Gibraltar

Localizado no extremo sul da Península Ibérica, Gibraltar tem uma história rica e multifacetada. A região foi habitada desde tempos pré-históricos, com evidências de neandertais que datam de cerca de 50.000 anos atrás. Os fenícios foram os primeiros navegadores conhecidos a utilizar Gibraltar, aproximadamente no século VIII a.C., seguidos pelos cartagineses e romanos. Após a queda do Império Romano, Gibraltar passou para o controle dos visigodos e, posteriormente, dos mouros em 711 d.C., quando Tariq ibn Ziyad desembarcou ali, dando origem ao nome “Gibraltar” (Jabal Tariq).

Vista de Gibraltar a partir da Rocha - pista do aeroporto ao fundo, logo abaixo das nuvens. Foto: ViniRoger
Vista de Gibraltar a partir da Rocha – pista do aeroporto ao fundo, logo abaixo das nuvens. Foto: ViniRoger

No século XIV, Gibraltar foi disputado entre mouros e cristãos, e em 1462 foi definitivamente conquistado pelos cristãos. Em 1704, durante a Guerra de Sucessão Espanhola, uma frota anglo-holandesa capturou Gibraltar, que foi cedido à Grã-Bretanha pelo Tratado de Utrecht em 1713. Desde então, Gibraltar tem sido um território britânico, embora a Espanha ainda reivindique sua soberania. Durante a Segunda Guerra Mundial, Gibraltar foi uma base estratégica crucial. Atualmente, é um território britânico ultramarino com uma economia baseada no turismo, serviços financeiros e portuários.

Reserva Natural de Gibraltar

A Rocha de Gibraltar é uma formação de calcário que se ergue a 426 metros acima do nível do mar. Boa parte de seu terreno faz parte da Nature Reserve, criada em 1993. Atualmente, há cerca de 300 macacos (Macaca sylvanus) vivendo na Reserva e são a única população de macacos selvagens na Europa. Eles são animais curiosos e inteligentes e se acostumaram à presença humana, sendo comum que tentem pegar pertences dos visitantes em busca de comida. Por isso existem vários avisos para não alimentar os macacos e para manter os pertences seguros.

Rocha de Gibraltar vista a partir da fronteira com a Espanha. Foto: ViniRoger
Rocha de Gibraltar vista a partir da fronteira com a Espanha. Foto: ViniRoger

Para visitação da reserva natural e de suas atrações, deve-se comprar os tickets para entrada. O acesso pode ser feito atrás das entradas junto ao Moorish Castle (norte), ao Jews Gate (sul) ou através do Cable Car (bondinho). O Cable Car fica no meio das duas entradas e junto ao Jardim Botânico, sendo acessível por ônibus que parte da fronteira (linha 5/10), transfer próprio também saindo da fronteira (caso adquira o ticket) ou por carro (possui estacionamento no local). Essa última opção também é paga e costuma ser bem lotada, já que é o acesso mais cômodo e permite chegar ao topo em 6 minutos. Você pode apenas comprar o ticket para subir e descer com o bondinho, mas seu acesso fica restrito ao prédio do restaurante e uma região próxima um pouco mais alta, onde ficam umas ruínas e antenas. Até algum tempo atrás, o tráfego nas ruas do parque era aberto e gratuito, o que permitiu o Google Street View registrar tudo por ali em dezembro de 2011 – veja as imagens começando no Castelo Mourisco nesse link.

Dentre as atrações da reserva natural, estão:

  • Moorish Castle (Castelo Mourisco): com sua Torre de Menagem, é um remanescente da fortificação construída pelos mouros no século VIII. Ele foi expandido em 1333 durante o segundo período de domínio mouro após a reconquista pelos Marinidas.
  • City Under Siege Exhibition (Exposição Cidade sob cerco): edifícios foram alguns dos primeiros construídos por colonos britânicos, datando-os do início do século XVIII, provavelmente como depósitos para armazenar munição. Apresenta grafites esculpidos nas paredes por soldados em serviço (para ajudá-los a evitar o sono) e ajuda a contar a história da luta que os primeiros colonos britânicos teriam enfrentado durante um cerco.
  • Great Siege Tunnels (Túneis do Grande Cerco): escavados durante o Grande Cerco de Gibraltar (1779-1783), quando forças espanholas e francesas tentaram, sem sucesso, capturar o território. Os túneis foram ampliados durante a Segunda Guerra Mundial para servir como abrigo e ponto estratégico.
  • Saint Michael’s Cave (Caverna de São Miguel): caverna de calcário com formações espetaculares de estalactites e estalagmites. Utilizada desde os tempos romanos, foi transformada em um hospital militar durante a Segunda Guerra Mundial. Agora é um local de eventos, com palco, assentos e iluminação colorida.
  • Windsor Suspension Bridge (Ponte Suspensa de Windsor): inaugurada em 2016, atravessa uma fenda no Parque Natural de Gibraltar. Exclusiva para pedestres, ela tem 71 metros de comprimento e oferece vistas panorâmicas do Estreito de Gibraltar e da Baía de Algeciras.
  • Mediterrean steps: trilha com escadaria pelo lado oeste (quase sem vegetação) de 1-2h de duração que inicia junto à entrada sul.

