Plantas em vasos

Plantas dentro de casa, seja em áreas externas ou internas, trazem vários benefícios paisagísticos e de saúde. Pode-se criar uma planta em vaso ou direto no solo. A diferença fica quanto à limitação das raízes, que constantemente estão em busca de nutrientes. Quando estão em vasos, elas não podem se espalhar para procurar os nutrientes contidos na terra, então é preciso fornecê-los com alguma frequência, por meio da adubação e regas adequadas.

Plantas em vasos: capim-limão, citronela, roseira, samambaia, erva-doce, lavanda e outras. Foto: ViniRoger.
Plantas em vasos: capim-limão, citronela, roseira, samambaia, erva-doce, lavanda e outras. Foto: ViniRoger.

Produzir mudas através de estaquia envolve o corte de um cale ou folha saudável e enraizamento em um recipiente de vidro com água limpa em um ambiente com luminosidade mas protegido do sol. Troque a água a cada 3 dias, evitando que a água fique turva e também a proliferação de mosquitos.

Como plantar em vaso

As jardineiras (ou floreiras) são peças decorativas para encaixar os vasos, mas também pode-se plantar diretamente nelas. Deve-se preparar o recipiente de modo adequado. Geralmente, o preparo consiste de:

  1. Um vaso com furos e canaletas para uma drenagem adequada e que as raízes não apodreçam
  2. Fundo coberto por argila expandida ou pedras, permitindo o escoamento da água excedente
  3. Manta bidim, ou um pedaço de pano do tamanho do vaso, sobre as pedras, para evitar que a terra e os nutrientes escapem junto com a água
  4. Solo, o suficiente para deixar uma camada abaixo da muda e envolvê-la lateralmente, até um dedo abaixo da borda
  5. Muda (sem o plástico) de tamanho compatível com o vaso
  6. Cobertura morta (serragem, folhas secas ou pedras) para evitar perda de água por evaporação, formação de torrões (solos argilosos) e invasão de outras plantas

Quanto ao solo, geralmente o ideal é que possua:

  • Baixa densidade
  • Boa aeração
  • Elevada capacidade de retenção de água
  • Boa drenagem
  • Isenção de fitopatógenos
  • PH neutro (nem alcalino e nem ácido)
  • Uniformidade

Existem inúmeras receitas de como fazer um solo ideal. Caso você já tenha terra sem uso, você pode fazer uma reciclagem dela. Para isso, primeiro deve-se descompactar a terra e quebrando torrões. Depois, misture adubo orgânico: 60% de terra e o resto de adubo. O mais indicado é o húmus de minhoca.

Podem ser feitos ajustes quanto ao pH do solo. Para descobrir o estado dele, selecione duas amostras com o tamanho de uma colher de sopa cada. Em uma delas, regue vinagre (ácido) e na outra, bicarbonato (alcalino). Se o solo estiver ácido, ele vai reagir com o bicarbonato, eliminando bolhas de ar; se estiver alcalino, reage somente com vinagre.

De modo geral, as plantas gostam de temperaturas amenas, nem muito úmidos nem muito secos, sem vento e receber sol direto por umas 4h a 6h do dia pelo menos, ficando sombreada o restante do tempo. Veja mais informações no post sobre Agrometeorologia para jardinagem.

Para plantas de pequeno porte, é indicado que uma fique distante por volta de 30 cm com relação às outras. Desse modo, ela têm espaço para crescer sem fazer sombra umas às outras e sem competir por nutrientes.

Jardineira com orégano, manjericão e hortelã. Foto: ViniRoger
Jardineira com orégano, manjericão e hortelã. Foto: ViniRoger

Apesar dessas regras gerais, cada espécie possui algumas particularidades de plantio e de cuidados, conforme podem ser vistas no post CPB do jardim.

Manutenção

De modo geral, deve-se regar pela manhã, de modo suave e diretamente sobre o solo, até que comece a sair água pelos furos do vaso. O solo deve permanecer sempre úmido, mas sem estar encharcado – passe o dedo na terra, e se ela grudar no dedo, ainda está úmida. Geralmente, regas a cada dois ou três dias são suficientes.

Podas são importantes para tirar folhas velhas e abrir espaço para as novas. Plantas de caule semi-rígido, como manjericão, orégano e hortelã, toleram mais podas, desde que feitas de maneira moderada. Pode-se cortar abaixo dos pares de folhas terminais. Sempre deve-se podar o ramo logo acima do nó (bifurcação), permitindo que o ramo continue crescendo. Se cortar muito acima do nó, acaba matando a área e esse ramo não crescerá mais.

Tesoura marcando ponto de poda. Foto: ViniRoger
Tesoura marcando ponto de poda. Foto: ViniRoger

Mudança de coloração das folhas, aparecimento de pragas ou estagnação do desenvolvimento da planta são alguns dos fatores que traduzem uma necessidade de nutrientes. De modo geral, bordas secas e viradas indicam falta de água; folhas amareladas próximas ao solo indicam água demais; folhas desbotadas e com manchas pode ser excesso de sol; folhas velhas amareladas mas nervuras verdes assinalam falta de nitrogênio; manchas e pó podem ser fungos ou insetos, devendo-se limpar e aplicar fungicida/defensivo. Algumas dicas podem ser vistas nos posts 8 causas de folhas com pontas secas e queimadas e Pragas e Doenças: como reconhecer.

