A obra-prima de Frank Herbert (1920-1986), Duna foi publicado originalmente nos Estados Unidos em 1965. Vencedor do prêmio Hugo de 1966, é considerado o livro de ficção científica mais vendido de todos os tempos. No entanto, ele é uma jornada épica que transcende as fronteiras da ficção científica para explorar os limites da política, da religião e da ecologia em um universo vasto e intrigante.
Ambientado em um futuro distante, onde o poder é disputado entre famílias nobres em um cenário interplanetário, “Duna” narra a história de Paul Atreides, herdeiro da Casa Atreides, em seu destino de liderar seu povo no árido planeta deserto de Arrakis. Este mundo desolado é a única fonte da especiaria conhecida como “melange”, uma substância vital para viagens interestelares, tornando-o o centro do poder galáctico.
Herbert tece uma trama intricada de intrigas políticas, traições e profecias enquanto Paul Atreides enfrenta não apenas os perigos mortais do deserto, mas também os desafios de sua própria jornada espiritual e política. Ele se torna um líder entre os Fremen, os habitantes nativos de Arrakis, e é chamado de “Muad’Dib”, um messias profetizado que desencadeará mudanças profundas no universo conhecido.
Além das tramas políticas e das batalhas épicas, “Duna” aborda questões mais amplas, como a interdependência entre humanidade e meio ambiente. A ecologia desempenha um papel crucial na narrativa, mostrando como a exploração indiscriminada dos recursos naturais pode ter consequências devastadoras.
O ambiente de Duna é notável por não possuir computadores, já que a religião do Império proíbe o uso de máquinas pensantes, temendo que estas possam destruir a humanidade. Todo o trabalho de cálculos complicados é feito pelos Mentats, homens treinados desde a infância para usarem suas mentes como computadores.
Ao longo de suas páginas, “Duna” desafia as convenções do gênero, oferecendo uma visão complexa e multifacetada do futuro da humanidade. Herbert cria um mundo rico em detalhes culturais, sociais e tecnológicos, mergulhando o leitor em uma experiência imersiva que transcende o tempo e o espaço. O destino do Imperador Padishah, da poderosa Corporação Espacial a seu serviço e da misteriosa ordem feminina das Bene Gesserit, acabam todos interligados em um confronto que mudará o curso da humanidade.
Livros
Claro, aqui estão os seis livros da série “Duna”, escrita por Frank Herbert, juntamente com um breve resumo para cada um:
1. Duna – No primeiro livro da série, somos apresentados ao universo épico de “Duna”. A trama acompanha Paul Atreides, herdeiro da Casa Atreides, enquanto ele assume o controle do deserto planeta de Arrakis, onde a especiaria melange é produzida. Paul enfrenta desafios políticos, traições e descobre seu destino como o messias profetizado pelos Fremen, os nativos de Arrakis.
2. O Messias de Duna – Após os eventos do primeiro livro, vemos Paul Atreides enfrentando as consequências de sua ascensão ao poder e sua transformação em Muad’Dib. Ele luta para manter o equilíbrio entre suas responsabilidades como líder e as ameaças tanto internas quanto externas à sua dinastia.
3. Os Filhos de Duna – Com o império estabelecido por Paul, seus filhos gêmeos, Leto II e Ghanima, enfrentam uma herança de intrigas, conspirações e ameaças à sua própria existência, enquanto lutam para manter o legado de sua família e garantir o futuro da humanidade. Eles precisam lidar com conspirações, intrigas políticas e as consequências do poder absoluto.
4. O Deus-Imperador de Duna – Duzentos anos após os eventos de “Os Filhos de Duna”, vemos um universo dominado por Leto II, agora um ser semi-humano e semi-verme, que governa como um tirano benevolente, manipulando o destino da humanidade em uma tentativa de evitar a estagnação e garantir a sobrevivência da espécie.
5. Os Hereges de Duna – Situado milênios após os eventos de “Deus-Imperador de Duna”, este livro explora uma sociedade transformada, onde as sementes da rebelião contra o império de Leto II começam a brotar, enquanto forças antigas e novas se chocam em uma luta pelo poder e controle.