Na entrada sul também está o cemitério judeu e a escultura Pillars of Hercules (Pilares de Hércules). Historicamente, os pilares de Hércules são dois promontórios que flanqueiam a entrada do Estreito de Gibraltar: a Rocha de Gibraltar e o Monte Hacho em Ceuta.

A formação de nuvens junto à Rocha de Gibraltar ocorre rapidamente. Assim, um céu limpo pode, em poucos minutos, ganhar uma nuvem sobre a rocha e ficar nublado em pouco mais de uma hora. Veja mais sobre o fenômeno no post Nuvem do levante de Gibraltar.

Mais algumas atrações turísticas

A parte baixa da cidade também tem suas atrações turísticas. A principal estrada que conecta Gibraltar à fronteira com a Espanha atravessava a pista do aeroporto – o Google Street View ainda guarda imagens com o trânsito aberto. Ela ainda atravessa, mas portões fecham o tráfego de veículos o tempo todo, permitindo apenas a passagem de pedestres. Desde 30 de março de 2023, o trânsito segue pela Kingsway, uma via com túnel logo após a cabeceira leste. Mesmo assim, quando um avião está prestes a aterrissar ou decolar, os semáforos e barreiras são acionados para parar o tráfego local, garantindo a segurança durante as operações de voo. Você pode acompanhar os horários de voo nesse link para programar sua passagem no horário de pouso ou decolagem de alguma aeronave.

Cruzamento da pista do Aeroporto de Gibraltar com rua. Foto: ViniRoger
Cruzamento da pista do Aeroporto de Gibraltar com rua. Foto: ViniRoger

O Museu de Gibraltar foi fundado em 1930 e está localizado em uma antiga casa de banhos do período islâmico. Ele apresenta exposições sobre a história natural, cultural e militar de Gibraltar, incluindo a reconstrução de um navio de guerra do século XVI. Próximo do ponto mais ao sul, está um farol e de lá pode-se avistar a África, que está a uma distância de 22 km.

Mas mesmo a partir da Espanha existem pontos que permitem observar o continente africano. Um desses mirantes está na estrada que liga Tarifa (ponto mais ao sul da Europa continental) até Algeciras e La Línea de la Concepción (município espanhol vizinho a Gibraltar). Conhecido como Mirador del Estrecho (ou Strait Viewpoint), permite a vista (ainda que um pouco distantes) das cidades africanas de Ceuta, Tânger e Alcácer-Ceguer.

Vista do estreito de Gibraltar a partir do Mirador del Estrecho. Foto: ViniRoger
Vista do estreito de Gibraltar a partir do Mirador del Estrecho. Foto: ViniRoger

Ceuta

Do outro lado do estreito de Gibraltar está Ceuta, uma cidade autônoma espanhola situada na costa norte da África. É possível chegar ao local por Ferry a partir de Algeciras, em uma viagem de 1h30min.

A cidade foi fundada pelos fenícios no século VII a.C. como uma colônia de comércio. Posteriormente, foi ocupada por cartagineses, romanos, vândalos e bizantinos. No século VII, os árabes muçulmanos conquistaram Ceuta, incorporando-a ao califado omíada e, mais tarde, ao Império Almorávida e Almóada. Em 1415, a cidade foi capturada pelos portugueses, tornando-se a primeira conquista colonial europeia na África. Ceuta permaneceu sob controle português até 1580, quando Portugal e Espanha entraram em união dinástica. Mesmo após a restauração da independência de Portugal em 1640, Ceuta optou por permanecer sob soberania espanhola. Em 1668, o Tratado de Lisboa reconheceu formalmente a cidade como parte da Espanha. Desde então, Ceuta tem sido um território espanhol, sendo oficialmente integrada como cidade autônoma em 1995.

As Murallas Reales de Ceuta são fortificações construídas entre os séculos XVI e XVIII para proteger a cidade contra invasões. A construção inicial começou em 1541 sob o reinado de Carlos I da Espanha, sendo ampliada nos séculos seguintes. A Catedral de Santa Maria de la Asunción foi construída no local de uma antiga mesquita, convertida em igreja após a conquista portuguesa de 1415. A catedral atual começou a ser construída em 1686 e foi concluída em 1726.

Inaugurado em 1995, o Parque Marítimo del Mediterráneo é composto por lagos artificiais, jardins e áreas de lazer, abrangendo uma área de 56.000 metros quadrados. O Museo de Ceuta, localizado no antigo Convento de los Trinitarios, foi fundado no século XVIII e exibe coleções arqueológicas, históricas e etnográficas. Os Baños Árabes de Ceuta são um exemplo preservado de banhos públicos da era muçulmana, datando aproximadamente do século XII. A Casa de los Dragones, concluída em 1905, é conhecido pelas suas esculturas de dragões que adornam o telhado.

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