Sintomas e possíveis causas associadas a falta de nutrientes. Fonte: Thiago Orgânico
Sintomas e possíveis causas associadas a falta de nutrientes. Fonte: Thiago Orgânico

A folha fica naturalmente amarela porque a planta recicla os nutrientes, sugando-os para folhas novas, e o que sobra cai e volta para o solo.

Adubação

Por volta de 92% dos elementos químicos de uma planta (Carbono, Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio) vem do ar, sendo que os 8% restantes vem do solo.

Adube as plantas no mínimo a cada três meses, com umas duas colheres de sopa bem cheias para cada planta aproximadamente (conforme tamanho da planta e do vaso). Precisa acompanhar a previsão de chuva de sua região, e fazer a distribuição do adubo de um a dois dias antes de uma pancada de chuva. Dê uma afofada na camada superficial, espalhe o húmus e regue em seguida. Adubos minerais (também chamados de químicos, sintéticos ou inorgânicos) como ureia e NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), podem ser usados a cada 15 ou 30 dias e na quantidade indicada pelo fabricante, pois os nutrientes estão isolados e apresentam rápida absorção. De modo geral, recomenda-se usar 5g (uma colher de café) para 1 kg de terra – cuidado para que o adubo químico não fique em contato direto com raízes e caules para evitar a queima dessas estruturas. Os números seguidos à sigla informam o percentual de concentração de cada nutriente, nesta ordem: nitrogênio, fósforo e potássio.

  • NPK 8-8-8: indicado para plantas mais delicadas, como orquídeas e bromélias, uma vez que apresenta uma formulação mais equilibrada;
  • NPK 10-10-10: trata-se de uma formulação padrão recomendada para gramas, folhagens e vegetações que não têm frutos ou folhas;
  • NPK 04-14-08: é a mais indicada para árvores frutíferas e floríferas, pois estimula a produção de flores e frutos, uma vez que tem mais potássio e fósforo;
  • NPK 20-20-20: sua alta concentração é indicada para plantas de grande porte;
  • NPK 20-10-10 ou 20-05-20: usada para adubar gramados;
  • NPK 25-25-25: é uma formulação voltada para espécies hidropônicas.

Para aumentar o cálcio no solo e corrigir um pH um pouco ácido, você pode usar cascas de ovo. Para isso, deve-se lavar, secar e triturar as cascas – tem que ficar um pó fino, para que a planta consiga absorver. Aplicar em doses pequenas e uma vez por ano.

Para ter mais potássio, pode-se aproveitar a casca de banana. Para isso, basta picar a casca de cinco a seis bananas em pedaços pequenos e levar para ferver com 1 litro de água por 15 minutos. Depois de frio, acrescente mais 1 litro de água e está pronto para o uso.

A falta de adubo nas quantidades adequadas costuma ser a causa do aparecimento de doenças e de pragas. Na natureza, eles são disponibilizados às plantas através da quebra de moléculas maiores por parte de microorganismos do solo, permitindo sua entrada na planta através das raízes. Veja quais são os macronutirentes (consumidos em grande quantidade pelas plantas) e problemas que podem aparecer quando estão em falta no solo e na planta:

  • Nitrogênio (N) – dá o aspecto verde à planta, já que compõe a molécula de clorofila, promovendo seu rápido desenvolvimento (especialmente as folhas); quando em falta, as folhas mais velhas ficam amareladas, com a parte central ainda esverdeada e depois podendo avançar para as mais novas (clorose); quando em excesso, atrai pulgões
  • Fósforo (P) – ajuda em uma porção de coisas específicas (fruto, enraizamento, flores); sua falta no solo induz a formação de capim-colorado
  • Potássio (K) – planta usa para se manter mais forte contra pragas; pouco potássio promove o crescimento de corda-de-viola e o aparecimento de pulgões
  • Cálcio (Ca) – deixa planta mais firme, pois enrijece as paredes celulares, impedindo que fique mais molenga nas horas quentes do dia e também o ataque de pragas que comam as folhas (elas ficam mais fibrosas e indigestas); quando em falta, proliferam cochonilhas, trevos, lagartas (aparecem folhas comidas e bolinhas de excremento) e besouros (furos nas folhas); ainda sobre lagartas e besouros, o boro na adubação também ajuda a combatê-los; a falta de cálcio e solo muito ácido induz a formação de samambaias-das-taperas
  • Enxofre (S) – sua deficiência deixa manchas “raladas” nas folhas e promove proliferação de ácaros
  • Magnésio (Mg) – importante para formação da semente e frutas.

Já os micronutrientes são: Boro (B), Cloro (Cl), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibidênio (Mb), Níquel (Ni), Silício (Si), Sódio (Na) e Zinco (Zn).