6. As Herdeiras de Duna – Concluindo a saga principal, a trama se concentra na Casa Bene Gesserit, enquanto enfrenta uma ameaça mortal da Bene Tleilax e da tirania da tirania das Irmãs Honoratas. Em meio a conspirações políticas, traições e a busca pelo controle sobre a especiaria melange, o destino do universo é moldado pelas intrigas e maquinações das poderosas herdeiras de Duna.
Brian Herbert, junto com Kevin J. Anderson, iniciou a produção de novos livros da série Duna após 1999, seguindo o desejo de seu pai, Frank Herbert, de expandir o universo da saga. Utilizando anotações, manuscritos e rascunhos deixados por Frank Herbert, além de elementos próprios, Brian deu continuidade à série, preenchendo lacunas e desenvolvendo a trama com certa liberdade criativa.
- Trilogia Prelude to Dune: Dune: House Atreides (1999), Dune: House Harkonnen (2000), Dune: House Corrino (2001)
- Trilogia Legends of Dune: Dune: The Butlerian Jihad (2002), Dune: The Machine Crusade (2003), Dune: The Battle of Corrin (2004)
- Hunters of Dune (2006)
- Sandworms of Dune (2007)
- Dualogia Heroes of Dune: Paul of Dune (2008), The Winds of Dune (2009)
- Dualogia Great Schools of Dune: Sisterhood of Dune (2012), Mentats of Dune (2014)
Dune é considerado um dos maiores e mais influentes romances de ficção científica de todos os tempos, inspirando vários romances, músicas, filmes, televisão, jogos e histórias em quadrinhos. Star Wars, Star Trek, Nausicaä do Vale do Vento (de Hayao Miyazaki) e outros devem sua existência a Duna.
Filmes
Duna foi considerada uma obra “infilmável” e “incontrolável” para adaptação do romance ao filme ou outro meio visual. No entanto, já foram feitas várias tentativas de alcançar esta difícil conversão com diferentes graus de sucesso. Provavelmente as mais famosas são a tentativa iniciada por Alejandro Jodorowsky (essa história é muito boa!), o filme dirigido por David Lynch e as recentes versões de Denis Villeneuve.
Em dezembro de 1974, um consórcio francês liderado por Jean-Paul Gibon comprou os direitos do filme da APJ, com Alejandro Jodorowsky definido para dirigir. Em 1975, Jodorowsky planejou filmar a história como um longa-metragem de 14 horas com algumas péroloas no elenco:
- Brontis Jodorowsky (seu próprio filho) no papel principal de Paul Atreides
- Salvador Dalí (sim, o pintor) como Shaddam IV, Imperador Padishah
- Orson Welles como Barão Vladimir Harkonnen
- Geraldine Chaplin como Lady Jessica
- Alain Delon como Duncan Idaho
- Mick Jagger como Feyd-Rautha
- Amanda Lear como Princesa Irulan
- Gloria Swanson como Reverenda Madre Gaius Helen Mohiam
- David Carradine como Duque Leto Atreides
- Hervé Villechaize como Gurney Halleck
- Udo Kier como Piter De Vries
Dalí exigiu o pagamento de US$ 100.000 por hora; Jodorowsky concordou, mas adaptou o papel de Dalí para ser filmado em uma hora, traçando planos para outras cenas do imperador usando um manequim mecânico como substituto de Dalí.
A princípio foi proposto fazer a trilha sonora do filme com música original de Karlheinz Stockhausen, Henry Cow e Magma; mais tarde, a trilha sonora seria fornecida pelo Pink Floyd. Jodorowsky montou uma unidade de pré-produção em Paris composta por Chris Foss (um artista britânico que desenhou capas para periódicos de ficção científica), Jean Giraud “Moebius” (um ilustrador francês que criou e também escreveu e desenhou para a revista Metal Hurlant) e H. R. Giger. Moebius começou a projetar criaturas e personagens para o filme, enquanto Foss foi contratado para projetar as naves espaciais e o hardware do filme. Giger começou a projetar o Castelo Harkonnen baseado nos storyboards de Moebius. Dan O’Bannon chefiaria o departamento de efeitos especiais.
