Já sentiu uma vontade súbita de gritar em um local silencioso, teve pensamentos desconfortáveis, ou imaginou jogar o celular pela janela sem motivo aparente? Esses episódios são mais comuns do que parecem e têm nome: pensamentos intrusivos. Surgem inesperadamente, podendo provocar desconforto e até angústia.

Esses pensamentos podem envolver ideias consideradas absurdas ou assustadoras, gerando receio de perder o controle ou dúvida sobre o próprio caráter. Contudo, segundo o psiquiatra Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), eles fazem parte da experiência humana e não indicam falhas pessoais. O cérebro, constantemente estimulado por informações externas, muitas vezes gera pensamentos aleatórios e irrelevantes.
Um ponto importante é que pensamentos intrusivos não representam desejos ocultos. “Existem muitos mitos a respeito desses pensamentos, como inconscientemente querer realizá-los, ou estar alinhado com eles, o que não é verdade. O oposto é que é verdadeiro: os pensamentos vêm, sem que sejam desejados, ou façam parte do contexto da realidade. Prova é que há um desacordo, uma luta contra eles”, explica o psiquiatra Scocca. Ele reforça que ignorar esses pensamentos é uma das formas mais eficazes de lidar com eles, já que, sem atenção, tendem a desaparecer.
No entanto, se esses pensamentos se tornam frequentes, incontroláveis e causam sofrimento significativo, podem estar associados a condições como transtornos de ansiedade. Eles, isoladamente, não definem um diagnóstico, mas quando acompanhados de outros sintomas, indicam a necessidade de tratamento.
Os pensamentos intrusivos também diferem dos obsessivos. Enquanto os primeiros surgem de forma esporádica e inesperada, os obsessivos são persistentes e se repetem de maneira insistente. Além disso, sua origem pode estar ligada a neuroses, transtorno de estresse pós-traumático ou depressão, onde predominam sentimentos de fracasso e inferioridade.
Se esses pensamentos interferem na qualidade de vida, é fundamental procurar ajuda profissional, como psicólogos ou psiquiatras. Além disso, algumas práticas podem ajudar a redirecionar a mente e trazer alívio. Exercícios físicos aumentam a produção de serotonina, melhorando o humor e reduzindo o estresse. Meditação e ioga promovem relaxamento, ampliam o autoconhecimento e ajudam a controlar a ansiedade. Atividades criativas, como trabalhos manuais, pintura ou culinária, estimulam a concentração e a criatividade. Interação com animais melhora o humor e reduz o cortisol, hormônio ligado ao estresse.
A prática dessas atividades, aliada ao suporte profissional, pode aliviar os efeitos dos pensamentos intrusivos, devolvendo tranquilidade e equilíbrio emocional.
Fonte: Viva Bem UOL – Como lidar com pensamentos intrusivos e por que eles surgem