera estivesse mais seca ou com maior movimentação de ar, a dispersão teria sido mais eficiente, proporcionando um espetáculo mais limpo e com melhor visibilidade. Contudo, as condições presentes na noite da virada criaram um cenário desfavorável, evidenciando como fatores meteorológicos podem impactar diretamente eventos como a queima de fogos.

Diferente de quem estava na areia e no calçadão, os que acompanhavam a festa do mar tiveram melhor visão de todo o espetáculo de luzes. O nevoeiro foi empurrado pela brisa marítima e alcançou a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, cobrindo-a com uma densa névoa. Na orla, a fumaça também frustrou os espectadores do espetáculo. A cortina de fumaça, combinada com o barulho e o brilho reduzido no céu, desapontou tanto os turistas que assistiam à queima de fogos pela primeira vez quanto aqueles habituados ao evento.

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