Assim que os storyboards, designs e roteiro foram concluídos, o apoio financeiro acabou. Frank Herbert viajou para a Europa em 1976 para descobrir que US$ 2 milhões do orçamento de US$ 9,5 milhões já haviam sido gastos na pré-produção e que o roteiro de Jodorowsky resultaria em um filme de 14 horas (“Era do tamanho de uma lista telefônica”, Herbert lembrou mais tarde).
Jodorowsky disse em 1985 que achava a história de Duna mítica e pretendia recriá-la em vez de adaptar o romance; embora tivesse uma “admiração entusiástica” por Herbert, Jodorowsky disse que fez todo o possível para distanciar o autor e sua contribuição do projeto. Embora Jodorowsky tenha ficado amargurado com a experiência, ele disse que o projeto Duna mudou sua vida, e algumas das ideias foram usadas em The Incal, dele e de Moebius. O’Bannon entrou em um hospital psiquiátrico após o fracasso da produção, depois trabalhou em 13 roteiros, o último dos quais se tornou Alien.
Em 1976, Dino De Laurentiis adquiriu os direitos do consórcio Gibon. De Laurentiis contratou Herbert para escrever um novo roteiro em 1978; o roteiro que Herbert entregou tinha 175 páginas, o equivalente a quase três horas de tela. De Laurentiis então contratou o diretor Ridley Scott em 1979, com Rudy Wurlitzer escrevendo o roteiro e H. R. Giger contratado pela produção de Jodorowsky; Scott e Giger também trabalharam juntos no filme Alien, depois que O’Bannon recomendou o artista. Scott pretendia dividir o romance em dois filmes. Ele trabalhou em três rascunhos do roteiro, usando A Batalha de Argel como ponto de referência, antes de dirigir outro filme de ficção científica, Blade Runner (1982). Como ele lembra, o processo de pré-produção foi lento e a finalização do projeto teria demorado ainda mais. Um documentário de 2013, Jodorowsky’s Dune, foi feito sobre a tentativa fracassada de Jodorowsky de adaptação.
Em 1981, os direitos do filme expiraram, e De Laurentiis renegociou os direitos do autor. Após assistir a “O Homem Elefante”, a filha de De Laurentiis, Raffaella, escolheu David Lynch para dirigir, apesar de sua falta de familiaridade com o livro ou interesse em ficção científica. No elenco, estavam Kyle MacLachlan como Paul Atreides, Francesca Annis como Jessica Atreides, Patrick Stewart como Gurney Halleck, Sean Young como Chani e Sting como Feyd-Rautha (os elencos de Duna sempre surpreendem).
Lynch trabalhou no roteiro com Eric Bergren e Christopher De Vore por seis meses, mas a equipe se dividiu devido a diferenças criativas. A produção enfrentou problemas no estúdio mexicano e Lynch acabou produzindo uma versão de quase três horas, reduzida para cerca de duas horas pela Universal Pictures. Após lançamentos em outras mídias, a Universal reintroduziu cenas cortadas, resultando em uma versão de mais de três horas, o que levou Lynch a se distanciar do filme.
Em novembro de 2016, a Legendary Entertainment adquiriu os direitos cinematográficos e televisivos de Duna. Denis Villeneuve foi confirmado como diretor em fevereiro de 2017, e o roteiro foi escrito por Eric Roth. O filme foi dividido em duas partes, com a produção da primeira parte começando em 2019. O elenco inclui Timothée Chalamet, Dave Bautista, Stellan Skarsgård, Rebecca Ferguson, Charlotte Rampling, Oscar Isaac, Zendaya, Javier Bardem, Josh Brolin, Jason Momoa, David Dastmalchian, Chang Chen e Stephen Henderson.
O filme “Duna: Parte Um” estreou em setembro de 2021 e recebeu críticas geralmente favoráveis, ganhando vários prêmios e sendo indicado a dez Oscars. Uma sequência, intitulada “Duna: Parte Dois”, foi lançada março de 2024. O filme recebeu aclamação crítica, especialmente pelos efeitos visuais, e arrecadou mais de US$ 626 milhões em todo o mundo, tornando-se o filme de maior bilheteria de 2024 até então.