Se tiver uma falta de qualquer nutriente, mesmo os micronutrientes, isso já afeta fortemente a planta. Folhas que ficam completamente brancas indicam falta de ferro. O aparecimento de picão-branco, ançarinha-branca, lesmas e caracóis, assim como folhas parecendo que a parte verde foi raspada, indicam falta de cobre no solo. Aparecimento de formiga cortadeira ou cupins indicam falta de molibidênio e solo muito compactado (plantas nem minhocas não conseguem penetrar), sendo que formigas e cupins trazem nutrientes do fundo do solo e arejam solo (obs: se não for formiga saúva nem cortadeira, não é praga).

Além de serem responsáveis pela ciclagem de nutrientes e aumentar a fertilidade do solo, as minhocas revolvem o solo (mantendo-o homogêneo), auxiliam a infiltração de água e a oxigenação. As minhocas se alimentam preferencialmente de partes mortas de plantas, excrementos de outros organismos e solo, mas em escassez de alimento, algumas podem atacar as plantas – folhas e raízes (fonte: nossa flora nosso meio). Assim, é bom considerar manter alguns desses itens nos vasos: restos de alimentos, borra de café, interior de saquinhos de chá, cascas de ovos trituradas, folhas de plantas, pedaços de papel, cinzas e serragem (fonte: perito animal). Não enterre os alimentos nem os remova, as minhocas se encarregarão de fazer isso. Um pouco mais de 50% do alimento que passa pelo sistema digestivo das minhocas se transformarão em composto, o qual conterá produtos nitrogenados do próprio metabolismo desses animais, além de elementos como o potássio e o fósforo que passarão para a superfície do solo, contribuindo com o material enriquecido que se forma.

Assim, o ideal é um adubo que tenha, além do NPK, outros dos micronutrientes – nenhum deles tem de tudo, mas o mais completo é o bokashi. Esse adubo é um resultado da fermentação de produtos de origem vegetal e/ou animal, além de micro-organismos eficientes. É um adubo de liberação lenta, ou seja, os nutrientes são liberados gradativamente por um período que varia entre 1 a 3 meses. Uma colher de sopa para um vaso de 20 cm de diâmetro. Lembre-se de cobrir com palhinhas protetoras para que os compostos não evaporem no sol.

Combatendo os sintomas (pragas e doenças)

Ainda contra fungos nas folhas, a água oxigenada um poderoso oxidante com propriedades virucidas, germicidas, bactericidas, esporicidas e fungicidas. Para isso, borrife uma solução de 4 colheres de sopa de água oxigenada 10 volumes em 1 litro de água uma vez por semana até eliminar a praga – se tiver uma infestação grande, pode ser uma vez por dia. O peróxido de hidrogênio também é bom contra podridão de raízes, para desinfecção do material de cultivo e outras coisas – veja mais em Truque da água oxigenada para as plantas. Contra oídio (fungo que ataca folhas finas de plantas, comum nos meses secos), é bom chá de cavalinha.

Caso tenha problemas com insetos, você pode espirrar veneno ao redor da base do vaso. Isso pode afugentar os insetos rasteiros e até alguns voadores. Um inseticida que é muito bom chama Matrokis, de Uberlândia, mas meio difícil de encontrar. Contra pulgões e cochonilhas, experimente borrifar álcool isopropílico sobre elas ou uma mistura de 2 colheres de sopa de água oxigenada 10 volumes em 500 ml de água duas vezes por dia até sumir a praga.

Lagartas podem aparecer mais no início da estação seca. Para matar as lagartas, o mais indicado é pegar as lagartas e matar cada uma, mas também pode diluir um pó com a bactéria Bacillus thuringiensis (Bt, também conhecido como inseticida biológico) e borrifar nas folhas para que, quando ela se alimentar, seu intestino seja perfurado com a estrutura pontiaguda da bactéria e morra.

Para prevenir o aparecimento de pulgões (gostam das partes mais macias das plantas), cochonilhas (gostam das partes mais duras) sem carapaça e lagartas, você pode borrifar uma mistura de vegetais com cheiro forte diluída em água. Uma das receitas é usar 1/2 cebola (uns 50 g), 1 cabeça de alho (uns 50 g), um pouco de sabão de coco ralado e 1 litro d’água batidos em liquidificador, deixando curtir por 10 dias. Após o período de descanso, dilua 1 parte da mistura em 3 partes de água (165 ml com 500 ml de água, por exemplo) e borrife sobre as plantas (fonte: Casa e Jardim). Ela pode ajudar também contra a mosca minadora, que deixa os ovos com larvas deixando uma marca estrelada que parece um pingo de tinta escura na folha.

Quando aparecem ácaros, as folhas podem ficar com pontos amarelados em relevo ou com partes marrons e enroladas, sendo que a praga é visível como alguns pontos avermelhados ou amarronzados bem pequenos. Você pode comprar um produto a base de enxofre e diluir o pó em água para regar e/ou borrifar (filtrar antes para não entupir o borrifador) a planta. A diluição costuma ser de 30g/10 litros (3g/l). Não aplicar nos horários de sol forte e usar na frequência de 2 vezes por semana para tratar o problema ou uma vez por mês para prevenção. (fontes: dimy enxofre, Minhas Plantas e Vida Verde Sistemas Sustentáveis)

Fontes

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